FYI.

This story is over 5 years old.

LSD

LCD não é LSD, mas há pontos que se tocam

O gosto pelas luzinhas fosforescentes é o ponto comum.

Em Guimarães, numa conversa em passant, ouvi "laboratório" e "LCD" na mesma frase. Com a minha ligeira dislexia, a minha cabeça voou para aquela canção sobre estupefacientes daquele famoso quarteto britânico dos anos 60 (tentem lá adivinhar de quem estou a falar). Logo imaginei uma série de cientistas de branco a sintetizar potentes substâncias alucinógenicas, num projecto inserido na Capital Europeia da Cultura. Achei isto muito extravagante e pensei que a malta estava toda passada, pois parecia que tínhamos voltado à época dourada do rock psicadélico, quando a Grace Slick dos Jefferson Airplane tentou minar o chá do Presidente Nixon com LSD, só para ele perceber o quanto podia ser feliz e tornar o mundo melhor se mandasse um pouco daquilo.

Ora bem, o LCD não é nada disso: é um painel constítuido por cristais líquidos, utilizado em ecrãs de televisões e telemóveis. Caíram outra vez? Claro que caíram, porque nós estamos mesmo é a falar do Laboratório de Criação Digital, que está inserido na programação de Guimarães 2012, Capital Europeia da Cultura. Este espaço, sediado no CAAA — Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura —, é aberto a qualquer pessoa. Na medida em que o LCD “acolhe encontros de artistas, criadores e curiosos para desenvolver experiências, investigações e projectos numa mistura de tecnologia, ciência e arte”, vale a pena tentar perceber o que se faz por lá, visto que já percebemos que não tem nada a ver com o ecstasy, como pensei no início. Assim, fiquei a saber que lá decorreu uma aula prática de “El Wire”. E o que raio é isso? É a abreviação de fio electroluminescente. É aqui que as noções de psicadelismo voltam a ser necessárias. Isto porque estamos a falar de um material inteligente, que brilha intensamente quando uma corrente eléctrica passa por si. Tudo muito bonito mas, se não soubermos o que fazer com este material, ficamos pendurados. É aqui que proponho uma viagem de volta aos anos 60, onde este tipo de material faria a delícia nas mãos de hordas de pessoas, preparadas para curtir ao som do “Purple Haze”, do Jimmy Hendrix. Imaginem um fio luminoso super adequado para projectos artísticos e adereço para reedições do vídeo-clip da música white rabbit. Assim, já sabemos que LCD não é LSD, mas há pontos que se tocam e o gosto pelas luzinhas fosforescentes mantém-se.