Ensaio, Vídeo e Entrevista Exclusiva com Justin Bieber: o Ídolo Adolescente Chega à Maioridade em Grande Estilo

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Ensaio, Vídeo e Entrevista Exclusiva com Justin Bieber: o Ídolo Adolescente Chega à Maioridade em Grande Estilo

Depois de crescer como ícone de um público que o venera, como é realmente ser Bieber?

_Ídolo _teen__ ou adolescente maloqueiro? Muito já foi dito sobre Justin Bieber nos últimos anos. O percurso pelas águas turvas do fim da adolescência, atravessando a vertigem do primeiro amor e sua subsequente dor de cotovelo, quase levou o reinante Príncipe do Pop à autossabotagem. Mas ao transcender da juventude para a vida adulta, veio a redenção, o respeito e um disco que finalmente chamou atenção do mercado adulto que há muito o rejeitava. Depois de crescer como ícone de um público que o venera, como é realmente ser Bieber?

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Numa noite agradável de verão em Los Angeles, Justin Bieber saiu à francesa para ir ao cinema sozinho. "Eu estava em uma festa", conta, deitado de costas em um divã todo bordado, coçando o queixo como se estivesse em consulta com um terapeuta. "Estava jogando pôquer e tinha muita coisa acontecendo. Pensei: 'Tenho que vazar'. E bem na esquina estava [passando] Straight Outta Compton,então pensei: 'Vou assistir sozinho mesmo'."

A moça do caixa se espantou quando viu quem estava comprando o ingresso. "Acho que ela ficou um pouco nervosa, com certeza. Ela ficou viajando." Bieber estava animado com a decisão, não só pelo autocontrole que demonstrou ao ir embora da festa antes que a festa acabasse com ele, mas também com a opção de filme. "Foi muito bom", afirma.

Mais tarde, a narrativa em tempo real da película o afetou profundamente. O N.W.A. pode seguir um ângulo oposto à alergia natural à polêmica do jovem pop star em termos de produção de hits. Mas a história central dos meninos sonhadores de origem pobre manipulados por agentes carismáticos na indústria fonográfica tocou num acorde pesado e comovente. "A indústria é assim mesmo", afirma. A interrogação que paira sobre a cabeça de Bieber agora, ao se firmar para o lançamento de seu primeiro disco pop adulto, é se ele conseguirá ou não ter um momento Dre, traduzindo o trabalho que desenvolveu com o público principal, difundi-lo para além e transformar-se em supernova.

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Assim como Beyoncé, Bieber assinou seu primeiro grande contrato na indústria fonográfica aos 13 anos, o que o dispensou efetivamente de um sistema escolar que ele – e ela também, na verdade – já não gostava muito mesmo. Apesar de sempre voltar para casa no Natal, na cidade de Stratford, em Ontário, no Canadá ("mesmo quando as coisas estavam no momento mais louco, nunca fiquei um ano sem ir"), Bieber teve logo cedo a sensação de que a vida na cidade pequena não era para ele. "É um lugar bem da hora, na verdade. Mas não posso dizer que sinto muita saudade, porque não tenho uma sensação de pertencimento. Todo mundo tem uma rotina e faz a mesma coisa todo dia, vai ao mesmo bar e vê as mesmas pessoas. Não consigo fazer isso. Minha imaginação e minha criatividade correm muito soltas."

Nosso encontro foi em uma das imponentes e ornamentadas antessalas da suíte do último andar do Hotel Dorchester, onde Tom Ford teria supostamente se casado. Conhecido por alguns episódios de pirraça juvenil, Bieber a princípio é extremamente educado, num esforço para compensar qualquer reputação de menino malcriado que tivesse. Quando encontra um ritmo mais firme, empolga-se com a conversa e se torna cada vez mais consciente de que nem todo mundo espera dele uma série de desculpas por ter cortado o coração de uma estrela da Disney, fumado uns finos em Amsterdã, saído no braço com Orlando Bloom em Ibiza, não conseguido a papelada certa para levar o macaquinho de estimação para a Alemanha, ou pelas quantas modelos da Victoria's Secret que já conheceu no sentido bíblico. Fisicamente, é uma coisinha esguia com só uma faixa de cabelo descolorido na testa e a carinha bonita que faz com que se recrimine a esperança, os sonhos e as sexualidades emergentes de uma geração.

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Ele tem 21 anos de idade e se refere a esses ritos públicos de passagem com frequência. Esteve em boas mãos durante todo o processo. Quando Justin se tornou uma das maiores supermarcas juvenis, o empresário Scooter Braun o acompanhou, muitas vezes tendo de conduzir o bom navio Bieber por águas tempestuosas. Três semanas depois deste papo, quem sabe quais serão as conversas conciliatórias que os dois terão quando Bieber for flagrado pelado no terraço de um casarão em Bora Bora e um debate aberto sobre o tamanho do pinto dele quebrar a internet durante meio dia. Braun apostou em um jogo de longo prazo com Bieber, soltando o suficiente das rédeas para ele querer voltar por conta própria. Surpreendentemente, com seis anos de carreira e um nome reconhecido em todo o planeta, só agora Justin emplacou um single no topo das paradas norte-americanas segundo a Billboard. O relacionamento dos dois chegou a uma interconexão tão perfeita quanto ao de Quincy e Michael ou de Timberlake e Timbaland no passado. "Não aceito muito direcionamento de empresário, não", afirma, para depois refletir. "Aceitei quando estava passando por aquela… fase, com certeza. Ele pegou as coisas mais malucas e colocou de formas que fizessem parecer menos piores do que foram. Sabe, essa é a realidade. Eu estava sofrendo. Estava em um momento muito ruim."

Ele estava se tornando homem.

"Pois é, todos cometemos erros e tomamos decisões idiotas."

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E são idiotas por isso? Ou apenas humanos?

"Pois é, saquei. É."

Você pode ficar se martirizando por essas coisas para sempre.

"É, e eu não fico mais. Enxergo como um aprendizado, com certeza."

Com uma direção hábil, ele deu tempo ao tempo. "O Scooter deve ser uma das pessoas mais inteligentes que já conheci na vida", conta. "Muito, muito, muito estratégico. Sempre ligado. Sempre pensando em mais coisas para se fazer e mais coisas a se realizar. Ele me mantém motivado, com certeza. Porque o artista sempre quer relaxar. Tipo: 'Ganhei meu dinheiro. Agora quero relaxar'. Mas ele encontra formas de me deixar animado com o que quero."

Se vai enfrentar o mercado adulto, o momento em que Bieber passará de homem a exemplo a ser seguido deve ser renegociado. Ele entende que, se quiser brincar com gente grande, precisa ter domínio sobre o próprio comportamento, se responsabilizar. "A realidade é que as pessoas são humanas e fazem besteira e passam por dificuldades. Isso fez com que eu, pessoalmente, fosse mais humano com as pessoas." Uma coincidência biológica ajudou a suavizar a transição musical, já que sua voz de canto passou a ter um agradável registro mais grave. Empresário de perspicácia incrível, ele não é de perder um possível pico demográfico. "Acho que agora pode gerar uma identificação maior. Quando eu tinha aquela voz novinha, era difícil para as pessoas se conectarem. Os caras agora podem escutar e dizer: 'É, curti aquela música nova do Bieber'."

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Justin foi selecionado como ponto de interesse e títere simbólico da garotada fashion da nova era, ataviada de Vêtements e Hood By Air. Não é uma comissão kitsch de ironia pop dando piscadelas. Ele é um músico sincero, com um visual ótimo, trabalhado nesta estação em uma silhueta que se encaixa confortavelmente na coqueluche do health goth. Tem aquela personalidade estilosa jovem que consegue usar um moletom cinza, uma calça jeans e um tênis de cano longo e parecer estar aparatado com várias roupas do Rick Owens. Onde começa um e termina o outro, quem sabe?

Justin veste moletom Off-White

Este ano, Bieber aparece na paleta musical da molecada do Hood By Air com uma onipresença composta com zelo, primeiro criando a arrebatadora colaboração Where Are Ü Now?com seus produtores favoritos, Skrillex e Diplo. Mais recentemente, descolou aquele momento especial no topo das paradas com um sucesso pop próprio fresquinho de vibe Pocahontas, What Do You Mean?, música cuja letra posicional vem temperada com algo de Wanna Be Startin' Something do Michael, um dilema romântico de sobe/desce/, alto/baixo, direita/esquerda. Where Are Ü Now rendeu-lhe o primeiro vlog no New York Times. Surgirão outros desse tipo de publicidade quanto mais confortável ele se sentir de promover sua jogada em uma linguagem adequada a novos públicos em potencial. O disco pop adulto chegará com a mensagem clara, legível e subliminar: agora estão todos convidados para a festa. Como suas antecessoras imediatas Miley e Taylor, Justin Bieber está a um abraço positivo no Pitchfork de conquistar uma grande reavaliação pela elite intelectual.

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Bieber não veio de uma família de estrelas. Não havia ninguém para quem ele pudesse olhar na vida real em Stratford como precursor da ambição do jovem. Pelo contrário, quando criança, era obcecado por Tupac Shakur e Eminem. Até hoje consegue mandar raps dos dois artistas palavra por palavra. Ele tingiu o cabelo curto de loiro platinado todo verão durante quatro anos desde os oito. "Era na temporada de futebol. Era uma coisa que eu fazia, tipo uma rotina. Alguns dos outros meninos também tingiam comigo. 'Ah, o Slim Shady tingiu? Agora a gente pode.' Posso achar uma foto." Encontra uma no iPhone. "Olha isso. Eu criança com cabelo descolorido." Olha para cima e faz contato visual. "É muito engraçado me procurar no Google." Ele não quer dizer engraçado ha-ha. Mas confirma o antigo adágio. "Os loiros se divertem mais", afirma.

Em uma analogia sobre como seu talento musical prodigioso o levou longe, ele aponta que, quando abocanhou a campanha de roupa íntima da Calvin Klein ao lado de Lara Stone, ele e o pai, Jeremy, tinham uma piada sobre o trabalho. "Vou te contar uma história", afirma, sentando-se. "Meu pai, quando era mais novo, tinha o costume de ir a bares e falar para as pessoas que era modelo da Calvin Klein." Ele tirava a camiseta para provar. "Agora que sou de verdade, ele fala: 'Justin, você é do caralho.'" Às vezes, até enganava. "Meu pai tinha um corpo escultural na época. Tinha um corpo insano."

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De todos os jovens Don Juans do pop que surgiram esta década, em uma nova roupagem dos padrões conhecidos de Rod Stewart nos anos 70 e Duran Duran nos anos 80 – Harry e Zayn do 1D e as figuras menos prováveis de Ed Sheeran e Calvin Harris –, Bieber é o mais assíduo em promover a marca. "Só de aparecer ao lado de Mark Wahlberg já é demais, porque ele é uma lenda. E eu sou a nova cara da Calvin?" Ele contorna os anos de Travis Fimmel e Jamie Dornan. "Nunca que eu pensaria nisso." Diz que, se tiver disciplina, consegue atingir seu pico de definição em apenas duas semanas.

Bieber tem consciência de como era deslumbrado quando começou na indústria, uma inocência que deveria ser descartada em algum momento para garantir sua sobrevivência no ramo. "Muita gente não consegue", fala sobre as estrelas adolescentes da sua laia. Suas primeiras reuniões foram conduzidas com avidez e sem muita reflexão. "Tem tanta gente dizendo que, se você fizer isso e assinar aqui, tudo vai dar certo, não precisa se preocupar. E quando se é jovem, você fala: 'Beleza, confio em você! Vocês são legais comigo. E você sorri. E acho que você é uma boa pessoa'. Você não sabe quais são as outras intenções deles."

O pop tem mistérios inescrutáveis. Um dia, Harry Styles é favorito absoluto, o Robbie Williams do 1D; mas bastou uma manobra inteligente de separação do Zayn Malik e agora ele é um Mark Owen. "Como estrela pop, as pessoas querem tentar controlar você e fazer as coisas do jeito delas. Agora, olhando para trás, eu penso: 'Por que é que eu considerava a opinião dessa pessoa?' Elas não sabem nada sobre o que faço." Porque, em última instância, a única pessoa que sabe como o Justin Bieber deve se comportar e como um disco do Justin Bieber deve ser "sou é, né?"

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2015 é o ano da virada para Bieber. "As pessoas estão muito interessadas pela transição do menino para o homem", aponta. "Foi difícil, porque tive que me manter firme nas minhas ideias. Pensei: 'Vou lutar. Vou lutar contra o que você diz, mesmo que vocês parem de apoiar meu projeto. Prefiro não fazer sucesso do que deixar vocês roubarem isso de mim.' Finalmente, pressionei tanto e com tanta consistência – 'Ou é assim ou não é nada, ou vocês me deixam fazer isso ou não vai ter nada' – que acabaram me deixando fazer o que eu queria."

O desenrolar público de Justin Bieber coincidiu com o fim de seu primeiro namoro sério, com a ex-atriz da Disney e cantora latina Selena Gomez. Talvez ele fosse muito novo para começar um relacionamento dessa natureza. "Acho que sim. Acho que, nesse relacionamento… Eu me expus muito com ela, porque eu era muito distante de todo mundo. Tem o mundo, que te ama, mas não conhece o meu coração – não me conhece. Então quando encontrei aquele amor, pensei: 'Nossa, quero segurar firme isso aqui'. E coloquei tudo nele e, na verdade, não tem como se frear. Você só consegue pensar: 'Esse amor é muito bom'."

Como inúmeros meninos adolescentes que vieram antes dele, o primeiro amor bateu com tudo. "Parece mágica", conta. "Nada se compara. E aí senti isso e não queria deixar para lá. Quando estava difícil, eu só pensava: 'Quero dar um jeito'. Então a gente voltava, terminava, voltava de novo, terminava de novo." A notícia era ótima para a US Weekly, mas menos ótima quando você está no centro do furacão. "Estávamos resolvendo como era estar num relacionamento, como ser nós mesmos, quem nós éramos, no meio de gente julgando nosso relacionamento pela mídia. Acho que isso também mexeu muito com a minha cabeça." Para um nome adolescente de sucesso global com uma sensibilidade delicada e um hábito de se procurar no Google, só podia dar encrenca. "Porque na época, tem a confiança e várias outras coisas que começam a mexer com a sua mente. Você está em turnê. E tem mulheres lindas na estrada. E você acaba se metendo em encrenca."

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No ápice do bafafá público entre Justin e Selena, entrevistei uma série de colegas e amigas de Bieber, mulheres com uma noção muito atinada de publicidade e suas correspondentes femininas nessa história – Kendall Jenner, Gigi Hadid, Hailey Baldwin. Quando o nome do cantor era citado, ficava claro que todas tinham um carinho especial e fraternal por ele. "Elas são as meninas mais fofas do mundo", ele diz. "Elas têm os melhores corações. Elas se preocupam comigo da mesma forma que eu me preocupo com elas. Quando as pessoas dizem coisas ruins sobre elas, fico na defensiva, e quando acontece comigo, elas também ficam." Baldwin deixou claro que Justin voltaria, maior e melhor que nunca. "Hailey… Não é a melhor pessoa?"

Essas estrelas jovens florescentes vêm de uma geração de realities intensa focada na fama que vê uma separação mínima entre o valor monetizável de sua persona pública e a vida privada. Talvez houvesse, em meio a esse grupo influente de colegas, uma forma de Justin navegar pelo turvamento de sua própria ascensão com alguns exemplos imediatos ao redor nos quais pudesse se espelhar e com quem pudesse aprender. "Ajudou. Mas eu sempre soube que não acabaria para mim. Sabia que não desistiria da minha carreira. Lá no fundo, na minha cabeça, eu ficava me dizendo que voltaria. E tudo isso se baseou em pessoas que apoiavam o trabalho que eu queria fazer."

Scooter Braun deu à maior estrela sob seus cuidados espaço para crescer rumo a sua própria maioridade. "Acontece que eu sei muito bem quem sou para você vir me dizer o que fazer e o que dizer e quem ser, então vou bater o pé com isso. Ficou difícil, porque eu estava brigando com as pessoas. Essa não é a natureza humana, mas sim amar as pessoas. Mas eu estava infeliz, né? Porque eu não queria brigar com ninguém. Então nessa época eu atenuava a dor com outras coisas."

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Bieber conta que aprendeu muito sobre si mesmo chapado. "Claro, mano. Você descobre o que quer ser e quem não quer ser. Você tem vários questionamentos e começa a responder a eles." Braun se mostrou uma figura útil mais uma vez ao orientar Bieber no começo dessa fase da maconha. "Quer dizer, sinceramente, é uma questão de percepção. No fim das contas, tem gente que não acha bom. E se a pessoa não sente que é bom, não quero que ela fique desconfortável. Então não vou enfiar na cara dela. Você nunca vai me ver fumando. Porque não sou assim. Se é uma coisa que faço, é uma coisa que faço e só, não é quem eu sou e o que quero ter exposto para o mundo. Tipo, quem é Snoop Dogg? É o cara que fuma muita maconha. Essa se tornou quase a identidade dele. E não quero que a minha identidade seja qualquer coisa além de quem eu sou e o que a minha música está retratando de mim."

Foi um funcionário da suíte administrativa de Scooter Braun em Beverly Hills que a princípio sugeriu a ideia de Bieber ser fritado em um Comedy Central Roastno início do ano. "No começo, não estava muito certo", conta, ainda parecendo ligeiramente incerto de que tenha sido a escolha certa. "Quanto mais pensava no assunto, mais eu sentia: 'Quer saber? Não tenho medo de rir de mim mesmo'." O programa acabou sendo uma estratégia de marketing genial. Ficar sentado ouvindo um catálogo das rotineiras ofensivas de tabloides, potencializadas para efeito cômico, não só mostraria que Bieber agora está do outro lado de seus "tempos sombrios", mas também o colocaria em um palco perto de membros inteligentes, sagazes, engraçados e canonizados da elite da fama dos EUA: Will Ferrell, Shaquille O'Neal, Martha Stewart, Kevin Hart, Snoop. Todos se enfileiraram para uma pancadaria brutal, com plena consciência de que estariam ao mesmo tempo ungindo Justin Bieber com um apoio tácito.

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Para Bieber, foi literalmente o caso de aguentar o tranco e colher os frutos depois. Doeu. "Claro. Assim que alguém falou, já pensei: 'Ai, caralho." Mas ele apanhou de frente, vestindo um terno azul-escuro com um belo toque de seriedade na gravata preta, o cabelo penteado para trás, como um jovem infrator reincidente que se prepara para a audiência da condicional. "Foi um jeito legal das pessoas entenderem que superei e que isso está no passado, vamos rir e não pensar mais no assunto." Bieber é um devoto religioso que vê Deus em tudo. A penitência lhe fez bem.

Uma vez que a fraternidade do entretenimento o aceita em seus braços, a elite musical fica a apenas um piscar de olhos. Bieber já tinha angariado algumas boas fichas colaborativas com Drake e Nicki Minaj. Está alerta e sabe quem quer e não quer trabalhar com ele. "Estou bem ciente das pessoas e acho que não pediria a alguém que sei que não iria querer. Tenho um bom termômetro para avaliar a quem posso pedir. Normalmente, as pessoas aceitam." Quando fez Where Are Ü Nowcom Skrillex e Diplo, Bieber diz que foi tocado por um poder maior. "Vejo isso totalmente como sendo Deus. Não poderia ter pedido um começo melhor para tudo isso, e ainda mais na direção que tomou… Com certeza foi Deus. Porque você nunca sabe quando terá um sucesso."

Ele já conhecia o Diplo antes, "quando fiz meu primeiro álbum. Era um pouco adulto demais. O som não fazia sentido para o que eu fazia na época." O disco novo começou três anos atrás. "Eu estava em outro momento e a minha música refletia isso. Quando você está num momento ruim, canta sobre coisas meio ruins. Não sei se vou lançar. Provavelmente mais para frente. Mas queria voltar com esperança."

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As sessões começaram determinadas na mansão de Rick Rubin em Malibu com uma banda no início do ano. A maioria do material de Rubin já estava pré-gravada, mas Bieber passou por um período útil de liberação pessoal na semana e meia que passou com o guru. "Meditamos muito. Oramos juntos. Ficamos muito próximos bem rápido." Todo o material que ele finalizou desde então com outros colaboradores voltou para o Rick para uma última repassada e toque de Midas antes do lançamento. Bieber gostou do estado mental em que Rubin o colocou. "Ele faz as pessoas se sentirem valorizadas quando estão na presença dele, o que é uma qualidade muito especial. Estou trabalhando nisso agora. Quando estou em qualquer situação, quero fazer a pessoa se sentir valorizada. E ter um engajamento mesmo. É difícil, porque tem muita gente que sempre quer alguma coisa. Mas estou melhorando nisso." Ele diz que hoje está esperto para pessoas que chegam no estúdio só pelo dinheiro. "Não pode ser uma coisa só para tirar a sua porcentagem."

O envolvimento de Kanye West selou o disco. "O Kanye é demais. Ele fala. Muito. E é muito da hora. Mesmo quando parece doideira, sei que estou escutando o que ele sente, porque ele sempre coloca as coisas por uma perspectiva muito diferente." O cantor faz uma pausa. "Ele faz você refletir. Ganhar a aprovação dele fez com que eu me sentisse à vontade com o projeto." No dia seguinte ao nosso encontro, Bieber iria à Grécia, onde um estúdio construído especialmente foi providenciado para ele trabalhar nos retoques finais no disco de frente para o mar. "Acho que terminamos em uns cinco dias."

Justin não se arrepende do episódio do macaco. "O macaco foi presente de um amigo meu", afirma. No alto escalão do mundo de Justin Bieber, ganhar um macaco de presente faz total sentido. Acho que foi isso que ele quis dizer quando falou que sua imaginação era grande demais para uma cidade pequena como Stratford, em Ontário.

"Não foi esquisito para mim. Obviamente, as pessoas olhavam do tipo: 'Por que ele tem um macaco?' Mas se você pudesse ter um macaco, você não iria querer ter?"

Ele me olha com cara de "dã", como se dissesse "você não viu o Marcel em Friends? Não ouviu falar do Bubbles, do Michael Jackson?" Não tinha como amá-lo mais por isso.

"Por favor! Não vamos olhar para isso como se fosse esquisito, é uma coisa bem da hora de se ter, É um macaco!"

Não vamos olhar para o Justin Bieber como se fosse esquisito. É o Bieber!

"E já que tinha um macaco, queria levá-lo para todos os lugares. Pensava: 'Não vou para lugar nenhum sem o macaco'. Fui para a Alemanha e eles disseram: 'Você não tem os documentos certos'. Eu tinha levado todos os documentos que achei que precisaria, mas aparentemente, não era a papelada certa, então pegaram meu macaco. Sério, consigo entender porque o Michael gostava de macacos. Não vejo nada de errado em se ter um macaco. Talvez eu compre outro." Onde está o macaco agora? "Ele está em um zoológico na Alemanha, então está sendo bem cuidado. E está com outros macacos, então está feliz."

Créditos
Texto Paul Flynn
Fotografia Alasdair McLellan
Cabelo e Maquiagem Florido Basallo do 901 Salon com Tarte Cosmetics
Assistentes de Fotografia Lex Kembery, Matthew Healy, Simon Mackinlay
Produção Nina Qayyum da Art Partner
Pós-produção Output
Tradução Aline Scátola

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