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Morre Zé Bonitinho, o Eterno Perigote das Mulheres

"Hello mulheres do meu Brasil varonil. Vou dar a vocês um tostão da minha voz. Câmeras, please. Close! If I had a thousand women... au au... au au."

Foto: Roberto Nemanis/ Divulgação

Na manhã desta quinta-feira (26) o humor perdeu um de seus mestres e a arte da sedução perdeu o seu Deus, aquele que não era sal grosso, mas tava sempre em cima de uma carne seca. Jorge Loredo morreu aos 89 anos com falência múltipla dos órgãos. Há anos lutava contra uma doença pulmonar obstrutiva crônica e um enfisema. O ator estava internado na UTI do Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, desde o dia 3 de fevereiro.

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O homem irresistível, sedutor e malandro das antigas que você se acostumou a ver na televisão nasceu na década no final da década de 50 inspirado num amigo de Loredo. Os bordões de Zé Bonitinho, aquele que não é chuveiro, mas deixa as mulheres molhadas, ganharam força e serviram de inspiração para Rogério Sganzerla em duas ocasiões. Primeiro no filme-grito Sem Essa, Aranha, de 1970, em que o personagem principal é um malandro avassalador.

Em Abismu, de 1977, Zé Bonitinho se apresenta – num grande close – à câmera de Sganzerla novamente. Suas frases de efeito se misturam a um texto complexo e alucinógeno. Numa brilhante interpretação, Loredo empresta seu personagem e desconstrói seu discurso e seu humor diante de um olhar confidente. A impressão que dá ao ver o longo monólogo do ator neste filme é de acompanhar uma grande viagem de ácido, dessas que dão certo.

Loredo foi o perigote das mulheres por mais de cinco décadas. Foi o maior galanteador do Brasil e sustentou o cargo até hoje cedo. Na TV já interpretou o Zé Bonitinho na Praça da Alegria e Escolinha do Professor Raimundo, na Globo e na A Praça É Nossa, do SBT. Já usou sua sedução para ser garoto propaganda nesse comercial da Melissa, de 1981:

E gravou algumas canções. Entre elas a marchinha "Eu Sou o Zé" e a Jovem Guarda "Zé Bonitinho", que abre com o xaveco. "Atencção, garotas. Aqui está o disco que vocês esperavam".

Seja cantarolando "Strangers in the Night", do Sinatra, ou superlativando seus dotes, Jorge Loredo deixa um legado para o cinema, TV e música brasileira. Zé Bonitinho, aquele que não é batom, mas tá em todas as bocas, morreu, mas continuará a dar aulas profundas de charme e carisma às novas gerações.