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A Marcha da LDI em Londres no Sábado Foi Deprê Para Todo Mundo

Os membros da Liga de Defesa Inglesa marcharam bêbados mais uma vez e a polícia acabou com a diversão dos antifascistas.

Apesar de seus membros considerarem a área como uma espécie de lar espiritual, a Liga de Defesa Inglesa não é exatamente querida no leste de Londres. A última encrenca pública deles aqui foi em Walthamstow, um ano atrás, e como eles acabaram sendo postos para correr cobertos com o próprio sangue e o mijo de outros, parecia difícil que eles tentassem retornar. No entanto, Lee Rigby foi assassinado e as tochas da islamofobia foram novamente acesas na Grã Bretanha. Mesmo que a turminha do Tommy Robinson não possa ser considerada uma ameaça para a sociedade britânica como um todo, eles têm desfrutado de um mini revival.

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Da última vez que os fascistas protestaram em Tower Hamlets, eles acabaram com um cone de trânsito atravessando a janela de um de seus ônibus. Assim, resolvi aparecer no protesto de sábado para saber se a LDI seria humilhada de novo enquanto tentava, mais uma vez, marchar através de uma área onde todo mundo odeia os caras.

Começamos o dia no Altab Ali Park, na Whitechapel High Street. O parque foi batizado em homenagem a um paquistanês assassinado por racistas em 1978. Como de praxe, a LDI tinha planejado marchar até o parque, mas a polícia não ia permitir uma coisa dessas. Em vez disso, a praça foi tomada por moradores locais que apareceram para se opor a LDI, um indicativo muito mais legal sobre a Grã-Bretanha moderna do que um bando de racistas congregando no memorial de um homem assassinado por racistas.

Enquanto isso, a LDI teve permissão para marchar pela Tower Bridge até Aldgate, que é, tecnicamente, quase no bairro de Tower Hamlets. Apesar de seus numerosos pubs, bares e clubes de strip-tease, a LDI acha que a região é um pequeno estado islâmico, um protótipo para uma Grã-Bretanha do futuro dominada pela charia.

O comício antifascista contava com uma lista aparentemente interminável de oradores, muitos dos quais não quiseram se arriscar e deram declarações vagas como "Diga não ao ódio", "Contra a injustiça, pela justiça" ou "Não seremos divididos". Claro, não há nada de errado em dizer coisas do tipo, mas, como eu estava esperando um comício apaixonado contra o nacionalismo xenófobo, aquilo me pareceu um pouco brochante.

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O evento contou também com oradores mais duvidosos, como Luftur Rahman (acima). Alguns anos atrás, o programa Dispatches do Canal 4 ligou o controverso prefeito de Tower Hamlets ao grupo pró-charia Fórum Islâmico para a Europa, que também tinha seu próprio orador no comício. Nenhum dos dois me pareceu uma boa ideia num protesto contra um bando de idiotas que acham que Tower Hamlets é uma "zona controlada pela charia".

As pessoas pareciam muito mais confortáveis com a presença de Max Levitas — um veterano comunista de 98 anos cuja credibilidade vem desde os confrontos com a União Britânica de Fascistas de Oswald Mosley na Batalha de Cable Street em 1936.

O discurso de Max, como todos os discursos interessantes, ultrapassou as banalidades e tentou apontar as razões para a existência de grupos como a LDI. Ele tocou em questões como o descontentamento pela falta de empregos e moradia acessível, que — como vários oradores comentaram — é provavelmente mais culpa do governo do que de um suposto "mal muçulmano".

Então, fomos presenteados com uma música ou duas do Apache Indian, com letras como "Some doing good / EDL doing bad / this kind of bad is driving me mad". O cara pode não ser o Penny Rimbaud, mas é muito carismático e divertido, logo, claro que depois dele veio o orador mais chato do dia, que conseguiu esvaziar a pista de dança assim que subiu ao palco.

Enquanto isso, atrás do parque, mais um monte de militantes antifascistas se reuniam.

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Depois de um tempo, o bloco se juntou atrás de sua faixa e começou a gritar "Alerta, alerta, antifascista!" antes de sair do parque. Eles conseguiram arrastar uma boa parte das pessoas que ainda estava ouvindo os discursos e todo mundo foi confrontar a LDI.

A marcha logo virou uma corrida, com os antifas tentando passar a perna dos policiais e encontrar os rivais frente a frente. Vários moradores locais se juntaram aos antifascistas mascarados numa arrancada até Aldgate, onde a LDI estava reunida.

E a polícia não ficou nem um pouco contente com isso. Do ponto de vista legal, a marcha anti-LDI tinha saído 15 minutos antes do combinado e o Grupo de Apoio Territorial é um paladino notório da pontualidade.

Por mais chocante que possa parecer, parar na frente dos antifascistas com os braços levantados gritando "Opa, opa, pode parar!", em geral, não é o suficiente para convencer esse pessoal a ir para casa terminar de ler o Psicologia de Massas do Fascismo.

Então, a polícia resolveu reverter a situação com um clássico mata-leão britânico, invadindo a multidão e arrastando para fora quem eles conseguiam pegar.

Enquanto a polícia encurralava os antifas na Commercial Road, um grupo de cerca de 150 pessoas conseguiu se separar e correr da Cable Street até a Tower Bridge, tentando impedir os inimigos de chegar em Aldgate. Eles até conseguiram em certo sentido — os antifascistas bloquearam a Mansell Street com sucesso e a LDI foi forçada a mudar de rota.

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O problema é que a polícia contava com uns três mil homens no local e, naquele momento, eles já tinham cercado o grupo fugitivo.

Aí eles também foram encurralados.

Para alguns, isso foi demais.

Os membros da LDI seguiram fazendo o que sempre fazem nesses protestos: empunhando bandeiras da Inglaterra, marchando bêbados e cantando que não vão permitir a tomada iminente do Reino Unido pelos islâmicos.

Dessa vez, a participação nos protestos deles foi bem pouco impressionante, cerca de 500 manifestantes. Metade do que eles conseguiram juntar em Westminster, logo depois do assassinato de Lee Rigby.

Alguns membros da LDI tentaram esquentar os ânimos com figurinos inusitados. Alguns babacas acharam que seria engraçado se vestir de porcos — o que deveria ser ofensivo, porque muçulmanos não comem carne de porco, acho.

E outro cara foi vestido de cavaleiro cruzado. Porque as Cruzadas foram um negócio hilário e isso, definitivamente, ainda é relevante na Grã-Bretanha de 2013.

No geral, não foi um bom dia para a LDI — Tommy Robinson, o molecão nervoso que é o líder deles, foi preso por não seguir as condições da marcha e incitar os outros a fazer o mesmo.

Mas foi um dia pior para os antifas. Ser encurralado por seis horas é algo brutal na melhor das hipóteses, e nem todo mundo ficou empolgado quando um cara apareceu com um aparelho de som na garupa da bike tocando Black Eyed Peas e Jessie J (acho que tocar "Price Tag" era uma indireta satírica sobre o custo daquela operação policial). Depois de horas de contenção, quando qualquer indício de desordem pública tinha sumido (porque a LDI já tinha passado, etc.), cerca de 280 antifascistas foram presos e levados para várias delegacias de Londres.

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A condição de fiança dos manifestantes presos proíbe que eles protestem contra a Liga de Defesa Inglesa, o Partido Nacional Britânico e a Força Voluntária Inglesa (um grupo dissidente da LDI) em qualquer lugar dentro da região da M25 por pelo menos um mês. Esses são os três grupos contra os quais os militantes antifascistas têm sido mais ativos recentemente, o que foi muito suspeito. Ficou parecendo que a polícia metropolitana usou os protestos como uma grande oportunidade para reunir inteligência e como lembrete de como os protestos podem ser incrivelmente chatos e ineficientes se a polícia decidir que quer assim.

A União Contra o Fascismo — que prefere erguer cartazes e fazer discursos em vez de meter cara a cara com a polícia — declarou que o dia fora um grande sucesso e só mencionou brevemente as prisões, o que me pareceu um pouco negligente.

Não que isso signifique que esse foi um dia de triunfo para a LDI. Apesar da prisão dos antifas, a LDI, aparentemente, está em declínio de novo depois de sua breve renascença na esteira da morte de Lee Rigby. Como as reações a esse evento trágico demonstraram, uma história na imprensa pode rapidamente colocar para ferver o racismo latente de vários britânicos carecas e nervosos. Não é difícil imaginar a LDI tomando fôlego de novo se mais merdas como essa acontecerem, já que o grupo acha que sempre pode pôr a culpa nos muçulmanos.

Enquanto isso, as reações recentes do Ministério do Interior — a van racista e o expurgo de imigrantes — fazem a gente pensar se grupos como a LDI deixam marcas mais significativas do que uma dispendiosa operação policial e algumas latinhas de cerveja jogadas na rua.

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