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Música

O que é que os The Crawlers andaram a fazer?

Rastejar, rastejar até o público conquistar.

A cena musical da Maia anda a crescer. Salto, doismileoito, ou Equations são alguns exemplos que de lá de saíram e que dão cartas no panorama musical nacional. De resto, não se passa nada, mesmo. Ok, se calhar não é bem assim. Até há metro à superfície, um shopping, uma pastelaria ao pé da câmara onde se come uns gelados bem fixes… Tem espaços verdes para fumares uns tarolos com os teus amigos e, uma vez, vi lá uma gaja com um par delas tão generosas, que me fez pensar e dizer: "Que grandes!"

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Ora, um dia destes andava pelo Facebook, uma cena nova que é controlada pela CIA, onde podes partilhar com os teus amigos fotos de gatos e de comida, e descobri mais uma banda maiata, os The Crawlers. Ouvi as cenas disponíveis deles e depois saquei-lhes uma entrevista. VICE: Então malta, sei que, por volta de 2009, decidiram ser banda e levar o vosso projecto musical avante. Foi algo que surgiu do acaso, ou já tinham bagagem musical de outros projectos musicais?
Rui Ferreira: Boas! Sim, já havia projectos anteriores a este. O André e o Francisco tinham um projecto um pouco experimental também de rock que se chamava Os Rastejantes. Chegaram a editar alguns temas como “I Feel high”, ou “No Edu, No cry”, mas nunca chegaram a sair da sala de ensaio. Qual é a cena que vos inspira mais enquanto músicos? Acham que a cidade de onde são é agente condicionante ou inspirador no vosso trabalho? Olhemos para o caso de Barcelos, por exemplo.
Cidadelha é uma aldeia muito bonita, com ruas muito antigas e com uma vegetação densa. Talvez isso tenha influenciado o nosso som, ou isso ou as tardes passadas no café dos poetas, a comer bifanas e a trocar ideias. Já em relação à cidade, não há nada a registar visto que na Maia não se passa um caralho tirando os Salto e os doismileoito, que depressa fogem daqui para a capital (as they should). O último trabalho que lançaram mostra, claramente, uma tendência virada para o rock mais acelerado e eléctrico. Andam sempre à procura de novas influências?
Ouvimos muita música sim, falamos muito dela também. O André é, de nós os quatro, aquele que ouve música mais agressiva/pesada, o que também acaba por nos influenciar para criar músicas com mais “energia”. O resto da banda ouve um pouco de tudo, mas o hip-hop foi um estilo que nos influenciou muito, principalmente na lírica. Qual foi a cena mais incrível que vos aconteceu nos concertos que dão?
Não tenho a certeza se foi tocar para um grupo de 15-20 idosos com idades acima dos 65 em Gondomar, ou se foi ter um perú a assistir ao nosso concerto em Guilhabreu. É escolher… Se vos dessem uma carrada de guito para a mão e vos dissessem para organizar um festival, onde seria e qual o line-up?
Provavelmente, seria num parque que há aqui na zona da Maia, o Parque de Avioso, que é uma espécie de parque da cidade. E o line-up teria, sem dúvida, bandas como Tame Impala, Black Keys, The Holy Springs Disaster, Queens of the Stone Age, Arctic Monkeys, Alt-J, League, Metronomy, Radio Moscow, Memória de Peixe, nós e o Tony Carreira (p’ra pagar as contas). Ou então, fugíamos para o Brasil. Desse line-up fazem parte bandas e músicos influentes no vosso trabalho?
Sem dúvida, ouvimos estas bandas, e muitas outras, a toda a hora. E como a música que fazemos é fruto do que ouvimos, podemos dizer que estas são algumas das bandas que contribuíram para a nossa sonoridade, composição e até a nossa maneira de pensar. Se as coisas não derem certo por cá, também vão emigrar como aconselha o Passos Coelho ou são daquele tipo de gajos que lutam até cair, erguendo-se novamente. se for preciso?
Só precisamos de uma oportunidade. Se ela não aparecer vamos procura-la até que surja, o nosso objectivo é tocar pelo mundo todo e não precisar de fazer mais nada se não compor/tocar. Não vemos isto como um emprego obviamente, acho que, tirando o Tony, poucos são os que vêem a música como um emprego no nosso país. Mas, também não nos vemos a fazer outra coisa que não seja música ou relacionado. Por isso, e tendo os quatro a mesma opinião, sair do país será uma hipótese que temos sempre em conta, desde que seja uma saída pensada. Mas, estamos sempre prontos a sair daqui, desde que seja para mostrar a nossa cena às pessoas. Vocês tocaram este sábado no Armazém do Chá com os Lumerians e O Bisonte. São fãs dos trabalhos deles? Qual é o rescaldo que fazem desta noite?
Achamos que foi um concerto muito bom, as pessoas aderiram, correu bem, a reacção de quem lá esteve foi a melhor e é isso que interessa. Os Lumerians deram alto concerto no terceiro andar, viu-se perfeitamente o porquê de serem tao falados. Bisonte é, verdadeiramente uma besta, aqueles quatro rapazes são músicos com um skill incrível, não se ouve um prego, [há ali] uma solidez brutal! Não foi por acaso que gravaram um álbum num fim-de-semana, apesar de terem muitos mais anos do que nós [temos] disto. Mostram bem que levam [a música] muito a sério e nós respeitamos muito isso! Têm um publico fiel, que os acompanha para todo o lado, é toda uma equipa impecável. Conseguiram criar um conceito à volta de tudo aquilo, é um feito num país tão pequenino como este. Foi uma honra tocar com eles, só esperamos ter feito boa figura.