Como É Participar de uma Orgia de Urina em Londres

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Como É Participar de uma Orgia de Urina em Londres

Descobrimos o segredo da chuva dourada conversando com os mais tipos variados de pessoas. Desde um septuagenário que queriam que mijassem na boca dele até um jovem de 25 anos a fim de ver cuecas feias.

É uma tarde de domingo e estou num bar de porão escuro de King's Cross, Londres. Ao som de " Part Time Lovers" da Shannon, um homem usando cintas de bondage se agacha numa piscina rasa de borracha, enquanto uma sucessão de outros caras mijam na sua boca aberta. Muitos estão ao ar livre hoje, aproveitando o sol, mas os clientes do Streams of Pleasure (SOP) – o maior clube de Londres para amantes de watersports – preferem mergulhar numa festa fechada de mijo.

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Michael trabalha no clube – que, segundo o site, recebe desde novatos a "piss pigs" experientes – desde 1999. Durante esse tempo, a festa mudou de Vauxhall para East London e atualmente para a recém renovada área da Estação King's Cross. Pegunto se ele viu muita coisa bizarra nesses anos.

"Algumas pessoas pagam para ajudar a limpar depois da festa."

Sério?

"Claro. Eles gostam de rolar nas poças, enfiar camisinhas usadas na bunda, esse tipo de coisa."

Estou determinado a descobrir o que excita um fã dedicado de chuva dourada. Jogando "watersports" ou "fetiche por urina" no Google, você encontra uma infinidade de imagens e vídeos NSFW, mas bem menos análises sérias do que torna a urofilia um negócio atraente. Mas com celebridades expoentes indo de Marquês de Sade ao comediante Patrice O'Neal e Ricky Martin, se excitar com mijo deve ter suas vantagens. Na verdade, o sexólogo britânico do século 19 Havelock Ellis foi impotente até os 60 anos, até descobrir as alegrias da chuva dourada.

Passando por portas pesadas, entro no clube, uma pequena sala em formato de L dividida por uma faixa mostrando o Twitter do SOP. Homens em vários estágios de nudez estão bebendo por todo lado (a SOP é uma festa só para homens). A maioria dos caras estão nus ou usando coquilha, mas todo mundo usa algum tipo de calçado, desde chinelos a galochas, o que provavelmente é mais prático nesta situação. Outros estão com roupas fetichistas. Fora um cara de macacão de látex sem a parte da virilha, que anda pelo lugar mostrando uma ereção que só pode ser possível com ajuda de remédios, as pessoas usam uniformes militares camuflados e aqueles jeans descorados tão queridos pelos skinheads nazistas dos anos 80. Estranhamente, muitos também estão usando roupas de trabalhadores de construção – jaquetas laranjas de visibilidade, jeans sujos com terra e botas de trabalho. Na verdade, às vezes o lugar parece mais um bar de pedreiros do que um palácio sórdido para fãs de urina – mas que um bar onde cheiro vai ficando mais forte ao som de clássicos disco dos anos 80.

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Pergunto ao Doug, um cara ramelento e corpulento com uma barba estilo Dickens e calça de veludo cotelê de professor de artes bêbado, se ele está gostando da festa.

"Um cara mijou na minha bunda mais cedo", ele diz.

E ele gostou?

"Foi legal. Na verdade, não curto coisas muito mais pesadas que isso."

Tipo o quê?

Doug me dá um olhar sério sugerindo que eu não quero saber, antes de rumar cambaleante na direção de piscina.

Tentando achar alguém mais direto sobre as alegrias da urina, começo a conversar com Fred no bar. Original de Belfast, Fred tem 71 anos e mora em Londres há mais de 15. Vestindo uma camisa xadrez e uma calça de elástico daquelas que você vê nos anúncios da contracapa de revistas de jardinagem, me parece que ele estaria mais confortável mostrando suas abobrinhas premiadas na feira local. Pergunto por que ele frequenta este lugar.

"Gosto que mijem na minha boca", ele diz.

Por quê? O gosto é bom? Isso te excita?

"É um pouco como gozar. É como se a pessoa estivesse perdendo o controle."

Isso faz algum sentido. Provavelmente existe alguma intimidade em compartilhar um ato normalmente tão particular. Mesmo assim, ainda não entendo por que você precisa engolir.

Pergunto ao Fred do que mais ele gosta. Ele se vira e olha para mim. Sua careca brilhante e seus olhos empapuçados me lembram de repente quão velho ele é. Provavelmente ele é mais um voyeur hoje em dia. Fico imaginando se ele realmente está feliz aqui. Afinal de contas, ele pode muito bem ser o avô de alguém.

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"Gosto de sessões de sexo bem selvagens", ele diz.

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Pedindo licença, vou para o banheiro. Há um líquido cobrindo o chão, mas acho que reclamar sobre um vazamento não seria um bom jeito de começar uma conversa por aqui. Ironicamente, fazer xixi normalmente num clube de urina é bem difícil. Um cara parecido com o Robin Cook, de barba ruiva, está agachado no mictório. Ele usa uma jaqueta de couro e um anel peniano. Ele observa os recém-chegados, ansioso para receber seus jatos. Não sei qual a etiqueta nessa situação, mas mostrar a cobra ao lado dele sem satisfazer seu desejo claro de agir como receptáculo me parece falta de educação. Saio novamente, imaginando se, em vez disso, eu deveria atender o pedido de Doug para encher seu pint.

Fico parado num canto por um tempo, acompanhando a ação. Grupos de homens nus mijam e são mijados nas duas dark rooms do lugar, além de na piscina, que pode ficar com uma tonalidade marrom espumante no final da noite. Por mais nojento que possa parecer, urina parece ser inteiramente segura, alguns até dizem que ela pode ter benefícios. Pelo que está acontecendo aqui, acredito que "esportes aquáticos" é um termo que cobre desde gostar do cheiro a querer mijar em outros como ato de dominação, ou ser mijado e se sentir humilhado. Os caras frequentemente invertem os papéis de dom e sub, dependendo do clima. Pergunto a Adam Byrne, promotor do Streams of Pleasure, se estou no caminho certo.

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"É diferente para cada pessoa. Alguns são exclusivamente mijadores e outros são exclusivamente receptores. Mas a maioria é versátil. Muitos gostam da sensação de se sentir molhado. Alguns de ficar molhado quando estão nus, alguns quando estão vestidos. Temos empresários que frequentam a festa. Em minutos eles são cercados por esses caras e ficam com os ternos ensopados. Acho que a coisa do sub/dom é o que mais excita a maioria. Os clientes regulares aprendem a se tornar versáteis. Isso não pode ser uma rua de mão única – os subs têm que mijar também!"

Pergunto como Adam acabou organizando uma das festas de mijo mais tradicionais de Londres.

"Eu tinha um interesse por watersports há alguns anos, mas a cena de fetiche na época era mais baseada em códigos de vestimenta – borracha, couro, etc. Eu não curtia isso. Além disso, essas roupas custam uma fortuna. Então abordei um estabelecimento e fiquei muito surpreso quando eles aceitaram minha ideia para o clube. Antes isso acontecia uma vez por mês, mas a festa decolou logo de cara. No primeiro evento, eu esperava só umas 30 pessoas. Três horas depois de abrir, tínhamos 100 pessoas dentro da casa. Agora abrimos duas vezes por semana."

O mercado de Londres para os entusiastas subterrâneos de mijo era mais dinâmico do que pensei no começo. Esta noite vi caras de vinte e poucos anos até 80 aqui. Mas qual é o cliente típico do SOP?

"No começo, nosso público tendia a ter principalmente de 35 anos para cima, mas agora temos um nicho de idades mistas. Ele são de todas as origens. Não pergunto o que as pessoas fazem da vida, mas você acaba sabendo. Trabalhadores de escritório e de indústria, até um ou dois políticos. Não vou mencionar o nome de nenhuma celebridade. Na verdade, nunca as reconheço – geralmente um cliente me conta depois que viu tal pessoa famosa aqui. A questão é a seguinte: aqui dentro não importa quem você é, desde que você não seja arrogante e tente se divertir." De acordo com o twitter do Adam, uma festa em Barcelona serve sopa de repolho para garantir que os participantes se mantenham abastecidos. Mas qual é a bebida preferida em King's Cross?

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"Lager é bem popular, assim como bitter. Também damos água para quem precisa. É tudo uma questão de reciclagem."

Andando pela área da piscina, onde um grupo está se aliviando num barbudo de macacão em êxtase, sou abordado por Jamie, um cara de olhos intensos e encovados de 25 anos de West Ham. (Estranhamente, ele é o segundo torcedor do West Ham que conheço esta noite.)

"Você já esteve no Adult Baby Club?", ele pergunta.

Sim, por mais bizarro que pareça, já estive.

"Tenho fraldas no carro", ele me diz.

Certo.

"Posso usar a calcinha da minha irmã se você quiser."

Isso não vai ser necessário.

"Você prefere com freada de bicicleta ou sem?"

"A vida é muito curta. Talvez seja hora de você dar um mergulho na piscina."

Uma versão house de "Imagine" de Jonh Lennon começa a tocar. Agora é definitivamente o momento de ir embora.

Estou indo para a porta quando sou parado por Steve, um empreiteiro descabelado de calça Ralph Lauren gasta. Ele me pergunta se já entrei na piscina. Digo que não. Ele me olha e balança a cabeça.

"A vida é muito curta. Talvez seja hora de você dar um mergulho."

Há uma estranha aspereza em suas palavras que não estou disposto a experimentar neste contexto. Vou para a chapelaria. Enquanto pego minha jaqueta, peço ao Michael para recontar a coisa mais estranha que ele já viu trabalhando aqui.

"Vi um cara recebendo um fisting duplo no bar uma vez."

Sério?

"Sim. Bem na frente das torneiras de cerveja. Claro que tive que pedir para ele parar."

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Não fico surpreso.

"A proibição do fumo tinha acabado de começar, sabe. Então tive que pedir para ele apagar o cigarro."

Ainda está claro quando saio para a rua. O ar fresco é um alívio. Apesar da minha nova visão sobre a cena de urina, ainda não me converti à diversão em piscinas infantis cheias de urina. Ainda assim, numa cidade onde o bizarro e diferente estão cada vez mais marginalizados, expulsos por grandes corporações sem graça, é animador saber que o SOP existe para seu bando fiel de fãs de mijo.

@jonhlucas_esq

Tradução: Marina Schnoor