Whatever it is You’re Seeking Won’t Come in the Form You’re ExpectingSintoma RecordsJoão Hasselberg não é o nome de uma gelataria, mas podia muito bem ser. Aliás, soa muito bem pronunciar “Gelataria João Hasselberg” e imaginar uma esplanada cheia de gente feliz a lamber bolas de chocolate e caramelo, antes que estas se derretam pelo cone abaixo. Mas percebemos que as possibilidades do nome não se esgotam nessa fantasia de verão quando encontramos a assinatura de João Hasselberg junto ao título do seu álbum de estreia,Whatever it is You’re Seeking Won’t Come in the Form You’re Expecting. Basta depois escutar três ou quatro temas para verificar que Hasselberg tem aqui o disco ideal para que, a partir daqui, o seu nome seja sinónimo de canções que descobriram a sua expansão na corda longa do jazz.A seu favor,Whatever it is…contém a fluidez e a naturalidade certas para darmos conta de que João Hasselberg é, acima de tudo, um óptimo criador de narrativas musicais e nem tanto um compositor aprisionado em géneros. Além disso, o contrabaixista acumulou, durante os vários anos de carreira, uma generosa quantidade de experiências, que agora lhe permitem conduzir o barco como um capitão e não como um aprendiz. E é com gosto que escutamos o Capitão Hasselberg a tocar contrabaixo e baixo na companhia de outros tantos instrumentistas igualmente inspirados (destacaria Diogo Duque no trompete). A dinâmica do ensemble contribui para queWhatever it is…exiba, em medidas equivalentes, uma graça semelhante à do grande Vince Guaraldi, assim como a erudição pop das canções de Elliott Smith ou Joanna Newsom.Whatever it is You’re Seeking Won’t Come in the Form You’re Expectingpode não ser uma carta de gelados, mas é um disco incrivelmente doce para ter por perto.
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