A importância de tirar um ano sabático

FYI.

This story is over 5 years old.

Vida de estudante

A importância de tirar um ano sabático

A sério. Dares tempo a ti próprio para tomares a decisão correcta, também é fazer as coisas bem.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma i-D.

Life begins in the end of your comfort zone. Esta frase, que terás certamente visto por aí nalguma t-shirt da Primark, é o mote da crise pós-adolescente. Acabas os anos do Liceu - esse edifício cinzento onde fingiste ser fixe durante um tempo - com 18 primaveras cumpridas e cheio de acne na cara e, de repente, és coagido a tomar uma decisão que condicionará o resto da tua vida.

Publicidade

Tendo em conta que és um ser imberbe e incapaz de decidir que roupa vais vestir no próximo sábado, achas mesmo prudente escolher a que área vais dedicar o resto dos teus dias? Sejamos sinceros: é uma etapa difícil, em que ainda vestes t-shirts da Miley Cyrus e nem sequer tens bem clara a tua sexualidade.

Então, porque é que não tiras um ano sabático?

Quem me dera ter recebido este conselho. Naquela altura, a única coisa que sabia era que gostava de ouvir pessoas e, pronto, às vezes via o programa do Punset, por isso comecei a estudar Psicologia. Depois de passar um ano a analisar o comportamento de ratos de laboratório drogados e a gastar o dinheiro dos meus pais em Bacardi Limão, decidi abandonar o curso.

Todas as fotos por Johnny Dufort. Styling por Raphael Hirsch

Nesse momento, lembrei-me que alguns países europeus incitam os jovens a viverem um tempo no estrangeiro, para aprenderem um novo idioma e abrirem a mente. Em Espanha, a maioria das pessoas aproveita a comodidade da casa dos pai até aos 30, enquanto repete com um sorriso estampado no rosto: "Sorry, I´m not speak english". Sair de casa requer coragem, mas ir ver de vida é muito fixe e, sobretudo, tem as suas recompensas. Senão vejamos.

1 - Conheces novos estilos de vida

Viveste numa espécie de cápsula durante mais de uma década e, por isso, quando descobres outro lugar, não tens outro remédio a não ser meteres os pés na terra e adaptares-te a coisas que, na tua outra vida, terias odiado. Nesta nova fase entenderás que ainda tens muito que aprender e, sobretudo, que já vais tarde. Talvez aquele grupo de góticos com quem andaste na escola não sejam, afinal, tão estranhos como pensavas.

2 - Tornas-te mais independente e empático

Estás sozinho perante o perigo, a tua mãe já não pode enviar-te tuppewares para a semana. Tens mesmo de aprender a fritar um ovo e explorar os programas da máquina de lavar. Viver com cinco pessoas, para que possas pagar a renda, ensinar-te-á a baixar a tampa da sanita. Também vais aprender a, de vez em quando, ir trabalhar sem tomar banho. Mas, graças a essa experiência, saberás cozinhar uma boa carbonara e apreciarás as qualidades nutritivas das algas desidratadas.

Publicidade

3 - Desafias a tua inteligência

Vens da escola, um lugar onde te diziam, constantemente, o que tinhas de fazer e onde aprendias, sob pressão, 50 perguntas que depois de um mês já tinhas esquecido. Na tua nova vida as coisas são bastante diferentes e tens de aprender as coisas por mérito próprio. Desde um novo idioma, a memorizar o mapa da cidade para poderes voltar a casa, ou até enrolares-te com pessoas que não entendem o que dizes.

4 - Encontrarás o amor (ou muitos amores)

Há muitas pessoas que não concebem mudar de cidade, porque estão presas a uma relação. Oferece oportunidades a ti mesmo. O Mundo é um lugar cheio de gente interessante disposta a ser seduzida pelos teus encantos. E mais, esta mudança fará com que entendas se estás real e totalmente in love. Se não é o momento certo, também pode ser que não seja a pessoa certa (mas, seja como for, o sexo via Skype é toda uma experiência).

5 - A tua família não vai a lado nenhum

Sentirás falta dos petiscos da tua mãe, mas não te preocupes, que ela continuará a dar-te os sermões de sempre, estejas onde estiveres. A sério, não te preocupes. Se eu consegui que a minha avó aprendesse a usar o Skype, tu também consegues.

6 - Talvez não tenhas outra oportunidade

À medida que envelhecemos temos tendência a esquecermo-nos do importante que é crescer espiritualmente. Privilegiamos o bem estar económico em detrimento dos nossos sonhos. Depois vêm os casamentos das tuas amigas e os baby showers, ou seja, dás por ti e já estás acomodado ao tipo de vida que a sociedade te impõe. Mas e se essa não é a vida que queres viver?

Normalmente associamos a juventude à exploração e à liberdade. Para poder descobrir o que realmente queres na vida, autoriza-te a experimentar, porque ao fim e ao cabo, experimentar/errar é a única maneira de descobri-lo. Viaja até à Índia para meditar, faz uma tatuagem, ou pinta o cabelo de cor-de-rosa. O único problema é não tentar. Um dia encontrarás algo a que te vais ligar realmente e, de repente, sentirás um grande alívio. A sério. Dares tempo a ti próprio para tomares a decisão correcta também é fazer as coisas bem.