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Mas Valentine não é o tipo de garota atraída simplesmente por flores e chocolates. Ela é a curadora técnica do Barts Pathology Museum de Londres, onde é responsável por restaurar, catalogar e expor cinco mil exemplares de espécimes vitorianos de restos humanos. Para o Dia dos Namorados gringo deste ano, Valentine fez a contagem regressiva em seu Instagram, @remains2beseen, postando fotos da anatomia do coração e outras coisas "românticas" das coleções de vários museus. Antes, porém, a jovem trabalhou oito anos num necrotério, estudou patologia forense e passou um tempo escavando túmulos de vítimas da praga e cemitérios medievais. Atualmente ela também trabalha numa dissertação sobre o olhar sexualizado, museus de anatomia e os vários graus de intimidade que os humanos compartilham com a morte — e não ignorou nenhum assunto. "Estou tentando encorajar as pessoas a enxergarem a necrofilia de maneira mais subjetiva", diz ela sobre a pesquisa. "Quando discutimos a morte, parece que a reação das pessoas geralmente desafia a lógica. Pessoas já me disseram que conseguiam se ver torturando alguém ou mantendo um escravo sexual, mas não se imaginavam transando com um cadáver. Por que isso?"Leia mais: O policiais de SP amam o Tinder
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Valentine não tem certeza se o site já resultou em algum romance sério. Mas ela sabe de várias pessoas que encontraram parceiros de pesquisa e amigos, e se conectaram a outros por networking mesmo, por causa de seu trabalho.Romany Reagan, candidata a PhD da Royal Halloway, Universidade de Londres, estuda herança de luto no Cemitério Abney Park e é membro do Dead Meet. Ela diz que o que mais gosta no site e o que o diferencia de outros sites de relacionamento é que não há pressão para se envolver. Na verdade, ela já tinha namorado quando entrou para o site, mas ainda queria "encontrar pessoas de mente parecida e se juntar ao diálogo". Mas ela também recomenda isso para quem está atrás de alguém especial. "Me decepcionei com sites tradicionais porque o que eu estava procurando era tão específico, que as chances estatísticas de encontrar alguém por esses meios, alguém em quem eu realmente estivesse interessada, eram praticamente nulas", diz. Reagan também é fã do Dead Meet porque Valentine oferece encontros reais para membros do site, geralmente no Barts Pathology Museum, que normalmente não fica aberto ao público. "Acho que eventos nos quais você sabe que todo mundo é da mesma área são muito melhores para encontrar possíveis interesses amorosos", diz Reagan. "Você está lá pela palestra e o open bar, não para olhar para cara dos outros em silêncio, tentando ficar com alguém"."Pessoas já me disseram que conseguiam se ver torturando alguém ou mantendo um escravo sexual, mas não se imaginavam transando com um cadáver. Por que isso?"
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Outra contagem regressiva que Valentine está fazendo para 2016 é para sua "aula de envasamento de coração" — uma oficina na qual ela vai ensinar a fazer seu próprio espécime médico a partir de um coração de ovelha. Como o envasamento de coração rolou no final de semana anterior ao Valentines Day, ela promoveu o evento como uma noite especial de Dia dos Namorados, com ingressos com desconto para casais buscando algo diferente para fazer nesse dia geralmente tão cheio de pressão. "É um jeito muito divertido de tentar algo novo e, ao mesmo tempo, aprender sobre a preservação de tecidos humano ao longo de eras e discutir coisas importantes como a ética da exibição de tecidos", diz Valentine. "Vou usar técnicas e fluídos de preservação que os museus usam e que outros estabelecimentos não têm acesso, mas a aula ainda vai ser algo leve. Ouvimos músicas com tema de coração: pense em 'Two Hearts' de Kylie e 'Heart of Glass' do Blondie".Talvez o velho ditado seja mesmo verdade — existe uma tampa para todo caixão.Tradução: Marina SchnoorSiga a VICE Brasil no Facebook, Twitter e Instagram.