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Música

Estivemos lá e vimos: Umberto

Deus no céu, Tiësto na terra, Umberto no inferno.

Plano B
Porto
8/10 Estava uma noite escura, sem qualquer vestígio de luar. Um vento frio e cortante ia preparando o corpo para os arrepios do futuro próximo, nas catacumbas do Plano B, onde fora marcada a cerimónia. Tudo começou com Savanna, uma banda cheia de prazeres proibidos do milénio passado: solos de guitarra de balada de amor, sintetizadores à circo de Roma e riffs ora pesados, ora calmos e serenos aos quais a parte vocal não consegue fazer jus. Por esta altura, Umberto fazia a sua primeira aparição no salão do concerto, que acabou por observar a partir do canto mais escuro, onde a luz não ousava penetrar. Fumava cigarro atrás de cigarro e mesmo sem saber quem ele era, tinha a certeza de que era ele. Os Savanna acabaram com “Mellotron, o planeta fantástico”, uma versão de José Cid muitíssimo bem conseguida. Pouco depois meia-noite, Umberto subiu finalmente ao palco, na santíssima trindade de Homem, Mac e teclado, num live act de adaptações dançáveis de algumas das suas músicas mais conhecidas, reminiscentes de todas as bandas-sonoras de filmes de terror de série B alguma vez feitas. Nos sintetizadores, os órgãos sacros em acorde menor dominaram, contrastando com algumas linhas de baixo acabadas de vir de visita a Thriller, que tornam difícil ao público evitar dançar coreograficamente, zombie style. O ambiente rapidamente se tornou pesado e muitos sucumbiram ao apelo do Ultimum Metrum, mas Umberto não é para todos, e seria difícil imaginar um set melhor para rodar nos melhores haréns de satã. Fotografia por José Esteves