Junto ao rio Cávado, do outro lado do Milhões de Festa, e a 50 metros de onde será o Palco SWR@Milhões está o Bar do Rio, conhecido localmente por Xispes. É um dos tascos mais emblemáticos de Barcelos, contando já com 40 anos de existência. A particularidade do Xispes é ser frequentado por uma população bastante jovem, algo incomum quando falamos de uma taberna de petiscos. Mas Barcelos é diferente e aqui a juventude é adepta da taina.Se há algo que se destaca na ementa do Xispes, é o mastodôntico panado no pão. Um monumento à carne, conhecido em todo o concelho como a melhor forma de matar a fome às quatro da manhã. A semelhança com uma orelha de elefante não é por acaso e esta delícia é capaz de satisfazer três a quatro pessoas que, depois de uma noite exagerada de copos, vêem o panadão como um aconchego ao estômago maltratado pelo excesso de álcool. Em Barcelos não há melhor cura para os "munchies". O pão é visto apenas como um acessório para não se sujar as mãos, tendo em conta a desproporção enorme e o rácio panado/pão. A D. Flávia e o Sr. Luís chegam a despachar 20 quilos destes monstros por noite. Como dissemos, aqui a malta gosta mesmo de tainar.Se a bebedeira ainda permitir, não há melhor para acompanhar o panado que a especialidade da casa, o isquifante: uma mistura de bebidas cuja receita altamente confidencial é guardada a sete chaves pelos donos do Xispes. Servida numa tigela maior que a vida, este néctar dos deuses (ou dos diabos) é capaz de fazer tombar um elefante, assim dizem os Fucklore, uma banda barcelense que data dos noventas e dedicou uma música a esta experiência alcoólica. Talvez seja desses elefantes que vem a carne para os panados.
Publicidade
O Xispes conta também com um jardim — com uma bela vista sobre o rio Cávado e o recinto do Milhões de Festa. Os Bo Ningen estiveram lá o ano passado e, pelos vistos, esse jardim fazia-os lembrar o Japão. Talvez a verdadeira prova que o isquifante contém propriedades alucinogénicas.Fotografia por Ricardo Machado