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Ser Assistente de Produção de Filmes Pornô É o Melhor Trabalho do Mundo

Recentemente falamos o Doron, assistente de produção da empresa de filmes pornô inter-raciais Dogfart, para saber mais sobre esse trampo e discutir lubrificante, atualização de sites de putaria e outras partes quentes e úmidas de sua carreira de...

Sempre que entrevisto artistas pornô, eles mencionam os assistentes de produção, os caras em quem eles confiam para entregar lenços umedecidos e lubrificante quando for preciso. Trabalhei como AP num canal de TV a cabo por dois anos; então, sempre achei fascinante ouvir meu antigo título associado com inspeção de bundas e manutenção do estoque de lubrificante. Recentemente, falei com Doron, assistente de produção da empresa de filmes pornô inter-raciais Dogfart, para saber mais sobre esse trampo. Enquanto ele encerrava uma filmagem estrelando uma sósia da Miley Cirus, discutimos lubrificante, atualização de sites de putaria e outras partes quentes e úmidas de sua carreira de sucesso.

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VICE: O que você fez no trabalho hoje?
Doron: Hoje, procurei novas locações de estúdio, aí voltei e imprimi vários acordos de modelos. [Dogfart] fez uma filmagem com Jenna Ivory num gangbang com 11 caras negros – isso também tomou um tempinho. Aí, literalmente quando você ligou, eu estava tirando fotos da Milley May fazendo uma cena de punheta. Ainda estou no set agora.

Como você se tornou assistente de produção?
Em 2003, eu trabalhava num café, mas isso não dava grana suficiente. Desde os nove, sempre fui fã de luta livre – hoje, nem tanto –, então fui [até uma empresa de luta livre que emprega alguns artistas pornô], que ficava a uns dez minutos da minha casa, para entregar filipetas. Conheci Chico Wang, que era conhecido como Wanker Wang na época. Um ano antes, ele tinha começado um site chamado LukeFord.com, que era o Perez Hilton da época, um site de fofoca [da indústria pornô]. Ele estava gerenciando esse e outros dois sites pornô pagos. [Wang] postou no Luke Ford que estava procurando um "servo". Eu disse: "Sempre gostei de pornô. Sempre quis fazer isso. Vou te mandar um e-mail". Bom, ele me chamou, e a gente foi comer comida tailandesa. Estávamos num carro que tinha uma garrafa de mijo no banco de trás. Ele me entrevistou durante um almoço muito decente. Ele ficou sabendo que eu nunca tinha usado um programa de edição de fotos, ou passado um vídeo para CD, ou feito qualquer coisa dessas, e eu não tive notícias dele por algumas semanas. Depois de um tempo, ele falou: "Sabe de uma coisa? Vou te dar uma chance". Aprendi como fazer a iluminação, preparar os documentos – praticamente tudo que eu sei agora –, e, em certo ponto, ele teve a ideia de me colocar na frente das câmeras.

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Você chegou a atuar?
De 2004 a 2006. Acabei com garotas esfregando comida na minha cara enquanto falavam merda para mim e eu falava merda para elas.

Quando atuava, você também trabalhava como assistente de produção?
Eu ainda fazia o papel de assistente de produção – na verdade, eu estava montando minhas próprias cenas. Eu montava as cenas, atuava e, quando terminava – e sobrava bagunça –, eu limpava tudo. No dia seguinte, era lavar, secar e repetir.

O que você aprendeu sobre a forma com que se lida com artistas pornô?
Lembro que, para muitas garotas que filmei, era a primeira vez delas. Eu não esperava que elas fizessem um gol de bicicleta. Eu sempre dizia "Ei, se alguma coisa te deixar desconfortável, me avise. Se divirta, não se sinta pressionada, não tente nos impressionar". Se um cara está com dificuldades [para ter uma ereção], você tem de dar um tempo para ele. A última coisa que você pode fazer é gritar "Por que você não consegue ficar de pau duro?", já que isso nunca funciona. Gritar com o ator, ou com qualquer um, nunca funciona. Você tem de ser calejado e ter paciência.

Quais as tarefas mais mundanas que você tem de fazer?
Nada é chato ou mundano. Quer dizer, filmamos uma cena, aí eu edito isso em dois ou três dias, porém nada é chato, pois isso tudo é importante. Os documentos são muito importantes. O lubrificante é muito importante. Mesmo se alguma coisa parecer mundana ou sem importância, isso é crucial.

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Qual a coisa mais louca que você já viu trabalhando com pornô?
As coisas mais loucas sempre aconteciam fora do set. Não tanto com a Dogfart – Dogfart é um lugar muito bacana para trabalhar –, mas, de 2003 a 2007, foram os anos que ficaram na minha cabeça. Eu pensava: "Como ainda estou vivo com 34 anos?". Ser assaltado por caras armados, o drama no set – dessas coisas eu não sinto falta.

Você foi assaltado?
Eu estava numa casa velha onde filmávamos. Tínhamos câmeras e computadores lá. Era de lá que eu atualizava dois sites pagos. Era um lugar ótimo porque tínhamos uma boa iluminação: não tínhamos de filmar em locações ou ficar pulado de lugar em lugar. Naquele dia, eu estava na sala assistindo a desenho, quando dois caras entraram apontando as armas diretamente para mim, e eu pensei "É brincadeira". E, segundos depois, eles tinham me amarrado, e eu pensei "OK, não é brincadeira". Por uns 30 minutos, fiquei amarrado com um cobertor por cima da cabeça. Achei que uma arma ia disparar a qualquer minuto e eu não ia ouvir nada porque já estaria morto.

Você gosta de onde está trabalhando agora?
Estou no melhor emprego agora. É muito legal trabalhar num lugar em que eles dizem "Ei, vamos te dar mais grana" sem eu precisar pedir. Curto muito o lugar em que estou agora.

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Tradução: Marina Schnoor.

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