FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Discos: Ebola Ape

E se o Macaco Adriano fosse do dub?

Dance in Haze

Astral Ritual

É pouco menos que hilariante pensar que o Macaco Adriano teria interrompido, há alguns anos, o seu longo hiato para se dedicar ao dubstep e witch house. Mas é esse tipo de ideia absurda que nos ocorre assim que nos encontramos cara-a-cara com Dance in Haze, o primeiro álbum lançado com a devida cerimónia por Ebola Ape. Na capa lá está o tal gorila, pintado em traços neo-cubistas, que serve apenas de fachada a mais uma daquelas histórias mal contadas sobre o produtor misterioso a que ninguém alguma vez viu o rosto ou o tamanho da piroca. A escassa informação, que por aí circula, revela, no entanto, que o habitat do macaco fica algures em

Gdańsk, na Polónia, e que a criatura consegue pelo menos comunicar com alguns vocalistas para que participem nas suas malhas.

Sem ser um mau disco, Dance in Haze confirma porém todas as letras daquele famoso verso dos Nirvana: “Monkey see, monkey do”. Ebola Ape, mascarado, pintado ou a fazer o pino, revela enormes dificuldades em compor matéria que seja autenticamente sua, e então é vê-lo todo feliz a saltar de galho em galho na selva das influências. O danadinho do macaco vai a todas e as componentes do barro que dá forma a Dance in Haze são facilmente identificáveis: aqui temos quilos de Hyperdub, a estética chopped & screwed sacada a gigantes como Triple Six Mafia ou DJ Screw, a grandeza conventual de uns Enigma ou The KLF, e o exotismo fast-food dos Goat. Não me atrevo a juntar nomes da witch house ao massacre porque não oiço lixo.O problema de tanta derivação é que Ebola Ape por vezes quer só mesmo peidar-se e dar um cheirinho de quem o inspirou, embora acabe por se cagar todo e deixe assim no ar um pivete insuportável a Burial da Liga Orangina.