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O Levante Zapatista (20 Anos Depois)

A VICE viajou até Chiapas para encontrar Morquecho, o primeiro jornalista local a falar com o Exército Zapatista cara a cara, para que ele relembrasse os eventos daquele dia fatídico.

“Vocês vão vencer?”, o jornalista pergunta a um dos rebeldes.

“Não merecemos perder”, o rebelde responde.

Esse foi o primeiro diálogo que o jornalista Gaspar Morquecho lembra de ter com o revolucionário Subcomandante Marcos, em 1º de janeiro de 1994, na praça central de San Cristóbal de las Casas em Chiapas, México. Morquecho, ainda meio bêbado e de ressaca das celebrações do Ano Novo na noite anterior, entrevistou o líder zapatista minutos depois que ele e seus camaradas tomaram a prefeitura de San Cristóbal.

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Vinte anos depois do levante zapatista, a VICE viajou até Chiapas para encontrar Morquecho, o primeiro jornalista local a falar com o Exército Zapatista cara a cara, para que ele relembrasse os eventos daquele dia fatídico — esse foi o primeiro levante indígena armado da América Latina na era da internet.

Em 1993, o então presidente Carlos Salinas de Gortari assinou o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (o NAFTA) juntamente com os presidentes dos Estados Unidos e Canadá. O NAFTA devia estabilizar uma frente econômica globalizada entre as três nações e entrou em efeito em 1º de janeiro de 1994.

Naquela mesma manhã, como uma resposta direta às políticas neoliberais que gradualmente tomavam o controle do México, milhares de combatentes indígenas emergiram da floresta tropical da região de Altos em Chiapas, sul do México, com a intenção de tomar sete municipalidades, incluindo San Cristóbal. O grupo se chamava Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

Em 1º de janeiro, sem nenhum aviso, o EZLN lançou a Declaração da Selva Lacandona, na qual o grupo armado declarava guerra ao governo mexicano e exigia “emprego, terra, moradia, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz”.

Durante os 12 dias seguintes, a guerra entre o EZLN e o Exército Mexicano tomou várias cidades e vilarejos em Chiapas, resultando em mais de 100 mortes e um número ainda incerto de desaparecidos. O que permanece incerto é o legado, o impacto e a força do EZLN no México hoje.

Texto por Luis Chaparro. Siga o Luis no Twitter: @luiskuryaki