FYI.

This story is over 5 years old.

Fotos

Ibiza Já Era Bem Louca Antes da Geração Rave Chegar

Antes de ser invadida por turistas ingleses de shortinho dispostos a pagar 15 paus por um drinque brilhante na Pacha, a cidade de Ibiza estava cheia de europeus sensuais usando roupas estranhas e dançando em boates a céu aberto.

Todas as fotos por Derek Ridgers.

Antes do ecstasy vagabundo e do Paul Oakenfold, Ibiza era totalmente diferente: uma das Ilhas Baleares conhecidas por ser o destino favorito de hippies ricos e famosos, um lugar para escapar da rotina exaustiva de ganhar a vida fazendo música. Mas houve um curto período intermediário entre os anos boho e o Ibiza Uncovered – um tempo entre o meio dos anos 1970 e o final dos 1980.

Publicidade

Durante essa época, antes de ser invadida por turistas ingleses de shortinho dispostos a pagar 15 paus por um drinque brilhante na Pacha, a cidade de Ibiza estava cheia de europeus sensuais usando roupas estranhas e dançando em boates a céu aberto. Era meio como Berlim nos anos 2000, mas com praias ensolaradas de areia branca em vez de ventos árticos e arquitetura soviética.

O fotógrafo Derek Ridgers estava passando as férias com a família em Ibiza em 1983 e acabou cruzando com toda essa turma; como tinha acabado de fotografar os skinheads de Londres, ele voltou sua câmera para esse pessoal e suas baladas. Seja lá por qual razão, nenhuma publicação quis comprar essas fotos na época, então, elas permaneceram inéditas por décadas até que Derek as desenterrasse e colocasse como parte da exposição “Ibiza: Moments in Love” na ICA de Londres.

Liguei para o Derek para conversar um pouco sobre as fotos.

VICE: Oi, Derek. Você era parte da cena dos clubes noturnos de Ibiza ou somente um observador?
Derek Ridgers: Eu estava de férias com a família; eu tinha 33 anos e sempre fui um observador. Eu tinha feito muitas fotos nos clubes noturnos de Londres – como o Camden Palace e o Batcave – na época e, quando passei férias em Ibiza em 1983, vi que tinha algo similar acontecendo nas ruas da cidade.

O que havia ali que você sentia que precisava capturar?
Era algo bastante excepcional. Era como estar num clube londrino, mas nas ruas de Ibiza. Durante o dia, Ibiza era igual a qualquer cidade turística do Mediterrâneo, mas, à noite, algumas ruas viravam clubes a céu aberto. Não que eu achasse que isso precisava ser capturado, só não conseguia parar de tirar fotos. Era uma compulsão.

Publicidade

Todos aqueles cartazes e panfletos de divulgação não afetavam a aparência da cidade durante o dia? Ou ela era ainda muito hippie quando você esteve lá?
Havia ainda alguns hippies velhos nos bares de Ibiza, mas não tanto quanto em outras partes do Mediterrâneo. As lojas ainda vendiam roupas de hippie – sabe, roupas de gaze, saias longas e coisas assim. Cartazes e decorações não foram algo que me chamaram a atenção na época; é só em retrospecto que essas coisas entram em foco.

Você acha que essa cultura se diluiu com a invasão britânica no final dos anos 1980 e começo dos 1990?
Em 1984, isso já estava começando a diluir, mas não acho que foram os ingleses necessariamente. No começo dos anos 1980, gente bonita da Europa ia para Ibiza no começo do verão e já tinha ido embora quando os ingleses chegavam para suas férias. Mas eram os outros europeus que estavam no comando da cena que fotografei; havia mais espanhóis e alemães do que ingleses.

O ecstasy era algo generalizado quando você fez essas fotos?
Acho que não. Foi só alguns anos depois que isso realmente chegou aos clubes. A primeira vez que ouvi falar de ecstasy foi quando a Grace Jones me falou sobre isso, quando a fotografei em 1984 ou 1985.

Você já tinha fotografado outros movimentos jovens antes – como os skinheads no final dos anos 1970 e começo dos 1980, por exemplo. O que acontecia em Ibiza se assemelhava de alguma maneira?
Não sei dizer. Isso não foi algo muito focado. Eu me concentrei mais no sentido de que isso acontecia em apenas algumas ruas da cidade, mas não me concentrei tanto como com os skinheads porque havia visuais muito diferentes ali. Não era um estilo específico; eram, entre outros, góticos e garotos que pareciam ter acabado de sair do Camden Palace.

Publicidade

A cena dos clubes noturnos foi algo que você acompanhou e fotografou na Inglaterra?
Não muito. Parei de acompanhar quando toda a cena rave começou. Tudo mudou. Eu estava procurando por aquele tipo de pessoa “ei, olhe para mim”, que ficava feliz em posar para a câmera e que gostava de se produzir para a noite. A mudança na cena rave britânica não foi algo que me chamou a atenção de imediato. A coisa toda era muito obscura; acontecia em campos, armazéns e lugares assim, o que seria difícil de fotografar de qualquer forma. Algumas dessas festas aconteciam em campos enlameados e as pessoas não se produziam mais para sair como antes.

Que chato. Por último, por que você demorou tanto tempo para expor essas fotos?
Antes da exposição, as fotos eram inéditas. Tentei vendê-las para a revista The Face na época, mas eles disseram que os leitores ingleses não iam se interessar pelo que estava acontecendo em Ibiza. Depois disso, eu me esqueci delas e me concentrei em outras coisas.

As fotos de Derek são parte da exposição “Ibiza: Moments in Love” na ICA em Londres. A exposição é um olhar sobre a ilha nos anos 1980 por meio de uma coleção de cartazes de clubes, livros e fotografias, e vai até 26 de janeiro de 2014.

Clique abaixo para ver mais fotos de Ibiza do Derek.

@Jak_TH