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Desporto

Ficha Tripla: tiros ao lado, o Nobel da Paz e a sardinhada dos campeões

Na semana em que a águia voou bem alto, o leão perdeu a juba e o dragão se escondeu debaixo do tapete, a Ficha Tripla esmiuça as 'gordas' dos três diários desportivos nacionais.

Na semana em que a águia voou bem alto, o leão perdeu a juba e o dragão se escondeu debaixo do tapete, a Ficha Tripla esmiuça os títulos que fizeram as capas dos três diários desportivos nacionais - A Bola, Record e O Jogo – de 2 a 8 de Março. É impressão nossa, ou o campeonato ficou já decidido?

A Bola

Cada um é como cada qual, já dizia a sábia expressão popular que vale tanto para o homem comum, como para o jogador da bola. Se houve quem visse "Slimani a 100 à hora!", a fazer peões na Rotunda do Marquês como quem dava por garantido que o caneco estava no papo, outros passaram a semana dedicados ao puro mindgame. Nos dias que antecederam o derby que aparentemente decidiu o título, "Bruno pede Nobel da Paz para Vieira". Se Donald Trump está na lista preliminar de candidatos, porque não incluir também o rei dos pneus da segunda circular? Um dia depois deste gesto de altruísmo envenenado, o "Líder dos leões dispara contra nove alvos!", o que se veio a revelar pura parvoíce. É que, quando finalmente conseguiu ter a águia na mira, não lhe sobrou um único tiro para o disparo final. Por falar em tiro ao lado, Bryan Ruiz disse, entre lágrimas, que "É triste falhar assim". Outros preferiram culpar o jardineiro de Alvalade, uma vez que a bola parece ter feito um pequeno desvio num tufo de pouca confiança, mas a verdade é que o leão tem perdido tantos pêlos que, por esta altura, mais parece o Ruca da selva.

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"Os miúdos sem medo" saíram do gueto e tomaram a luz de assalto e, hoje em dia, é impensável pensar num onze titular encarnado que não tenha uns quantos jogadores que, nos Estados Unidos, não poderiam sair à noite para saborear uma cerveja, ou sequer um shot furtivo. E, depois de uma "Águia maior" que fez do leão gato-sapato, foi ver o "Líder com sangue novo", oferecendo transfusões sanguíneas a jogadores quase centenários como Luisão, ou Júlio César – este último parece não ter aguentado a injecção vitamínica e terá de parar umas boas semanas.

"O Jamor é deles", gritaram os portistas a meio da semana passada, avançando já para a encomenda de carvão, sardinhas e febras para a clássica assada na mata. É que, ainda que Peseiro tenha antevisto que a "Liga não acaba este fim-de-semana", ao mesmo tempo que se falava num cenário em modo "Guerreiros em gestão, dragões de prego a fundo", a verdade é que o FC Porto viu Braga e o título por um canudo, pelo que a Taça de Portugal ganha agora contornos de Liga dos Campeões. É que nem sequer há a Taça da Liga para curar mágoas que já duram há três anos.

O Jogo

"Jesus contra a maldição", anunciava O Jogo vestindo a pele de jornal evangélico, dizendo que "há 42 anos que um treinador português não começa uma época no Sporting e acaba campeão". A juntar a este cenário apocalíptico soube-se também que um "Fantasma de 2012 assombra Jorge Jesus", o que fez disparar as chamadas dos adeptos leoninos para a linha dos Caça-Fantasmas, exigindo uma nova aventura filmada em Alvalade, para acabar de vez com todas as maleitas espirituais.

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Já na Luz "Vitória riu por último", mostrando que, tal como Rocky Balboa, se pode passar um combate quase inteiro a levar porrada, a perder os dentes e a coleccionar nódoas negras desde que, antes do gong final, se saque da cartola um gancho indefensável. Por esta altura, Jesus ainda deve estar metido num filme animado a ver passarinhos azuis.

Após mais uma semana trágica, o dragão decidiu entrar em modo de blackout não declarado e lançou a semana "FC Porto ao Raio X". É que, para descobrir as razões para tanta aselhice, falta de concentração e pouca garra, só mesmo com raios invisíveis.

Record

"Derby sem polémica é impossível", avançava Bruno César muito antes de saber o que aí vinha. Jorge Jesus manteve o habitual espírito de fair play e disse, em jeito de cumprimento ao adversário, "Somos melhores, Benfica jogou como equipa pequena". Em Alvalade há "Jogadores de rastos mas ainda acreditam" no título o que, por esta altura, é como acreditar que o Donald Trump é um democrata.

Durante o derby "Vieira vê o jogo no balneário", provavelmente para evitar vaias, petardos e outros mimos. O que até foi bom. Quando jogadores e equipa técnica chegaram aos balneários, já Vieira tinha posto a mesa, decorado as paredes, arranjado umas sandocas e servido o champanhe em flûtes a preceito. Apesar da festa ter sido rija "Vieira trava euforia", uma vez que o aluguer precoce do Marquês feito há uns anos acabou mal e saiu caro.

Já no Porto foi ver "Antero Henrique promovido na SAD", isto enquanto a equipa se vai afundando e a mística começa a parecer uma palavra que ficou para trás com o acordo ortográfico. Há até já quem defenda a contratação da Maya, que, provavelmente, faria melhor figura do que muito jogador que por lá anda. Por falar em previsões, o Record avançava que para Braga "Peseiro mantém aposta em Corona", o que afinal não veio a acontecer. Um erro tremendo, há que dizer, uma vez que a falta de cerveja com uma rodela de limão na ponta atirou com o "Dragão ao tapete". Antes alcoólicos que perdedores, a verdade é mesmo essa.