Internet (I)legal Como se Fosse 1995

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Internet (I)legal Como se Fosse 1995

Resolvi testar um esquema para acessar a rede me divertindo novamente e de quebra ser bem mais alternativo que todo mundo: a Deep Web.
V
Por V1C3

Porra, vamos admitir: a internet anda um saco. A censura nas buscas de discos pra download e os vários álbuns raros desaparecendo, os blogs e as contas em sites de compartilhamento sendo fechadas e a obrigatoriedade de piadinhas sobre todo e qualquer assunto, salvo raríssimas exceções, já encheram os não desocupados. Então resolvi testar um esquema para acessar a rede me divertindo novamente e de quebra ser bem mais alternativo que todo mundo: a Deep Web.

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Bom, tanto faz o nome, tem quem chame de Invisible, tem o povo que quer pagar de desinformação pique Datena e chama de dark internet (ui, que medo) e por aí vai. O importante é saber que aqui está um mundo bem paralelo ao que a maioria de nós vive atualmente na rede mundial de computadores. Para começo de conversa, para chegar na Deep, é recomendável pesar uns quilos a mais, necessário manjar Linux e então configurar o Tor, um programa criado pela Marinha norte-americana que te dá um anonimato na internet, jogando seu IP para países e cidades aleatórias. Isso feito, chegamos ao local onde os domínios não são nomes sacadinhos .com ou .org, e sim algo como você muito louco batendo a cabeça no teclado .onion. E todos os sites parecem que foram desenhados em 1995!

Enfim, os endereços bizarros tipo asjdrahsjxkjxnhc.onion são imemoriáveis. E dentro dessa rede há, segundo pesquisas norte-americanas, mais de 1000 vezes o conteúdo que encontramos nos resultados do Google.Desde fóruns de culinária até sites com mutilação genital, passando por venda de drogas, assassinos por encomenda, muita pedofilia e as subsequentes ações hackers detonando pedófilos. Todas as transações monetárias são mediadas pela tal moeda virtual Bitcoin. Falando em ações, o Wikileaks começou lá e o site está aberto até hoje. Os conhecimentos do Assange possibilitaram a ele sacar que dentro de uma rede sem leis, seria possível compartilhar informações sobre o governo pagando de louco com todo mundo. Por causa do anonimato, fica complicado encontrar o responsável por um site, logo, além dos ativistas digitais, o FBI também está ali 24hs por dia esperando algum desavisado entrar lá e sair abrindo fóruns com crianças nuas.

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Por cerca de um mês, visitei frequentemente a Deep Web e acabei descobrindo algumas coisas legais e outras nem tanto. Por exemplo, dentro dela há muito conteúdo bacana, como 43gb de livros em PDF separados por tema, acervos de filmes raros, depósitos de sons em FLAC (alta qualidade), sites dedicados a programadores e hackers, e um site com os abusos judiciais da Espanha. Tudo legal pra cacete. Aí eu comecei a pesquisar algumas coisas e vi uma rola sendo frita com milho em cima. Fiquei meio triste depois disso.

Após ver o pênis na panela, passei a procurar umas bizarrices e vi um cara oferecendo um serviço pra matar uma galera. Tem lá tudo bonitinho, o preço, o e-mail, como faz etc. Encontrei o já clássico site de venda de drogas “Silk Road” [e sim, isso é real, você compra como se estivesse pedindo aquele celular maneiro no Extra] e vi uns livros ensinando como fazer umas bombas. O clima começou a ficar pesado e após sacar que lá está cheio de sites fakes, prontos para te foder, e parei de usar. O grande foda de tudo isso é que nada, absolutamente nada, a não ser que você teste, pode ser provado. O Silk Road só é considerado de verdade porque alguns jornalões já compraram drogas lá. Por isso também me deu a sensação duma internet “back to 1995”.

Quando me falaram da Deep Web, pensei que fosse uma terra de ninguém, totalmente anarco e tal, mas não é bem assim, o acesso é bem restrito, afinal, qualquer passo em falso, a Polícia Federal bate na tua porta ou seu computador pega um vírus tão forte que a AIDS vai parecer uma gripe em comparação. Até pensei que isso seria a solução para blogs de download, tendo em vista esse posicionamento da irmã daquele cara que cheirava pra caralho…  Mas ah, não é assim, infelizmente. Afinal, se a ideia é compartilhar cultura e atingir o maior número de pessoas, colocá-los numa rede de acesso restrito e complicado, que requer conhecimentos de informática avançados, é algo bem sem sentido.

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Entrei nessa sem querer ver rolas, vaginas sendo devoradas por felinos, bizarrices ou provar se tudo o que falam por aí é verdade, apenas buscava um modo alternativo à chatice da internet convencional atual. Minha conclusão é que o mundo todo tá esperando alguém criar alguma outra parada, que seja funcional e livre, e que seja fácil de acessar. Programadores do mundo, uni-vos! Enquanto isso não acontece, vejamos umas outras fotinhas fofas de como são os sites por lá.