Ophelia Wynne Deve Ter Tropeçado na Fonte da Juventude

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Ophelia Wynne Deve Ter Tropeçado na Fonte da Juventude

Um papo com a fotógrafa que largou a escola aos 14 anos sobre estereótipos de gênero, Blondie e barracos em casas noturnas de Helsinque.

Ophelia Wynne, fotógrafa documentarista, percebeu que a vida é mais do que passar os dias bebendo café instantâneo debaixo de lâmpadas fluorescentes. Ela largou a escola aos 14 anos para passar um tempo causando em Suffolk e Stoke. Em 1999, ela já fotografava regularmente para a The Face — com imagens que capturavam beleza e energia ingênuas que, estranhamente, você só encontra em pessoas bonitas e cheias de energia, antes que os dias de café instantâneo e lâmpadas fluorescentes levem todas elas para o reino das olheiras e da pressão alta.

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Nos últimos meses, Ophelia expôs uma seleção de imagens suas no The Other Club, um clube pop-up para mulheres de todas as profissões no centro de Londres. As fotos vão de rostos femininos sorridentes e cheios de sardas, espiando por trás de óculos de natação, até fileiras de pernas em meias-calças cor de carne e saltos. Eu me encontrei com ela para conversar sobre estereótipos de gênero, Blondie e barracos em casas noturnas de Helsinque.

VICE: Quando você começou a fotografar?
Ophelia Wynne: Fui para a Universidade de Nottingham Trent em 1995. Foi lá que passei a fotografar propriamente. Mas comecei a usar uma câmera quando tinha uns 11 anos. Eu costumava usar a câmera do meu pai.

Juventude e mulheres jovens são o foco de boa parte do seu trabalho, mas não daquela maneira sexualizada convencional.
Sim, elas não são sexy ou sexistas — elas são bem autênticas. É disso que eu gosto, fotografar as pessoas bem de perto.

E você não usa mais agências de modelos?
Algumas são modelos, outras não. Tento conseguir as modelos com o visual mais simples possível, como se elas fossem suas vizinhas que querem ser suas amigas ou coisa assim.

Elas realmente parecem muito genuínas.
Quero manter isso. Mesmo quando faço fotos de moda, tento manter tudo muito orgânico de uma maneira social.

Quais fotógrafos inspiram você?
Martin Parr, por suas cores berrantes e o tipo de fotografia “na cara” dele. E Nick Waplington, Richard Bilingham, Nan Goldin e Wolfgang Tillman.

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Há uma sinceridade que une todos esses fotógrafos.
É, o que você vê é o que você fotografa.

Há muita beleza aí.
Também acho. Alguém me disse que isso é documentário de beleza social, de certa maneira. Acho que estou tentando fazer algo atemporal. Então, toda imagem poderia ter sido tirada ontem ou há dez anos.

E você faz vídeos?
Eu adoraria, mas acho que sou muito voltada para a fotografia. Até eu me sentir confortável assim com o vídeo, não vou trabalhar com isso.

Fale um pouco sobre quando você trabalhava para a The Face.
Comecei fotografando a cena dos clubes noturnos de todo o mundo para as últimas páginas da revista e fui subindo. Eles me escalaram para fotografar os clubes de Helsinque. Eu usava uma 35mm, porque elas são bem pequenas e fáceis de esconder, então, era possível conseguir as fotos que eu queria sem ninguém perceber. Num desses clubes, tinha um cara que estava muito bêbado e que queria ser fotografado, mas eu estava de mau humor e disse não. Então ele me deu uma mata leão e me jogou no chão.

Legal.
Fui para casa chorando. Fiquei muito chateada.

Não é de se surpreender. Em contraste, qual sessão de fotos é sua preferida?
O Blondie. Em 2004 eles me mandaram para Nova York para fotografar a Debbie Harry e eu só pensava: “Caralho, ela é minha ídola. Estou fotografando minha ídola”. Foi fantástico. E ela foi muito legal comigo. Consegui uma foto sensacional para a capa da revista. Ela estava olhando para baixo nessa foto, enquanto todas as revistas preferem que as pessoas olhem direto para a câmera, mas insisti que essa foto fosse para a capa porque é uma imagem muito linda dela.

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Como você era quando adolescente?
Rebelde. Larguei a escola aos 14. O lugar era muito rígido e eu não queria fazer parte daquilo, então, larguei tudo e fui meio que uma criança de rua por um tempo.

Talvez por isso você goste de fotografar adolescentes aventureiros.
É, acabei de voltar de Great Yarmouth. Fotografei meninas de circo lá.

Incrível. Há um tipo de energia que você só tem quando é adolescente – dá realmente para sentir isso em seu trabalho.
É, acho que tenho mesmo muita energia.

Obrigada, Ophelia!

Veja mais do trabalho da Ophelia no site dela.