Turn BlueNonesuchSe há coisa que os Black Keys fizeram bem foi aguentarem robustos riffs de blues carregados de distorção em combinação com batidas simples — fizeram do 4/4 o seu universo — mas certeiras, de forma potente e precisa. Ok, dificilmente seriam uma das bandas mais imprevisíveis ou variadas do mundo, mas que mal tem isso quando consegues fazer boas canções de forma consistente? Mantendo-se fiéis à fórmula, o tempo trouxe-lhes uma ascensão assinalável nos domínios da música rock, brutalmente exponenciada com o sucesso titânico deBrothers, sexto disco da banda, que em definitivo os retirou dos pequenos palcos e os catapultou para as grandes arenas.EmTurn Blue, Dan Auerbach e Patrick Carney parecem ter-se fartado um pouco de seguir a mesma receita de todos estes anos. Uma decisão corajosa e ousada, mas que não resultou. Conto com dificuldade as canções que sequer me ficaram na memória pelos melhores motivos deste disco: possivelmente apenas "In Time" e "Bullet in the Brain" merecem essa distinção. Em sentido inverso, há demasiadas coisas de que não consigo gostar emTurn Blue, partindo logo pelo mais óbvio e que mais salta à vista: a capa, absolutamente horrível. Em termos de canções, aqui os Black Keys parecem dois pistoleiros no velho oeste que procuram disparar sobre todos os alvos que os cercam, sem grande pontaria e só atingindo um coiote perdido na planície. Apontam em todas as direcções — ouça-se a abordagem psicadélica bonacheirona de "Fever" ou o rock sulista simplório de "Gotta Get Away" (podia ser uma canção de Bon Jovi…) — mas fica sempre a saber a pouco: é demasiado insípido, monocromático e já feito mil vezes de forma melhor para que prestemos qualquer tipo de interesse. A garagem já não serve para os Black Keys - e até a produção demasiado imaculada demonstra isso —, mas será que eles ainda nos servem para alguma coisa?
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