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Como é que a Europa apoiou a França depois dos atentados?

Pessoas de todo o mundo juntaram-se para mostrar todo o seu apoio e organizar protestos solidários.

Flores perto do Bataclan. Fotografia de Matthew Leifheit.

Na sexta-feira, Paris foi atacada por uma série de atentados que mataram mais de 120 pessoas. A cidade ainda está em choque, e o Presidente, François Hollande, declarou o estado de emergência.

Pessoas de todo o mundo juntaram-se para mostrar todo o seu apoio e organizar protestos solidários, por isso a VICE perguntou aos correspondentes de várias redacções europeias como é que as suas cidades e países estavam a responder à tragédia.

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FRANÇA

Depois do ocorrido na passada sexta-feira, o Presidente François Hollande declarou o estado de emergência. Por isso, qualquer manifestação terá de esperar até dia 19 de Novembro. Segundo o jornal francês Le Monde, deve-se ao facto de que a polícia tenha que reunir esforços para controlar e proteger a cidade, e não possa dispersar a atenção, porque assim sendo, não poderia assegurar que este tipo de actos ocorressem sem o menor tipo de problemas e em total segurança. Segundo o Primeiro Ministro francês, Manuel Valls, o país fará um minuto de silêncio, hoje, às 11h da manhã. As bandeiras estarão hasteadas a meia haste, como forma de homenagear as vítimas. Várias cidades têm planeados momentos de silêncio durante a tarde.

Os alemães demonstram solidariedade na Pariser Platz. Fotografia de Florian Boillot.

ALEMANHA

No sábado, mais de 2.000 pessoas trouxeram velas e flores, e manifestaram a sua solidariedade junto à Embaixada Francesa em Pariser Platz. Dentro da Embaixada, políticos como Joachim Gauck e Angela Merkel assinaram o livro de condolências.

Várias pessoas visitaram a praça durante o dia, mas às 16h, quando começou a marcha de solidariedade oficial, muita gente se aproximou, incluindo um largo número de estudantes franceses. Um grupo de franceses levava um cartaz onde podiamos ler "même pas peur," [em português algo como "não temos medo"]. Quando anoiteceu os monumentos foram iluminados pelas cores das bandeira francesa.

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Enquanto uma vasta maioria veio expressar solidariedade pelo ocorrido, algumas pessoas aproveitaram para reivindicar a sua posição política. Um homem levou consigo um cartaz com a frase "A Merkel deve ir embora", e foi parado pela polícia. Um outro alemão, que levava uma bandeira alemã com a mensagem "Digam lá outra vez, Merkel and Gauck, o Islão é Paz?", perdeu-se num mar de flores. Noutro cartaz podíamos ler a frase: "Islamofobia = Medo do Islão. É o que eu sinto". Por volta das 18h30, apareceram sete pessoas do movimento identitário de extrema direita, que mais tarde foram afastados por um grupo de activistas anti-fascistas.

A bandeira francesa na National Gallery, em Trafalgar Square. Fotografia de Christopher Bethell.

LONDRES

Centenas de franceses e londrinos reuniram-se em Trafalgar Square este sábado, com uma mensagem bem clara: "Deixem Paris, a França e a nossa Liberdade em Paz." Vários projectores reflectiam na National Gallery as cores da bandeira francesa. Londres, por vezes apelidada como "a sexta maior cidade francesa" tem uma forte e vibrante comunidade proveniente desse país. No início da tarde, membros de comunidades religiosas, incluindo o Christian Muslim Forum e o Muslim Council of Britain, trouxeram flores azuis, brancas e vermelhas, assim como velas, que compunham no chão a seguinte mensagem: "We Are Paris." Perto das 21h um grande grupo de franceses juntou-se para cantar o hino, enquanto chovia, mesmo antes do minuto de silêncio dedicado às vítimas. O ambiente variava entre o pesado e sombrio, e o desafiante e confiante. Perto do final, várias pessoas formaram um círculo à volta de um violinista, que gritou "Vive la France!" no final da sua actuação, perante uma plateia emocionada.

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Alguns dinamarqueses perto da Embaixada Francesa em Copenhaga.

DINAMARCA

Centenas de pessoas foram até à Embaixada Francesa no sábado passado para mostrar o seu apoio. A embaixada, na Praça Kongens Nytorv, estava rodeada de polícia armada, e vários edifícios da zona tinham a bandeira francesa a meia haste, como tributo às vítimas.

Pessoas de todas as idades vieram mostrar a sua simpatia, juntamente com vários políticos, incluindo o Primeiro Ministro Lars Løkke Rasmussen, que vieram apresentar as suas condolências. O terrorismo ainda está fresco na memória colectiva dos Dinamarqueses, depois dos ataques de Fevereiro.

O jornalista Daniel Svarts foi até à embaixada para deixar algumas flores. "Estou aqui para apoiar a França e porque acho que isto é um ataque a todos nós", disse à VICE. "Acho que é importante mostrar que estamos juntos, e fazer chegar essa mensagem ao outro lado."

Durante o dia, o mar de flores e de mensagens de apoio em frente da Embaixada crescia a cada minuto que passava. As pessoas permaneceram ali, tranquilamente, enquanto se abraçavam e conversavam.

Priscilla Bernasol, que acedeu ao lugar acompanhada pelo seu marido, disse: "Sentes-te tão impotente numa situação assim".

O livro de condolências fora da Embaixada Francesa em Bucareste.

ROMÉNIA

Em resposta aos ataques, as autoridades romenas reforçaram as medidas de segurança perto da Embaixada Francesa. As bandeiras foram hasteadas a meia haste, e a polícia anunciou que o trânsito da rua onde está o edifício estaria cortado por um período de tempo indeterminado.

Fora da Embaixada, centenas de romenos e franceses colocaram flores e velas em homenagem às vítimas dos atentados. Também havia um livro de condolências, para as pessoas que queriam expressar o seu apoio. Até ao meio dia, centenas de pessoas tinham já assinado o livro, sendo que a frase mais recorrente era o mote francês: "Liberté, egalité, fraternité".

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Demonstrações de solidariedade em Roma. Fotografia de Elia Buonora.

ITÁLIA

Na manhã de sábado, as redes sociais estavam inundadas de mensagens de solidariedade, enquanto os programas de rádio e televisão tinham sido interrompidos. Os títulos dos jornais eram sobretudo solenes, com algumas excepções, como é o caso do jornal de extrema direita Libero, no qual podíamos ler" Bastardi Islamici."

As demonstrações de solidariedade fizeram-se ouvir de norte a sul do país, e desde a manhã as pessoas começaram a deixar flores e mensagens na Embaixada Francesa em Roma, usando slogans como "Je suis Français" e "Aujourd'hui je suis Parisien."

A vigília da Piazza del Popolo em Roma contou com medidas de segurança reforçadas, devido ao Jubileu da Misericórdia. Durante o dia o Twitter foi inundado pelos hashtags #stopGiubileo/#stopJubilee, pelo medo de que Roma fosse atacada durante a celebração.

Outras cidades italianas manifestaram a sua solidariedade, nomeadamente Milão.

Demonstrações de solidariedade em Barcelona. Fotografia de Cristina Pérez.

ESPANHA

A maior manifestação de solidariedade levada a cabo em Espanha aconteceu na Rambla del Raval, uma das maiores avenidas de Barcelona. Compareceram pelo menos 500 pessoas, e a cidade estava repleta de polícias. Viam-se alguns cartazes que apelavam aos fim da violência com frases como: "Somos Paris" e "Parem com as bombas."

"O que aconteceu ontem em Paris é um crime que rejeitamos completamente", disse Muhammad Iqbal, organizador da manifestação e membro do Centro Islâmico Camino de la Paz. "É contra nós. Matar pessoas não é justificável de nenhuma maneira. Nós também somos vítimas desta situação."

"O Corão diz que se matas uma pessoa estás a matar toda a humanidade," gritou uma mulher em hijab.

A manifestação terminou com um minuto de silêncio. Um jovem paquistanês disse à VICE, "Eles não nos representam. Não são o Islão, são cães do Inferno."