​Ficha Tripla: Jesus procura clone, Lopetegui confessa assassinato e Renato Sanches descobre nova vocação

Algures entre as gordas e a realidade ficcionada. É este o território pisado e repisado pela Ficha Tripla. Semanalmente contamos - e sobretudo inventamos - as histórias que fizeram as capas dos três diários desportivos nacionais: O Jogo, Record e A Bola. Pelo caminho provamos que quem vê capas não vê corações, mostrando as primeiras páginas que tomaram conta dos quiosques e papelarias entre 9 e 16 de Dezembro.

A Bola

"Que venham os tubarões", gritava-se na Luz momentos antes de sair a bolinha que promoverá o reencontro dos encarnados com Villas Boas, Hulk, Wietsel e toda a armada russa. Já se vão apostando garrafas de vodka a ver quem conseguirá fazer o quatro sem se estender ao comprido depois de finda a eliminatória. Mas, a verdade é que nada abalaria o momento zen que se vive no reino benfiquista, mesmo que no lugar da vodka tivessem caído salsichas ou azulejos do Gaudi. Vestido de Pai Natal, "Vieira promete pagar dívidas e diz que ainda sobra dinheiro". Mas não se pense que a estrutura anda a dormir à sombra dos bons ventos. Prevendo que o jogador argentino se metesse numa daquelas noites de caixão à cova, - logo agora que Luisão está de molho -, "Águias travam saída de Lisandro". A disciplina é uma coisa muito bonita.

Talvez querendo retirar a pressão de cima dos jogadores que já vão pensando em perder umas calorias depois das festividades, quando jogarem contra o Porto, Jesus vai dizendo que os "Últimos jogos é que determinam o campeão". O treinador leonino tem andado a ver filmes de ficção científica como se a subscrição acabasse no final do mês e, picado pelo bicho do hi-tech, "Jesus procura clone de Slimani". Entretanto, numa imagem que poderia bem servir de cartaz a um encontro LGBT, dois jogadores do Sporting partilham num abraço apertado a "Paixão de vencer". É só coraçõezinhos verdes e brancos.

Antes de defrontar o Chelsea, o vidente Lopetegui dizia que "Esta é uma oportunidade para fazer história". E não é que a previsão se revelou profecia? Pela primeira vez na história da Champions, o Porto começou um jogo que precisava de ganhar sem ponta de lança. Nestes tempos em que "Lopetegui luta pela sobrevivência", recebido por um coro de insultos que não deu molho porque a polícia não fez vista grossa, a fuga para a madeira não podia ter chegado em melhor altura. Mesmo com o cerrado nevoeiro e uns desconfortáveis "Quinze minutos encostados às cordas". O Porto Vintage já era.

Record Não houve nudez, quedas aparatosas ou danças parvas, mas a verdade é que o "Festejo de Teo correu mundo". Para tal, o jogador leonino só teve de levar de empréstimo a lata de spray do árbitro para desenhar aquilo que, se este não tivesse feito a barba e gasto a espuma toda, seria um coração para a sua mãe. Ficou-se assim por uma marca indecifrável, mas isto é como se diz no mundo popular: o que conta é a intenção. Já Bryan Ruiz, provavelmente sentindo que ao ritmo que está a jogar as suas pernas não vão aguentar por muito mais tempo, vai dizendo que o "Sporting merece ser campeão". Mesmo com o campeonato longe da metade e sem terem jogado contra, por exemplo, Braga ou Porto. Mas se a ideia é poupar, nas pernas e também na carteira, encomende-se já as faixas a metade do preço. O Record passou a semana inteira em modo basco, e não houve dia em que não escrevinhasse algo sobre o treinador que muitos querem ver do outro lado da fronteira (ou a nado para bem longe). Apesar de prometedora, a "Invenção de Lopetegui" revelou-se pior que um Segway, que correu desgovernado em Londres e ainda por cima sem condutor. Para provar que neste plantel não há meninos bonitos, e que a bancada - ou a não convocatória - está à mão de semear para todos, também "Maxi já não é intocável". E, quando os adeptos portistas festejavam já uma mudança de rumo depois da visita à Madeira, eis que "Jorge Sousa salva Lopetegui" de um fim anunciado. Já não se fazem árbitros como deve ser, chorou-se nas ruas do Porto.

Na fábrica benfiquista, a placa foi colocada na porta para afastar os mais curiosos ou os ladrões de ocasião: "Vem aí um tubarão". A verdade é que no coração da luz há um tesouro conhecido como "O menino 80 milhões", pelo que todo o cuidado é pouco. O treinador "Vitória já está farto" deste ritmo natalício, mas a poucos dias da consoada não param de chegar as encomendas do incontornável "Golo rei". Só em Setúbal os encarnados despacharam mais 4 toneladas de massa e frutas cristalizadas.

O Jogo

No Sporting está ao rubro a luta pela escolha da sobremesa, sobretudo se falarmos em pudim. Mesmo que lhe tenham sugerido o pudim de ovos, o pudim de côco ou até o pudim de chocolate, "Jonathan quer o Boca" e apenas esse, pois diz que ouvir "o boca doce é bom é bom é, diz o avô e diz o bebé…" lhe traz de volta a infância e por isso não há nada a fazer. Já Jesus, antevendo que Lopetegui pode estar de saída o que fará com que o rival fique mais forte, vai dizendo em alto e bom som: "Não percebo a contestação a Lopetegui". Toma lá mind game se queres ver.

"Muito brahimi para nada", apetece dizer depois da miséria à la Charles Dickens vivida pelos portistas em Londres. "Temos quatro competições para ganhar", vai cantando Ruben Neves como quem conta os últimos trocos, numa semana em que nem a prova de demência foi suficiente para demitir o técnico portista que, atarantado com a toma dos medicamentos, disse qualquer coisa como isto: "Demiti-me e matei o Kennedy". O ex-presidente deve ter dado uma volta na tumba.

"Águias caem no lago dos tubarões", anuncia O Jogo como um sensacionalista National Geographic. Uma fatalidade que está longe de preocupar o presidente encarnado, já preparado para uma "Enxurrada" de penas com os olhos postos no "…passivo zero". Quanto à nova pérola encarnada, mostrando que nem só de futebol se vai alimentando a sua irrequieta alma de jovem rebelde, vai mostrando dotes de agente imobiliário. Fontes bem colocadas garantem que "Renato já pôs Talisca à venda", provavelmente de olho na bela da comissão. Temos jogador com alma de agente imobiliário.