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Música

Meu Irmão Era de Uma Boy Band Chinesa

Em 2001, Rich, meu irmão mais velho, foi para Pequim. Chegando lá, ele mentiu sobre sua idade, mudou seu nome para Jun (que significa "bonito" em chinês) e montou uma banda pop, cujo maior sucesso foi uma música chamada Get On Up and Get Down, que eles...

Unique se apresentando em Pequim em 2002.

Em 2001, Rich, meu irmão mais velho, foi para Pequim. Chegando lá, ele mentiu sobre sua idade, mudou seu nome para Jun (que significa “bonito” em chinês) e montou uma banda pop, cujo maior sucesso foi uma música chamada Get On Up and Get Down, que eles apresentaram na frente de milhões de adolescentes histéricas. De acordo com a nossa mãe, mesmo sendo uma experiência curta, foi a coisa mais incrível que um membro da minha família já fez.  Vice: E aí… lembra quando você estava naquela banda pop? O que foi aquilo? 
Rich Akers: Sinceramente, foi falta de opção.  Fala sério.
Verdade! Uma mistura da falta de diploma e escolhas profissionais erradas fez com que “membro de uma boy band” parecesse uma boa ideia.  Ofertas de emprego desse tipo não aparecem assim do nada. Qual era a sua naquela época? Onde você estava com a cabeça? 
Éramos só uns caras que se conheciam da cena de dança de Melbourne, tentando arranjar papéis em musicais. Tínhamos ido à China algumas vezes e ficamos com inveja de como lá eles se impressionavam tão facilmente. Eles eram loucos pelo Backstreet Boys e até por grupos de quinta como Michael Learns to Rock. Olhamos um pro outro e pensamos: “Nós podemos fazer isso”. Isso foi há dez anos, quando tinham milhões de pessoas andando de um lado pro outro sem ter pro que olhar. Multidões se juntavam ao redor de acidentes de carro ou discussões domésticas. Não que tenhamos feito algo de um jeito superexplorador, mas também seria loucura não ver esse lado. Mas, sim, achamos que com aqueles milhões de pessoas nossas chances eram ótimas.  Então conta como foi, passo a passo. Quem eram os membros da banda? 
Tinha esse moleque, o Alex, que queria ser o rapper/B-boy da banda. Ele conduziu a coisa toda. Ele queria muito ser famoso.  Ele era chinês, certo?
Era. E além dele e de mim também tinha o Nick, um australiano, gay, superfã de musicais.  E como era o nome da banda?
Unique. Por que…
Bom… éramos nós sendo internacionais. Tínhamos um chinês, um branquelo e eu—eu sou meio misturado. E isso era diferente. Além disso, nos vestíamos com estilos diferentes. Não é uma cirurgia cerebral, mas funcionava como conceito. Além disso, ou a banda ia se chamar Unique ou Sydney Boys. Mas vocês eram de Melbourne.
É. A ideia foi do pai do Alex. Ele falou: “Os chineses amam as Olimpíadas”. O pai do Alex, o seu Gao, foi importante porque ele financiou tudo. Ele tinha um negócio de móveis, mas era totalmente a favor da banda. Tive que lutar com unhas e dentes para vetar aquele nome.  Sua boy band era “paitrocinada”?
Era bem divertido. Ele tentava fazer com que tocássemos versões pop/R&B de canções folclóricas chinesas. Ou fazia declarações do tipo: “O Alex tem que ficar na frente!”.  Bom, ele era o mais baixo.
Isso é verdade. De qualquer forma, o seu Gao era muito exigente e tinha uma grande expectativa. Em geral ele era legal comigo e com o Nick, mas ele dava broncas pesadas no Alex em público se ele fizesse besteira. Ai! OK, então vocês montaram a banda, deram um nome a ela, juntaram umas músicas, mas e depois? 
Depois fomos para Pequim. O seu Gao nos colocou num apezinho de merda. Frio de congelar. Daí, simplesmente, viramos pop stars. Passamos por várias situações estra-nhas e dolorosas, mas honestamente, foi legal pra cacete. A China era uma loucura. Quando eu disse que eles se impressionavam facilmente, fui condescendente e impreciso. É que eles têm essa mentalidade de fã superen-tusiasta. Eles apoiam as coisas de verdade. Além do mais, fora as bandas de K-pop, ninguém nunca ia para a China.