FYI.

This story is over 5 years old.

Μodă

A XXBC É o Verdadeiro Street Style de Nova York

A XXBC é a streetwear de luxo em sua acepção mais pura.

Uma das primeiras regras para quem é boca aberta é ter um amigo. Will Thompson e Alex Less não são necessariamente uns boca abertas, mas isso porque o estilo deles fala mais alto. Durante o dia, você encontra os dois na Opening Ceremony, onde eles trabalham como associados de vendas. À noite, eles continuam trabalhando – dando duro em seu empreendimento de moda colaborativo, a XXBC.

À primeira vista, a grife incipiente pode parecer só mais uma marca de streetwear “concebida” por um estilista que trampa meio período, com uma abordagem “minimalista”; mas misturando valores de produção exigentes a uma sensibilidade maloqueira de rua. A XXBC não é nada disso. É streetwear de luxo em sua acepção mais pura.

Publicidade

Algumas semanas atrás, abri mão de uma das minhas noites de folga para atravessar a neve até um pequeno apartamento confortável que a XXBC chama de lar. Enquanto eu experimentava os Guccis e Tommys deles, falamos sobre Patrik Ervell, Opening Ceremony e claro, Cam'ron. E, mais importante, falamos sobre como quem é de verdade reconhece quem é de verdade, e como a parceria deles se concretizou.

VICE: Como você se conheceram?
Will: Nós nos conhecemos no trem quando ainda morávamos em Boston, pouco mais de dois anos atrás. Reparei na bolsa dele e perguntei onde ele tinha comprado. Continuamos conversando e ele contou que tinha um blog de street style, que ele fotografava o pessoal universitário de Boston.

Foi assim que a marca surgiu?
Ele mencionou isso quando nos conhecemos. Adorei a ideia e disse que ajudaria com o que pudesse. Foi aí que começamos a trabalhar juntos e percebermos que a gente podia realmente fazer algo acontecer ali. Eu me formei e me mudei para Nova York. O Alex queria estar envolvido com moda em tempo integral, então ele se transferiu para a FIT (Fashion Institute of Technology) um pouco depois disso. Comecei a trabalhar na Opening Ceremony e ele começou a trabalhar na Opening Ceremony também. Agora a Opening Ceremony vende nossas coisas.

A primeira coleção de vocês era composta principalmente de malharia de alta qualidade. Vamos ver mais disso agora no outono?
Alex: Sim, mais ou menos. Alguns dos materiais serão os mesmos, mas só. Depois de falar com gente que nos conhece e conhece a marca, as pessoas esperavam que a gente pegasse um certo caminho e continuasse o que estávamos fazendo. Não vamos fazer isso. A malharia e os tecidos vintage eram um grande componente do que fizemos, mas vamos para uma direção diferente na próxima estação.

Publicidade

Will: Acho que as pessoas vão olhar para a nova coleção e dizer “Hum, isso não parece XXBC”, mais ainda é XXBC – só que sob uma luz diferente. Também acho que essa nova coleção de outono vai alcançar um público mais amplo para a marca, gente que não estava aberta para nós antes.

E como vocês pretendem atender um público mais amplo? Vocês vão produzir mais looks?
Alex: Não, vai ser uma estética totalmente diferente. Se estamos falando de números, isso ainda vai ser uma coleção bem pequena. Atualmente, estamos falando de dez looks. De uma perspectiva financeira, isso faz mais sentido para nós. Gostamos da ideia de manter a coleção pequena e aperfeiçoar os estilos que já temos, e não tentar 20 estilos diferentes, acrescentar um monte de coisas e acabar sem dinheiro.

Sempre comece pequeno e vá crescendo em vez de começar grande e ficar aquém das expectativas. É essa a atitude de vocês?
Will: É, veja estilistas como o Patrik Ervell, que começaram de modo simples. Ele transformou camisetas com um colarinho legal e evoluiu para um ready-to-wear conceitual. É tudo relativo, cada um faz isso de um jeito e queremos seguir nosso próprio ritmo. Todo mundo fica falando: “Vocês deviam estar fazendo isso, deviam estar fazendo aquilo”. Mas não, vamos continuar fazendo o que a gente quiser. E depois vamos simplesmente deixar a coisa crescer; não queremos apressar o crescimento.

Alex: Há essa expectativa de que se você tem uma marca, você tem que vender tudo disso. Essas expectativas fazem uma espécie de lavagem cerebral e todo mundo fica pensando que só há um jeito de fazer as coisas. As pessoas não entendem que você não precisa fazer nada de um jeito só. Uma coisa que aprendemos é que não existe um manual de como começar uma marca de roupas.

Publicidade

Parece uma abordagem orgânica.
Will: Sim e nem pensamos muito nisso. É assim: temos uma ideia e dizemos “OK, como vamos fazer isso? Como vamos levar isso da ideia para a execução?”. O Alex costura um pouco e a gente nem faz esboços. Eu não costuro e não faço estampas –  não tenho paciência para isso. As únicas coisas que temos são boas ideias, o que acho ser o mais importante.

Acho que essa é a coisa engraçada com a moda no geral, as pessoas sempre tentam ler mais do que o que realmente está lá.

Vocês acham que roupas deveriam ser consideras pela primeira impressão mesmo?
Sim! Se você quer saber quais são nossas referências, bom, são fotos antigas do Juvenile e Cash Money Millionaires, quando eles ainda eram moleques de camisetona. Ainda nos inspiramos nesses caras usando jeans Avirex e camiseta Fubu – pessoas que não têm uma ligação real com o mundo da moda.

Alex: Minhas referências vêm principalmente das pessoas comuns que vejo nas ruas.

E vocês investem num look “Nova York”?
Acho que a XXBC não pertence a nenhuma área geográfica… Grande parte da nossa influência vem de como nos vestimos, como achamos que deve ser o visual das roupas e como elas deveriam ser usadas. A primeira coleção girou em torno de misturar estampas, fazer camadas de peças grandes e estar confortável.

Will: Nova York sempre vai ser o lugar onde as pessoas vão ser mais estilosas, porque é uma cidade onde o status é refletido na maneira como você se veste. Você pode ser o cara mais duro de Nova York, mas se se vestir de um jeito legal, você está bem. Não importa se você está falido ou não. Quando você usa nossas roupas, acho que você está fazendo uma afirmação.

Publicidade

Alex: Mas sim, acho que faz sentido a XXBC ficar em Nova York, mesmo que não “pareça” necessariamente Nova York. Quer dizer, sinto que Nova York é um dos únicos lugares do mundo onde…

Algo como a XXBC pode ser aceito?
Exatamente. Claro, viemos de Boston e essa coisa nunca vai se espalhar para fora daqui, simplesmente porque ninguém entende. Você precisa de um lugar como Nova York, onde mais pessoas vão ver isso…

Will: E curtir. Nova York é um desses lugares onde você pode ser você mesmo, e isso é legal. É um lugar onde tipos diferentes de estilo são bem aceitos. Isso é muito importante para a nossa estética, que é baseada na maneira como nos vestimos e nas roupas que fazemos. Se montássemos nossa marca em um lugar como Boston, isso não faria tanto sentido.

A única desvantagem de Nova York é que tudo é muito caro.
Alex: É, pode ser, mas vale a pena. Não sei como conseguiríamos fazer de outro jeito. Quando você produz tudo localmente, isso permite que você seja mais ativo.

Will: Não consigo imaginar mandar nossas amostras para algum lugar como a China. Receber as amostras e depois ter que mandar tudo de volta para consertar é loucura. Quando tudo é feito em Nova York, temos controle total do processo. Sempre podemos conferir o progresso em andamento. A distribuição de confecções em Nova York é um mundo totalmente diferente, você tem que ser realmente foda para sobreviver aqui.

Quem vocês gostariam de ver usando XXBC?
Cam'ron é uma escolha óbvia. Não o Cam'ron de agora, o do passado, quando ele transformou o rosa numa cor das ruas.

Alex: Para mim, penso num pedreiro usando nossas coisas.

Will: Cara, isso ia ser muito louco. Imagine um pedreiro trabalhando numa obra usando XXBC – sensacional.

Siga a XXBC no Twitter e no Instagram.

Tradução: Marina Schnoor