Na Real, a Comic Con É Muito Incrível

Ilustração por EpicFaceFist. Fotos por Julia Prescott.

Quando alguém toma a decisão na vida de ser contra tudo o que a maioria das pessoas normais acha universalmente atraente, a Comic Con de San Diego parece um alvo fácil. É lotado, cheio de propaganda corporativa agressiva, é caro para entrar, brega e todo mundo é superesquisito. Tudo verdade, não vou negar. Mas, apesar de tudo isso, a convenção é incrível!

Você não Precisa se Misturar com a Ralé!

Vou à SDCC há seis anos seguidos, profissionalmente e não. Dave Schilling está certo ao apontar (em seu discurso emputecido e cínico contra tudo o que é divertido) que o processo para conseguir um passe geral da EPIC Registration é desnecessariamente complicado. Porém! Esse processo é o que afasta os nerds casuais que sempre estragam o evento dos nerds tr00.

Passe profissional é o que você quer nessa situação, e a definição aceita do que constitui ou não um “profissional” na SDCC é muito flexível. Você se fantasia? Você é profissional. Você faz uns desenhos baseados em personagens da cultura pop no seu Instagram? Profissional. Tem um blog? Um canal no YouTube? É campeão de air sex? Todos profissionais!

Admito que é um pé no saco ter que ficar provando sua “credibilidade” antes mesmo de ter a chance de adquirir a porra do passe. Mas pense assim: quando um evento é tão superpovoado quanto esse, você precisa dar um jeito de separar quem é alguém dos paga paus. A SDCC já fica lotada sem esse zé-povinho que corta fila e ocupa espaço nos corredores públicos só porque ouviu falar que o elenco do The Big Bang Theory estaria aqui.

Não É Assim Tão Caro!

A SDCC já é um evento industrial hoje, como a E3 ou a CES. Se você tem algum trabalho para fazer aqui, sua empresa vai pagar seu passe, seu hotel, a viagem e o entretenimento de qualquer maneira, permitindo que você torre seu salário em edições limitadas de quadrinhos em capa dura, brinquedos de vinil e camisetas. Mas vamos dizer que você é o tipo de pessoa que curte gastar sua grana numa viagem para a Comic Con. De qualquer maneira, isso ainda vai sair mais barato do que ingressos pro Coachella, Burning Man e FYF. Todos os mesmos DJs que se passam por músicos hoje em dia vão tocar aqui em festas particulares, e você não tem que aguentar shows de bandas que fizeram algum sucesso nos anos 1990 para ficar tão louco quanto ficaria no Coachella. Você sai ganhando!

É Bom Para a Economia!

Cada um desses mutantes acampados na frente do Salão H, tentando ver um Nathan Fillion ou Joss Whedon suado e de ressaca por causa de uma baladinha joia da noite anterior (bancada pela indústria do entretenimento e para qual você não foi convidado), está colocando GRANA NOS NOSSOS BOLSOS. Suponho que muitos dos nossos leitores devem trabalhar no campo criativo, ou você estaria lendo sobre a Comic Con na People ou assistindo a uma matéria sobre isso na E! Mas não! Você lucra diretamente dos bocós que esperam 24 horas na fila, num calor dos infernos, para serem os primeiros a ver o trailer do terceiro Hobbit (que devia ser a porra de um filme só), 15 minutos antes de eles liberarem isso na internet para o resto do mundo. É por causa deles que você tem esse seu empreguinho de redator, diretor criativo, designer gráfico ou seja lá o que for. Não despreze esses entusiastas do camping urbano, pois são eles que te mantêm empregado! E você vai estar ocupado demais trabalhando para sequer pensar numa idiotice como acampar na frente do Salão H.

San Diego É Melhor que Las Vegas

San Diego é pequena demais para hospedar toda essa gente. Ninguém discorda disso. Mas considere a alternativa: Vegas é o único lugar grande o suficiente, mas Vegas é um puta saco. É superbabaca, todos os bares são baladas, todos os restaurantes são bufê, é no meio da porra do deserto e só existe para arrebanhar turistas e solteiras com péssimo gosto em gastar seu dinheiro suado.

San Diego é um lugar ensolarado e de clima temperado, fica perto da água e vários bares e restaurantes legais ficam a uma caminhada do centro de convenções. Além disso, cinco vezes mais pessoas do que a área central é capaz de suportar produzem cinco vezes mais lucro para os negócios locais. Tirar a convenção de San Diego tiraria efetivamente dinheiro de gente decente e trabalhadora, e entregar isso nas mãos do tipo de pessoa disposta a morar e trabalhar na porra de Vegas.

Sexo por Todo Lado!

Ninguém vai me convencer de que cosplay não é, pelo menos em certo nível, um lance relacionado ao sexo. Os bronies e os furries não veem problema em admitir isso. Mas por alguma razão, os tipos que fazem cosplay de super-herói e videogames querem que você acredite que se vestir como a Vampirella ou o Wolverine Arma X e ficar andando por aí de cueca e fita adesiva nos peitos não é sexy. Mas se pergunte o seguinte: qual é a festa mais cheia de tesão do ano nos EUA? A resposta óbvia: o Halloween. Para o pessoal do cosplay, é Halloween o ano todo, e a SDCC é tipo um clímax sexualmente carregado de cinco dias, com um monte de gente bêbada, roupas de látex, capas suadas, sabres de luz eretos pulsando, bustiês estourando e pintura corporal.

E TEM MAIS: uma maioria alarmante dos nerds está investindo no crossfit agora, então, tanto os caras quanto as minas estão no auge da forma física e querem que VOCÊ reconheça o duro que eles deram tanto na academia quanto na máquina de costura. Mas só no Tinder, por favor, eles não podem revelar suas identidades secretas para o público geral, né.

Mais Importante…

A Comic Con é o epicentro vivo e pulsante de uma guinada cultural que pode validar a incapacidade das pessoas de crescer e se livrar de seus bonequinhos, ler sobre acontecimentos mundiais, se envolver politicamente etc. É um lugar para ser criança para sempre e nunca ter que enfrentar os horrores da vida adulta. É um evento que recompensa você financeiramente por ser “especialista” em Doctor Who e/ou Guardiões da Galáxia. Um lugar onde te entregam um drinque grátis a cada esquina. Um lugar onde você acorda num quarto de hotel de ressaca, usando só pintura facial e aquelas mãos de espuma do Hulk, e depois volta para a realidade como se nada tivesse acontecido. Será que é realmente sobre isso que você quer destilar todo o seu sarcasmo?

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Tradução: Marina Schnoor