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Um Trecho Inédito de uma Entrevista com William S. Burroughs

Em quatro páginas de transcrição crua, Burroughs fala sobre sonhos com centopeias, paixões e os problemas mentais de Hemingway.

Ilustração por Marco Klefisch.

No verão de 1982, o escritor e jornalista britânico Duncan Fallowell foi até Lawrence, Kansas, passar um tempo com William S. Burroughs em sua nova casa. Na chegada de Fallowell, Burroughs estava ocupado fazendo amizade com o chaveiro local, porque, como Burroughs disse: “Não existe ter fechaduras demais”. Fallowell também se lembra que Burroughs estava usando uma “jaqueta azul de um material sintético horrível que ele disse, muito orgulhoso, ter comprado num brechó por US$8”.

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Durante sua visita, Fallowell gravou três horas de entrevista com Burroughs. Com um prazo muito apertado, cerca de duas mil palavras dessas conversas foram comprimidas e editadas num questionário para a Time Out. Essa continuava como a única publicação da discussão deles até que a entrevista reapareceu no Penguin Book of Interviews em 1994. Mas o processo de edição frenético deixou páginas e páginas de transcrições anotadas no chão da sala do editor e as proporções reais dessa discussão despreocupada permaneceram inéditas e nunca vistas nos últimos 30 anos. Até agora.

O que segue são quatro páginas de transcrição crua em inglês, reproduzida com as anotações originais e notas irritadas sobre os descuidos do transcritor. O trecho cobre um meandro um tanto non sequitur. Fallowell com frequência decorava seus manuscritos e textos datilografados com desenhos (vale a pena notar, em particular, a centopeia minimalista rabiscada numa margem), mas ele nos disse que, por qualquer razão que fosse, a última vez que fez isso de forma tão extensa foi nas transcrições de Burroughs.

Depois que a entrevista terminou, Burroughs disse a Fallowell que “seria muito mais interessante se os jornalistas pudessem imprimir exatamente o que aconteceu e o que foi dito”, então, imaginamos que ele gostaria de ver publicado esse trecho não editado e não traduzido pro português. E se não, o problema é dele, porque vamos publicar mesmo assim.