FYI.

This story is over 5 years old.

Entretenimento

O Software Convenant Eyes Bloqueia Conteúdo Profano da Internet

O gerente da empresa disse que a maioria dos usuários se encaixa em dois grupos: pais à procura de algo mais do que um filtro e homens adultos que “são fortemente tentados a procurar pornografia”. Decidi experimentar o software.

No colegial, eu tentava contornar os bloqueios de segurança do computador da escola com proxies que eu achava na internet. Minhas tentativas nunca funcionavam — o filtro era muito rigoroso e o sistema era esperto o suficiente para me pegar assim que eu visitava o Facebook. Quando eu me formei, fiquei feliz de não ter mais que me preocupar com uma babá digital enchendo o saco por causa de conteúdos NSFW que eu queria ler, mas muitos garotos cristãos nunca escapam do controle digital dos pais.

Publicidade

A Covenant Eyes é uma pequena companhia de filtros digitais de Owosso, Michigan. Ron DeHaas fundou a empresa há 13 anos, numa tentativa de manter seus filhos adolescentes longe da pornografia, além de também levantar uma discussão sobre o porquê de ninguém dever assistir pornografia, nunca, jamais. A empresa fornece aos usuários um software que permite bloquear sites e rastrear a atividade na internet, além de oferecer e-books com artigos sobre o vício em pornografia que ostentam títulos como “Meu Marido é Viciado em Pornografia!” e “Mulheres Que Assistem Pornografia Sentem Mais Vergonha que os Homens?” (traduções livres). Muitos desses incluem histórias pessoais de pastores, mães e usuários do Covenant Eyes, lembrando aos usuários que eles não são os únicos a sentir uma necessidade de se masturbar usando o teclado (não do jeito que você tá pensando).

Via Skype, Luke Gilkerson, o gerente da empresa, me disse: “O Covenant Eyes é contra a pornografia”. A empresa acredita que a pornografia prejudica a mente, tornando as pessoas improdutivas e mudando a maneira como elas veem e tratam as mulheres. Luke disse que a maioria dos usuários se encaixa em dois grupos: pais à procura de algo mais do que um filtro e homens adultos que “são fortemente tentados a procurar pornografia”, mas não gostam de como isso “consome suas vidas”.

Algumas semanas atrás, no trabalho, meu colega comentou que faz parte da primeira categoria de usuários do Covenant Eyes. Ele vive com uma família super cristã (seus senhorios) que usa o Covenant Eyes para evitar que ele veja conteúdo “profano” na internet. Como parte do acordo de convivência entre eles, ele é forçado a conectar o Covenant Eyes a seu celular e laptop. O aplicativo então envia ao patriarca da família relatórios semanais detalhando todos os sites que meu colega visitou. Apesar de ter encontrado algumas maneiras de burlar o aplicativo, ele ainda está confinado a seus limites.

Publicidade

Fiquei na dúvida sobre o que qualificava um conteúdo como profano (além da pornografia, é claro), então decidi experimentar o Covenant Eyes.

O Covenant Eyes oferece três opções de pagamento (o quê? Você achava que ser puro era de graça?). O Filtering, pacote simples de filtro de sites, custa US$4,99 (pouco mais de R$11) por mês e permite que o administrador bloqueie certos sites; por US$8,99 (R$20,50) por mês, o pacote Accountability monitora as atividades de um usuário, classifica os sites que ele visita e depois manda um relatório para o administrador (o relatório é opcional, mas esse é o ponto principal dessa opção de pagamento). Se você estiver realmente tenso com as atividades on-line de um cristão, é possível ter os dois pacotes por US$10,49 (R$24) por mês. Como bônus, o pacote final permite que você restrinja o tempo que um usuário pode ficar on-line. Você pode instalar os pacotes na maioria dos computadores e smartphones, mas a opção Filtering não está disponível para Android.

Ansiosa para ver quão sacrílega era minha atividade na internet, eu e minha namorada Erica assinamos as opções Accountability e Filtering.

Baixei o aplicativo no meu celular e no computador (registrei meu nome de usuária como “safadinha”, porque “pecadora” não deu em nada). A instalação foi relativamente fácil. O software perguntou quem eu queria que recebesse meus relatórios de atividade on-line. A Erica ficou como responsável.

Publicidade

Depois de tudo, o aplicativo me deu a opção de mudar o “nível de sensibilidade” dos relatórios que ele enviaria para a Erica. Eu escolhi a opção Jovem.

Em seguida, instalei o aplicativo no meu iPhone. Mais uma vez, baixei o aplicativo e loguei. Para que ele pudesse me stalkear, eu tinha que usar o aplicativo como navegador — ele só registra os sites que vejo com o Covenant Eyes, o que significa que o relatório não inclui os sites visitados com o navegador do celular.

Quando terminei de instalar o aplicativo no meu celular e computador, reiniciei tudo e o Covenant Eyes pediu que eu fizesse o login. O software se tornou o único administrador do computador e, se eu não logasse, eu não poderia acessar a internet até que eu desinstalasse o software.

Como o aplicativo bloqueava pornografia, fui para o Facebook, porque estava entediada, mas descobri que ele também estava bloqueado. Cliquei num link para o blog Lightsalot, para ver fotos de grávidas, mas mais uma vez o aplicativo bloqueou o que eu queria visitar.

Mudei meu nível de sensibilidade para Adolescente. Subitamente, eu não podia mais consultar minha Wish List na Amazon. Fui para a conta do Twitter do Covenant Eyes e cliquei num link chamado “Como Fechei Duas Lojas de Pornografia”. O Covenant Eyes bloqueou isso também. O software também bloqueou o site da VICE, mas isso eu já esperava.

Como tinha feito minha própria conta, eu não podia acessar meu relatório de atividade on-line a hora que eu quisesse, só quando o Covenant Eyes o enviasse para mim. Quando o relatório finalmente chegou, ele mostrava qual o horário em que sou mais ativa na internet (18 e 19h), os sites mais visitados, cada um com classificação e descrição, e a data e hora em que acessei certos sites. Como eu tinha colocado meu nível de sensibilidade muito alto, o Covenant Eyes bloqueou quase todos os sites que tentei visitar, mas não acho que qualquer um deles poderia fazer mal a um adolescente.

Sim, tenho vibradores na minha Wish List do Amazon, mas um dia as crianças vão descobrir que os vibradores existem. O software também bloqueou o Google, o Facebook e o Tumblr. Em outras palavras, o Covenant Eyes considera a maior parte da internet profana. Os empregados da empresa e seus usuários parecem ter boas intenções — eles querem proteger as crianças — mas pornografia e redes sociais são provavelmente menos perigosas do que o que a maioria das crianças encontra nas escolas. O software pode até impedir que os cristãos vejam conteúdo profano na internet, mas ele não vai impedi-los de topar com as realidades da vida.

@sofiesucks