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Chora agora, ri depois: Cunha renuncia à presidência da Câmara

Recebido aos costumeiros gritos de "Fora Cunha", o deputado carioca chegou a chorar durante a coletiva em que anunciou a renúncia, dizendo que se considera "perseguido".
Crédito: Agência Brasil.

Depois de passar semanas batendo o pé, xingando e falando "daqui não saio, daqui ninguém me tira", finalmente a pressão do governo interino foi sentida pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ele renunciou à presidência da Câmara Federal nesta quinta-feira (7), finalmente limpando a barra do Planalto do imbróglio jurídico causado pelo seu afastamento determinado pelo STF em maio.

Recebido aos costumeiros gritos de "Fora Cunha", o deputado carioca chegou a chorar durante a coletiva em que anunciou a renúncia, dizendo que se considera "perseguido". Além de tentar se colocar como mártir que ajudou o país a "se livrar do governo do PT", Cunha disse que vai se provar inocente de todas as acusações nas quais é metido, tarefa hercúlea pra quem responde como réu a dois inquéritos na Lava Jato e ainda está sob investigação em um terceiro caso.

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Previsões do Deputado Eduardo Cunha no Twitter.

A manobra de Cunha pode não ter sido fácil para ele, que passou dois meses, desde seu afastamento, se recusando a apear da presidência da Câmara, mas faz parte de uma manobra maior. Com o mandato suspenso pelo STF, colocou a Casa numa sinuca de bico – não seria possível ter um novo presidente para a Câmara sem que Cunha fosse cassado efetivamente ou renunciasse à presidência. Com a Câmara na mão do claudicante Waldir Maranhão (PP-MA), vice-presidente, o Planalto se viu paralisado nas suas pautas mais urgentes.

Já Cunha, por sua vez, sofreu um duro revés na Comissão de Ética da Câmara, que aprovou um relatório recomendando a sua cassação por entender que ele teria mentido à CPI da Petrobras quando afirmou não possuir contas no exterior, no que foi desmentido posteriormente pelo Ministério Público da Suíça, que entregou de bandeja ao MPF três contas na qual o deputado é sócio.

Tweets do perfil do Deputado Eduardo Cunha.

Na quarta-feira (6), Ronaldo Fonseca (PROS-DF) apresentou seu relatório na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara recomendando a anulação do processo que pede a cassação de Cunha a partir de um recurso feito pela defesa do deputado. A CCJ agora deve votar o relatório no dia 11, na próxima segunda-feira, enquanto a Câmara tem cinco sessões para escolher seu novo presidente. A ideia é de que, com esse gesto, Cunha se livre da cassação e ainda por cima ajude o Planalto a articular a nova presidência da Casa. Dessa forma, o deputado não perde o foro privilegiado na Lava Jato e tira de si boa parte dos holofotes dos movimentos de oposição ao governo interino. A novela ainda vai bem longe, mas quem falar que Cunha foi derrotado com a renúncia pode estar bem errado.