Quando a Rihanna te Manda uma Mensagem pelo Instagram, Você Responde: Uma Entrevista com Sanam do Clipe BBHMM

Quando Rihanna lançou seu clipe muito NSFW Bitch Better Have My Money na quinta passada, os detetives da internet imediatamente foram investigar a cúmplice desi da Riri no vídeo. Quem era a enigmática morena que nocauteia a modelo Rachel Roberts com um único golpe de sua garrafa de vinho? Um nome continuava aparecendo nos tuítes e comentários infinitos, um único apelido, como a própria Rihanna: Sanam.

Sanam tem 25 anos, mora em Seattle e, antes de BBHMM, nunca tinha atuado. Três meses atrás, ela recebeu uma notificação de que @badgirlriri tinha começado a segui-la. Dias depois, a rainha pop mandou uma mensagem misteriosa a convidando para colaborar num projeto não especificado. Acontece que Rihanna tinha curtido uma selfie de Sanam, e queria colocar a moça no elenco do seu novo clipe.

Agora, Sanam virou truta da Riri. A internet se apaixonou pela capanga malvada que ajuda Rihanna a se vingar de seu contador trapaceiro. A VICE falou com Sanam sobre as aventuras dela no set com uma verdeira deusa, sua ascensão como uma Cinderela indiana e como ela aprendeu a amar a internet.

VICE: Como vai a sua vida desde que o clipe estreou?
Sanam: Vou trabalhar como qualquer pessoa normal. Trabalho numa floricultura num bairro bem chique e a maioria das pessoas que compra lá não sabe o que tá rolando. Um dia depois que o vídeo estreou, fui trabalhar e tudo estava completamente normal, mas meu celular estava explodindo o dia inteiro. Meus colegas de trampo sabiam do vídeo, mas nenhum dos clientes me reconheceu. Uma garota no Tumblr me mandou uma mensagem, tipo: "Ei, você me atendeu lá uma vez e acabei de te ver no clipe da Rihanna. Que loucura!".

É uma loucura mesmo, porque sou normal pra caralho. Trabalho numa floricultura.

Você postou no uma screenshot de quando a Rihanna começou a te seguir alguns meses atrás. O que aconteceu entre a Rihanna te seguir no Instagram te escalar como coadjuvante no clipe?
Quando atualizei minhas notificações, ela tinha parado de me seguir, então fiquei triste. Aí, duas semanas depois, ela me seguiu de novo. Na manhã seguinte, fui trabalhar e recebi uma DM dela no Instagram. Ela disse "Ei, tenho uma ideia que quero fazer com você. Te achei rara pra caralho. Você estaria interessada?". Eu não fazia a menor ideia do que ela estava falando. Pirei, né, porque a Rihanna estava me mandando uma mensagem no Instagram dizendo que me achava legal.

Aí recebi outra mensagem de alguém que trabalhava na empresa de produção que fez o clipe, tipo: "Queremos te colocar no clipe da Rihanna! Mande um e-mail pra gente ou ligue". Primeiro pensei: "Ah, isso não pode ser verdade. Isso é muito estranho". Mas acabei entrando em contato com o cara que me mandou a mensagem, e era tudo verdade. Passei o dia inteiro no trabalho falando com eles. No final do dia, eles disseram: "Recebemos a confirmação da Rih: Queremos te colocar no elenco e saber se você pode vir pra cá amanhã". Então peguei um avião pra lá no dia seguinte.

Ela me seguiu no Instagram na noite de quarta-feira e eu estava em LA na manhã de sexta. Foi insano.

O vídeo já é icônico. Como eles descreveram o conceito para você?
Nos primeiros dias, eu tinha uma ideia geral do que ia acontecer. Íamos sequestrar uma pessoa e seríamos as capangas da Rih, e tínhamos que ser duronas. Acho que o termo que eles usaram foi "bad bitch". Quando eles me contaram mais sobre o vídeo, pensei: "Caralho!". Conhecendo a Rih, eu sabia que isso ia ser superpolêmico.

Como ela é pessoalmente?
Ela é um doce. Ela ficou elogiando muito a gente. Ela é muito real e pé no chão, que é a coisa mais brega de se dizer sobre uma pessoa famosa, mas é verdade. Quando chegamos lá, a primeira coisa que perguntei foi "Como você me achou?". Ela disse "Te vi na minha página de Explore". Ela viu essa foto onde eu estava usando meu nath e minha tika. E ela disse "Te achei tão legal, e fiquei pensando se devia te mandar uma mensagem ou não. Não sabia se você ia topar". E eu sentada lá, tipo: "Tá louca? Você ficou nervosa em me mandar uma mensagem?".

E como foi a coisa toda no set? Parece que foi uma filmagem e tanto.
Peguei uma gripe um dia antes de ir para lá. Fiquei mal o dia inteiro, e nos primeiros três dias, fiquei sem voz. Pensei: "Estou quase morrendo, mas esta é a melhor semana da minha vida".

Lembro que a gente entrou no trailer da Rihanna, para que ela aprovasse o figurino, e ela disse: "Você precisa de alguma coisa? Você quer um remédio ou algo do tipo?".

Você é tipo uma Cinderela desi moderna. Você deixou uma legião de minas com inveja.
É, é verdade. Você não vê muitas garotas desi fazendo coisas assim.

Além de trabalhar numa floricultura, você também é uma artista. Que tipo de trabalho você faz?
Pinto e desenho desde que era criança. Com o tempo fui ficando especialmente consciente de questões sociais, fazer arte que fala sobre isso, mas de um jeito engraçado e irônico. Faz tempo que não faço nada. Fiz uma exposição em Baltimore em fevereiro.

É difícil fazer arte quando se é mulher, especialmente uma mulher não branca, porque não sou respeitada do mesmo jeito que um artista homem branco é. É muito difícil se sentir empoderada às vezes. Mas depois do clipe, achou que isso me deu um pouco mais de plataforma para falar sobre esse tipo de coisa.

Você conheceu a Rihanna na internet, pelo Instagram. Mas você já tinha uma comunidade construída na internet antes disso, com a sua arte e sua persona.
Postei uma selfie [no Tumblr] que realmente bombou. Estou na internet há muito tempo. Então tenho mesmo alguns seguidores, mas não nessa escala. Tenho aquela relação de amor e ódio com a internet, como todo mundo da minha idade. Isso pode ser um negócio tóxico e escroto às vezes, mas…

Mas só na internet a Rihanna pode te escalar para o clipe dela por uma foto no Instagram.
Exatamente. Não posso reclamar.

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Tradução: Marina Schnoor