É impactante ver de perto a cidade-fantasma que o vilarejo de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, Minas Gerais, se tornou. A visão circunferencial, em 360 graus, mostra bem a realidade: casas vazias, rastros de destruição, a predominância da cor marrom provocada pela lama e a total ausência de vida. O dia 5 de novembro de 2015, marcado pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, foi definitivo para as pouco mais de duzentas famílias que viviam ali.Prestes a completar um ano do maior crime ambiental já acontecido no país, a VICE esteve na cidade mineira munida com seu equipamento em 360º e drones, que sobrevoaram Bento e o distrito de Paracatu de Baixo, também atingido pelo tsunami de lama.O futuro das famílias prejudicadas ainda é incerto. Segundo os moradores, a Samarco promete a entrega dos vilarejos reconstruídos até 2019. "Parece que eles vão chamar todo mundo individualmente e cada um vai falar como era sua casa. Agora, se vai ser como era antes, eu não sei", declara a agricultora Maria Aparecida Luiz, 45, que nasceu e viveu toda a vida em Paracatu de Baixo.Em outubro, o Ministério Público Federal indiciou 22 pessoas e as empresas Samarco, Vale, BHP Billiton e VogB pelo rompimento — sendo que 21 delas são acusadas de homicídio qualificado com dolo eventual (quando não se deseja o resultado, mas assume o risco de matar).Maria, ex-moradora de Paracatu, revisitou sua antiga casa junto com a reportagem da VICE. "Eu tinha quintal, horta com frutas", lamenta, dentro do cômodo que costumava ser sua cozinha. As expectativas para o novo vilarejo não parecem altas. "Tomara que fique bom. Igual?, acho que nunca vai ficar."Siga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.
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