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Los Angeles Sacaneou o Pornô?

Mês passado a prefeitura de Los Angeles passou uma lei única - que também foi aprovada pelo prefeito Antonio Villagairosa - que força os atores pornôs a usarem camisinha nas filmagens.

Mês passado a prefeitura de Los Angeles passou uma lei única — que também foi aprovada pelo prefeito Antonio Villagairosa — que força os atores pornôs a usarem camisinha nas filmagens. E isso é uma puta treta.

As estimativas variam — e a logística que rastreia esses números dá margem a todo tipo de ceticismo — mais de 80 a 90% da pornografia profissional (sem falar da amadora, com animais de animação fofos olhando para a câmera no fundo) é feita em LA É muita coisa, e esse é o ponto. É uma coisa tão permeada na cultura que nos meus sete anos como morador daqui já perdi a conta das vezes que tive um debate interno sobre se devia ou não contar para a pessoa que está comigo que reconheci aquela garota ou aquele cara, e não é aquele lance de celebridades, era mais no sentido “da última vez que vi ele ou ela, eles estavam metendo na tela do meu computador”.

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Ainda não está claro como a medida será aplicada — fiscais irão até todos os sets com cheiro de KY para se certificar de que nenhuma camisinha escape acidentalmente? Mas isso não significa que não se deva debater a ideia.

Do lado dos encamisados temos a AIDS Healthcare Foundation, a força principal por trás da pressão por essa legislação. Do lado dos descamisados temos o pessoal que realmente trabalha na indústria dos filmes adultos e que discorda unanimemente da lei — pelo menos ainda não vi opiniões dissidentes — por muitas razões, que vão da violação flagrante das liberdade civis, até minha refutação favorita, a de que o “sexo pornô” é tão brutal e dura tanto tempo que camisinhas simplesmente não são feitas para esse tipo de, digamos, atrito.

Mas a opinião que tem sido deixada de lado até agora é a do consumidor. E, como todo mundo sabe, na nossa sociedade capitalista o consumidor sempre vem em primeiro lugar.

Então:

Como alguém que já passou uma quantidade de tempo razoável assistindo atores pagos socando seus genitais uns nos outros, a perspectiva de um mundo pornô emborrachado é angustiante.

Pornografia é um tipo de escapismo. Quando assiste, você sabe que há uma grande chance de um cameraman suado e um operador de som bigodudo estarem naquele quarto, e dentro do alcance da ejaculação. Ou que as pessoas ali podem não estar curtindo tanto quanto elas querem que você acredite. E é a mesma coisa com filmes de grande orçamento, a gente sabe que aquele ator multimilionário não está se segurando só com os dedos na beira de um prédio de 110 andares, sabemos que ele está de pé no ombro de algum trabalhador. A parte do cérebro que detecta essas bobagens é propositalmente desligada. Isso é ignorância voluntária, na sua forma mais absoluta.

A introdução de uma camisinha no procedimento, então, lembra o espectador, mesmo que só subconscientemente, do mundo feio lá de fora. Um mundo cheio de doenças sexualmente transmissíveis, da ameaça constante de gravidez indesejada, e, talvez o pior de tudo, do fato que ter um tubo de látex agarrado na parte mais sensível do seu corpo não é tão gostoso quanto mandar ver de maneira desobstruída.

Não estou dizendo que as pessoas não deveriam usar camisinha na vida real, assim como não diria pra alguém não usar o cinto de segurança enquanto dirige. Mas se você assiste Missão: Impossível, você não fica reclamando e pedindo pra mudarem a legislação porque o Tom Cruise não olhou para os dois lados antes de atravessar a rua.

E mais, e isso é um aspecto muito importante, camisinhas são esquisitas de um ponto de vista estético. A coisa toda fica com um formato estranho, tipo o último pedaço de intestino de vaca onde uma avó lituana tenta colocar todo o resto da carne de porco curada. E não existem leis de segurança na manipulação carne?