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Tecnologia

Pesquisador Registra Todas as Prisões por Comércio Ilegal na Deep Web

Ele conta mais de 300 detenções — a maioria de compradores, não vendedores.
Brian A Jackson/Shutterstock

Por mais que a deep web pareça uma forma segura de comprar ou vender drogas, não é um espaço 100% livre de riscos. Desde os primórdios do Silk Road vemos prisões de vendedores, compradores e administradores do comércio underground. Agora alguém resolveu, pelo bem da transparência, coletar e organizar informações sobre essas prisões.

O pesquisador de segurança Gwern Branwen, também moderador do subreddit DarkNetMarkets, tem fuçado documentos de tribunais há anos para obter um panorama melhor do quão arriscado de fato é usar sites como Silk Road. Desde a semana passada ele disponibilizou a lista ao público.

"Queria compreender o risco da prisão", disse-me via Twitter. Os dados da lista estão divididos em diversas categorias: especifica se a pessoa presa era uma compradora, comerciante, membro ou operadora do site; o arquivo também detalha o país e os produtos envolvidos.

Quando Branwen divulgou os dados, no começo da semana passada, o total de prisões estava pouco acima de 300. Desde então o número já aumentou. Vários usuários da deep web deram dicas a Branwen de alguma prisão que passou batida ou que fora mencionada em reportagens escritas em outras línguas afora a inglesa. "São uns 312 agora, tomando como base as dicas que recebi", disse Branwen.

"Operar um comércio como estes parece bastante atraente agora. São poucas as prisões em comparação aos muitos [sites] que já existiram."

A maior parte das pessoas presas por associação a sites da deep web é compradora, e não vendedora. Mas essa vantagem ocorre por que o número de compradores é bem maior do que o de vendedores. "Se a proporção consumidor-vendedor é de 100:1 e a taxa de prisões reais de é 10:3, então os compradores estão mais protegidos", afirmou Branwen.

O Silk Road original parece estar envolvido com a maior parte das prisões conhecidas: são mais de 130. É o preço que se paga por ter sido o primeiro e mais famoso site do tipo na deep web.

A pesquisa sugere que operar um empreendimento como este por conta própria não parece ser tão arriscado. "São poucas as prisões em comparação aos muitos [sites] que já existiram", disse Branwen. De acordo com o pesquisador, existiram cerca de 70 sites do gênero e, segundo seus dados, apenas quatro operadores foram presos. Falamos de Ross Ulbricht, condenado como a mente por trás do Silk Road; Blake Benthall, que teria trabalhado no Silk Road 2; Tomáš Jiřikovský, associado ao Sheep Marketplace; e o suposto administrador do Hydra, cujo nome é desconhecido.

"Acho que em termos de operadores, provavelmente tenho entre 90-100% dos dados ligados a suas prisões", disse Branwen.

Há limitações nesta pesquisa, claro. Várias das prisões nunca se tornaram de conhecimento público por motivos legais, a cobertura da mídia por vezes é imprecisa e os próprios presos podem tentar se desvincular da deep web. "Em vez de ser encarada como um número definitivo de prisões, estes dados deveriam ser encarados como um 'mínimo'", comentou Branwen.

Considerando que centenas de milhares de pessoas já usaram esses comércios na deep web e levando em conta que operações de grande escala já tentaram derrubá-los, a exemplo do muito alardeado projeto conjunto das forças policiais conhecido como Operation Onymous, do final de 2014, pouco mais de 300 prisões parece pouco.

Tradução: Thiago "Índio" Silva