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Noisey

Como o Placebo deixou os anos 90 mais queer

Na época em que pop grudento e masculinidade encapuzada reinavam, Brian Molko se destacou como a paixonite alternativa de toda uma geração.
Daisy Jones
London, GB

"Desde o nascimento estou em declínio" é o que Brian Molko canta em "Teenage Angst" single do disco de estreia autointitulado do Placebo, de 1996. Fora de contexto, soa como algo duro e deprimente, uma confissão de ódio a si mesmo. Mas dentro daquela música, a frase ganha tons indulgentes. Entre riffs lamacentos, acompanhados por voz frágil e ironia, parece ser algo a qual todos aspirariam, fazendo da música um hino perfeito para quem vive à margem.

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Só fui ouvir Placebo dez anos após o lançamento desta música, ainda na adolescência, única época possível para conhecer uma banda dessas porque você nunca mais será tão emotivo e dramático de forma tão absurda quanto na adolescência – e o Placebo representa exatamente isso. Sua música era sombria, mas não tediosa, estilosa sem exageros, já as unhas pintadas de Molko, cabelo pretaço e expressão de quase morte batiam certinho com as bandas emo que geral curtia na época, possivelmente influenciadas por Placebo uma década antes.

Quando o Placebo apareceu, porém, eles eram mais que uma banda grunge-gótica com jeitão emo-antes-dos-emos ainda que com uma pega Sonic Youth. No final dos anos 90, uma olhadela nas paradas britânicas em especial revelava que a banda se destacava como um letreiro de neon em um beco escuro. De um lado tínhamos o pop chicletão de bandas como Spice Girls, Steps e 5ive, do outro, o britpop representado por Oasis, Blur e tantos outros que a gente nem lembraria direito depois, como Babylon Zoo, Cornershop e Fat Les. De qualquer forma, era tudo meio heteronormativo e normalzão, os anos 80 haviam ficado pra trás numa viagem de ácido e os anos 70 pareciam um brilho mais distante ainda – tudo isso em meio a jovens cobertos de suor trajando camisas polo, mãos pro ar entoando "Lager! Lager! Lager!" respingando cerveja uns nos outros.

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