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Fotos

As Fotos de Bob Mazzer Imortalizam o Metrô de Londres

Sempre carregando sua câmera e sem deixar nenhum grande momento escapar, Bob pode ser considerado um proto-instagrammer.

Bob Mazzer se declara um discípulo do Captain Beefheart e fotógrafo. Nos anos 1970 e 1980, Bob trabalhava como projecionista num cinema pornô chamado The Office Cinema. Ao pegar o metrô tarde da noite, no caminho de King Cross a Manor House, ele sempre clicava os personagens que encontrava, capturando as esquisitices dos farristas noturnos de Londres enquanto ia para casa ou para alguma festa. Sempre carregando sua câmera, e sem deixar nenhum grande momento escapar, Bob pode ser considerado um proto-instagrammer.

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Décadas depois, ele decidiu fazer alguma coisa com as imagens e organizou uma exposição chamada "Underground". Fui até a Howard Griffin Gallery em Shoreditch para conversar com o Bob e, ao chegar lá, ele estava usando um colar havaiano que tinha encontrado quando foi comprar um bolo.

Bob Mazzer (foto por Chris Giles). 

VICE: Oi, Bob. Como isso tudo começou? Quando você conseguiu sua primeira câmera?
Bob Mazzer: Arrumei minha primeira câmera quando tinha 13 anos, uma Ilford Sporty feita de lata e plástico, um lixo, para falar a verdade. Eu não sabia disso na época. Ainda tenho algumas fotos tiradas com ela. Acabei entrando para a escola de artes e me tornei um pupilo estrela - digo isso sem falsa modéstia.

Algumas fotos mostram a garotada aprontando - pulando catracas no metrô, esse tipo de coisa. Você era um desses moleques na sua juventude?
Eu estava começando a ser atraído por isso. A rebelião veio depois do colégio, quando fui para a Hornsey Art School e os anos 1960 chegaram.

Como foram os anos 1960 para você?
Não houve época melhor. Acho que os anos 1960 aconteceram nos 1970 para mim. Fui para os EUA em 1969 e consegui perder o Woodstock, mesmo tendo sido convidado. Nunca me considerei um hippie, eu achava que eles meio moles. Eu não era essa coisa de flores e paz e amor. Eu me via como um cara bizarro. Eu curtia Captain Beefheart. Ainda curto. Consegui pegar uma carona no ônibus da turnê dele de Londres para Brighton no ano em que "The Spotlight Kid" saiu. Descobri onde ele estava ficando e fui até lá com uma câmera pendurada no pescoço, uma Leica pequena velha. Começamos a conversar e ele disse "essa é uma câmera muito simpática, você quer conhecer o ônibus?" e eu respondi "sim, Capitain, eu gostaria muito".

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E o que inspirou você a fazer fotos no metrô?
Eu me interessava pela sociedade. Adoro quando as pessoas são elas mesmas no metrô, sem seguir o rebanho. Pessoas que levam bebidas para o vagão, por exemplo. Tem uma foto de uma mulher com uma cerveja, eu adorava tudo isso. Eu era imediatamente atraído por qualquer pessoa que fizesse coisas assim. Um dia, um cara entrou no trem com uma guitarra e um amplificador nas costas. Eu imediatamente queria conhecer essas pessoas e fotografá-las. Eu queria ser parte disso.

Você sente falta desse tempo?
Bom, eu ainda estou vivendo nos anos 1960 e 1970. Você sabe quando outra pessoa está na mesma que você - vocês se cumprimentam. Ainda penso em mim como um cara de 25 anos e que Jimi Hendrix acabou de morrer. É assim que vivo.

Mas aposto que algumas fotos fazem você se sentir bastante nostálgico.
A nostalgia vem de fotos que não são essas do metrô. O metrô se tornou uma coisa grande. Acabei percebendo que isso tinha se tornado um documento histórico. Eu tirei centenas de fotos. Semana passada, descobri duas fotos que tirei 25 anos atrás.

Você trabalhou como projecionista num cinema pornô, como você conseguiu esse emprego? Você gostava de trabalhar lá?
Eu vivia como hippie em Wales, de um jeito quase comunal, e então minha mãe morreu, aí vim para Londres morar com meu pai. Eu estava lendo o Evening Standard e vi um anúncio para projecionista em Kings Cross. Era um trabalho incrível. Muito mais amigos vinham me ver no trabalho do que em qualquer outro emprego. Mesmo as minhas amigas feministas apareciam por lá. Você sabe que há muita gente que não conhece esse lado da vida.

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Por que você gosta de fotografar pessoas aleatórias?
Adoro a interação social. Você pode se esconder atrás de uma câmera ou isso pode ser uma passagem. Claro, há momentos em que você não quer uma câmera pendurada em seu pescoço, tipo quando alguém joga cerveja em você.

Isso aconteceu com você?
Não, mas uma vez uma criança jogou um suco melequento em mim.

Que droga. Você tem uma foto favorita?
Gosto dessa mulher - tem alguma coisa peculiar nela.

E esse cara que parece o Drácula. Essa sempre foi minha favorita.

Legal mesmo. Obrigado, Bob!

Se vocês está em Londres, "Underground", de Bob Mazzer, fica em exposição na Howard Griffin Gallery, em Shoreditch, até 13 de julho de 2014.

@ChrilesGiles

Tradução: Marina Schnoor