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O Gerente de Comunicações da VICE Austrália Fala Com Sasha Grey

A seguir a minha conversa coma Sasha Grey, possivelmente os 20 minutos mais excitantes de toda a minha vida.

Bloqueio de escritor é o equivalente jornalístico do pau mole. É aquela coisa: quando você tem que realizar algo que te desperta uma combinação extrema de medo e empolgação, pode ficar difícil de fazer a coisa rolar. Foi exatamente assim que me senti quando recebi uma ligação do meu editor perguntando se eu me “incomodava” em entrevistar uma das maiores estrelas pornô do mundo durante sua passagem por Sydney para promover seu primeiro filme convencional – Confissões de uma Garota de Programa, dirigido por Steven Soderbergh.

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Lógico que eu fiquei meio, “Claro, seria legal, lógico que eu não me importo, posso fazer isso numa boa”. Mas me senti estranho, com uma sensação de que eu tinha 14 anos de idade de novo, misturada com pânico. Afinal de contas, não é sempre que você encontra alguém que você já viu em todos as situações sexuais imagináveis antes de apertar sua mão. A seguir a minha conversa coma Sasha Grey, possivelmente os 20 minutos mais excitantes de toda a minha vida.

Vice: Uau, Sasha Grey. Acho que a primeira vez em que prestei atenção em você foi na entrevista que você deu para a série Shot by Kern da VICE. Você fez algumas coisas com a Vice desde então, certo?
Sasha Grey: Sim, eu fiz essa entrevista e depois fizemos um ensaio anti-moda pra uma edição e eu também estou trabalhando em um livro que vai sair pela Vice ainda esse ano.

Demais! Imagino que uma coisa que sempre te perguntam é como você conseguiu fazer sucesso tão rápido no mundo da pornografia. Muito deve-se ao artigo de 12 páginas sobre você como uma atriz pornô de 18 anos no Los Angeles Magazine, certo?
Isso mesmo, essa matéria saiu em 2006. Foi uma divulgação gigante e as coisas aconteceram a partir daí.

Li essa matéria um dia desses e percebi que o jornalista compara a carreira do diretor de seu primeiro filme com a do Steven Soderbergh. Você conhecia o trabalho dele antes dessa matéria ser publicada?
Ah sim, eu já era uma grande fã. Eu amo o trabalho dele.

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Foi através daquela matéria que o Soderbergh te descobriu?
Sim, foi exatamente isso. Na verdade eu tinha esquecido completamente dessa comparação que o jornalista fez, é bem engraçado olhando em retrospecto.

Você ficou preocupada com seu papel em Confissões de Uma Garota de Programa ser visto como um lance previsível, já que se trata de uma atriz pornô interpretando uma prostituta de luxo?
Se alguém com quem eu não tivesse a menor familiaridade chegasse pra mim dizendo, “Estou fazendo um filme sobre uma acompanhante”, provavelmente eu diria não. Mas porque era o Steven, era uma coisa completamente diferente e muito mais fácil de aceitar. Quer dizer, na verdade não fazia muita diferença qual seria o personagem, sendo um filme dirigido pelo Steven, eu certamente aceitaria.

No filme, está claro que a profissão de sua personagem põe muita pressão no relacionamento que ela tem com um parceiro. Existe essa mesma pressão na sua relação com seu parceiro atual, por conta da sua profissão? Rola uma ciumeira?
Não, não muito. Sabe, se você trabalha na indústria adulta não tem essa de brincar de enganar seu parceiro. Você sabe que fará sexo, todo mundo faz testes, e estamos lá pra realizar um trabalho. Tem muito pouco espaço para qualquer envolvimento emocional acontecer. Mesmo. Eu acho que os três primeiros meses do meu relacionamento foram os mais difíceis, porque no começo você esta tentando se adaptar, e não consegue fazer sexo espontâneo em casa. Isso é pelo menos metade da diversão de se fazer sexo, então atrapalha bem.

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Você lançou seu próprio disco, gravou vocais pro The Roots e Smashing Pumpkins, é uma escritora e atriz. Minha curiosidade é que, ao contrário da maioria das garotas que vêm pra Hollywood querendo ser atrizes convencionais e acabam entrando no pornô, você decidiu, antes de fazer 18 anos, que queria se mudar pra Los Angeles e virar uma estrela pornô.
É, eu simplesmente sabia.

É um erro achar que as atrizes fazem pornô na esperança de ficarem famosas e serem reconhecidas pelos diretores convencionais?
Eu acho. Mas isso acontece com uma porcentagem muito pequena das estrelas adultas. É como aquela coisa no Boogie Nights – um filme feito nos anos 90 sobre a indústria da década de 70. Agora estamos em 2009 e a indústria é bem diferente. Quer dizer, se seu objetivo é ser um “ator de verdade”, corre atrás. Não entre no pornô porque as chances são muito pequenas.

Eu estou falando isso mas sei que o Steven entrou em contato você por sua página no Myspace.
É, foi isso aí.

Você disse que a Belladonna é uma grande inspiração para você.
É, eu sempre gostei das atuações dela. Ela meio que reinventou a roda no pornô lésbico e o levou pra um outro nível. Antes dela, as pessoas não se interessavam tanto por isso, ela deixou essa scena muito mais interessante. Ela realmente gosta do que faz.

Eu concordo totalmente e acho que é muito mais excitante ver alguém que faz aquilo porque realmente gosta.
Exatamente.

Alguma atriz convencional que te inspirou?
Gosto muito da Jennifer Jason Leigh, acho ela incrível. Acho que o menino que existe dentro de mim geralmente presta mais atenção em atores, mas acho que a Jennifer é incrível. Ela é foda.

No passado você declarou que gostaria de dirigir seus próprios filmes pornô e eu me pergunto se você também tem vontade dirigir filmes convencionais.
Sim, eu adoraria dirigir um filme, mas será que eu faria isso mesmo? Sei lá. Eu escrevo meus próprios roteiros hoje em dia, então quem sabe.

O que você acha da vasta oferta de pornô em streaming na internet hoje em dia? Você acha que vai acontecer com a indústria pornô algo parecido com o que aconteceu com a indústria musical?
Total, e isso está acontecendo exatamente agora, e obviamente tirando dinheiro do bolso das pessoas. E pra piorar a situação, como se trata da indústria adulta, os tribunais não vêem a legitimidade, então é muito, muito difícil lutar pelos seus direitos autorais. Acho que é uma grande falta de sorte que tenhamos que lidar com isso. É o lado negativo da tecnologia, mas acho que tudo depende de você fazer um bom produto, você tem que fazer algo que as pessoas queiram comprar. Nós todos podemos ver uma garota transando em 4 posições diferentes naquele mesmo sofá que já vimos 100 vezes, mas o que pode ter de diferente, aquela coisinha extra? No meu site, por exemplo, eu ofereço muitas coisas diferentes. É um site multimídia e oferece mais aos meus fãs que simplesmente sexo e é isso que os fãs querem ver – eles querem uma visão mais íntima.