Um guia jovem para o autoexame de câncer nas bolas
Ilustrações por Michael Dockery.

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Um guia jovem para o autoexame de câncer nas bolas

Porque uma simples checada no saco de vez quando pode salvar sua vida.

Matéria originalmente publicada na VICE Austrália.

Para caras jovens, o câncer testicular fica atrás apenas do de pele como o câncer mais comum. A idade média de diagnóstico gira em torno de 36 anos, e em 2016, a previsão é que 795 australianos serão diagnosticados com a doença. O risco de desenvolver a doença aos 85 anos é de um para 201 homens. Em comparação, uma em cada oito mulheres vai desenvolver câncer de mama na mesma idade. Sim, vou eu escrever uma outra matéria sobre câncer de mama. Mas me acompanha aqui agora.

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Mais de 90% dos tipos de câncer testicular são o que é conhecido como tumor de células germinativas. Ele se desenvolve nas células germinativas dos testículos, que eventualmente se tornam espermatozoides maduros. Os dois tipos principais de tumores são os de células germinativas seminomas (40%) e não-seminomas (60%). Seminomas tendem a afetar homens entre 25 e 50 anos, enquanto o tipo mais agressivo não-seminoma é geralmente encontrado em caras de 20 e poucos anos.

O que procurar

Às vezes, os homens com câncer testicular não experimentam nenhum sintoma. Quando experimentam, o mais comum é um inchaço ou caroço indolor. Sintomas menos comuns incluem mudança no tamanho e na forma dos testículos, uma sensação de peso no escroto, uma dor ou ardência no baixo abdômen/testículos/escroto. Os mamilos também podem ficar maiores e mais macios.

Os fatores de risco

Os fatores de risco para desenvolver câncer testicular infelizmente não são reversíveis nem preveníveis: um histórico familiar ou pessoal de câncer testicular e nascer com criptorquia de um ou dois testículos são os principais. Ferir as bolas, usar roupas justas, tomar banhos quentes ou se machucar praticando esportes não estão associados ao câncer testicular.

Diagnóstico, tratamento e sobrevivência

O diagnóstico de câncer testicular normalmente envolve testes de imagem e de sangue. A presença de uma massa testicular pode ser determinada por ultrassom, e os testes de sangue procuram os marcadores do tumor (incluindo alfafetoproteína, gonadotrofina coriônica humana e lactato desidrogenase).

Mais testes de imagem, como raio-X do peito e tomografia, são usados para determinar o estágio do câncer, o que determina o tratamento necessário. Se o câncer só for encontrado nos testículos, a remoção deles (a chamada orquiectomia) geralmente é o único tratamento exigido. Se o câncer se espalhou além dos testículos, para os nódulos linfáticos e órgãos (como pulmões, fígado e cérebro), o tratamento pode exigir quimioterapia e/ou radioterapia. Remover um testículo não afeta a fertilidade ou a produção de hormônio masculino, mas quimioterapia e radioterapia podem baixar a contagem de espermatozoides temporária ou permanentemente.

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Embora a recuperação de câncer testicular dependa de vários fatores (incluindo o tipo de câncer, se ele se alastrou e a saúde geral do paciente), o prognóstico é geralmente bom. Dos 795 australianos que devem ser diagnosticados com câncer testicular este ano, estimasse que apenas cinco vão morrer da doença. Cinco anos após o diagnóstico, 98% dos homens diagnosticados sobrevivem.

Fazer ou não fazer o teste

Diferente do câncer de mama e cervical em mulheres, não há um programa de testes de rotina para câncer testicular. No entanto, algumas organizações como a Movember e a Andrology Australia querem incentivar os homens a realizar autoexames regulares. A iniciativa recebeu endosso de várias celebridades, campanhas na mídia e a hashtag no Twitter #FeelingNuts (N. do E.: MARAVILHOSA ESSA HASHTAG) para ajudar a conscientizar e diminuir o estigma.

Neste artigo de 2012 no The Conversation, o urologista e oncologista Mark Frydenberg afirma que o autoexame pode ajudar os homens a se familiarizarem com as estruturas de suas bolas e escroto. E isso os torna mais conscientes se um caroço ou alguma mudança testicular aparecer.

Faça o autoexame das bolas seguindo os passos abaixo:

- Certifique-se que seu escroto esteja morno e relaxado (por exemplo, logo depois de um banho quente) para que os testículos estejam bem baixos.

- Use a palma da mão para apoiar o escroto. Repare no tamanho e peso. É comum que um seja maior que o outro, ou que um fique pendurado mais para baixo que o outro.

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- Role gentilmente um testículo entre o dedão e os dedos para sentir qualquer caroço na superfície. Os testículos devem ser firmes e ter a superfície lisa.

- Use os dedos e o dedão para sentir a parte mais grossa localizada atrás dos testículos, procurando qualquer inchamento particular na área. Esse é o epidídimo, uma estrutura espiralada que transfere o esperma dos testículos para o pênis.

- Repita o segundo teste no epidídimo.

Se você quer assistir um vídeo bem constrangedor sobre o autoexame de bolas, clique aqui.

Mas o autoexame também enfrenta críticas. Apesar de parecer uma boa ideia, há poucas evidências sugerindo que o teste detecta o câncer mais cedo ou garante um resultado melhor depois do tratamento.

Na verdade, uma revisão sistemática do Cochrane Database de 2011 não descobriu nenhum teste de controle aleatório avaliando a eficácia do autoexame de câncer testicular. As evidências que existem sugerem que, como a doença tem uma incidência baixa e uma alta taxa de cura independente do estágio, os benefícios do autoexame de câncer testicular são pequenos.

Dito isso, se você apresenta qualquer sintoma descrito nesta matéria, procure seu médico. Evidências sugerem que o maior problema do câncer testicular não é que os homens não notam os sintomas, mas que geralmente não agem quando os notam.

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Tradução: Marina Schnoor

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