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Conhece os britânicos solitários que adoram gastar dinheiro em cuecas sujas

Conversámos com algumas mulheres que vendem a sua roupa interior usada a homens que não se importam de gastar uma boa quantia de dinheiro neste tipo de produto.

Uma mulher de cuecas. Não é uma vendedora, é só uma imagem de arquivo. (Foto por Julia Michelle Lopez via.)

Já ouviste falar da máquina automática de venda de cuecas usadas que existe no Japão. Coisas como esta já apareceram no The Telegraph e em várias listas sobre como o Japão está cheio de coisas bizarras, e provavelmente já foi tema de alguma piada sexual de alguma comediante. Já ouviste falar disto, de certeza.

Mas não deves estar tão familiarizado com o mercado estável de cuecas usadas por encomenda do Reino Unido. Os britânicos podem comprar cuecas sujas com qualquer tipo de fluido corporal que lhes apeteça, todas produzidas sob medida por artesãs de cuecas britânicas.

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"Veronica Vixen", uma jovem de 23 anos de Bristol, começou a vender as suas cuecas sujas por 15 libras cada (cerca de 20 euros) na Craigslist quando perdeu o emprego como profissional de saúde. Ela mora com o namorado, que tira fotografias dela usando o produto para os clientes. Perguntei o que o namorado achava de outros homens usarem as suas cuecas sujas para se masturbarem. "Na verdade, ele gosta", diz ela.

Aliás, o namorado de Veronica, às vezes, tem um papel crucial nas cuecas que ela vende. Muito vividamente, Veronica explicou como isso ocorre antes de discorrer sobre outros pedidos populares. O principal é usar as cuecas enquanto se masturba; aliás, "muita gente quer as cuecas com urina". Alguns clientes já pediram que ela fizesse cocó nas cuecas, mas, compreensivelmente, não é uma coisa que ela goste de fazer.

Ao falar com a Veronica, comecei a imaginar quem seriam estes homens e o que é que os motiva a gastarem dinheiro em cuecas usadas. Obviamente, os motivos são sexuais – penso que não devem existir muito mais razões alternativas para alguém querer pagar pela roupa interior de outra pessoa – mas o que é que, especificamente, os clientes ganham com este negócio?

Paul fundou o site SellYourPanties.com há alguns anos com dois amigos. Ele diz que eram "meio nerds" e que, depois de ouvirem falar da máquina de venda de cuecas do Japão, imaginaram que poderiam transferir o modelo de negócio para a internet. Um site com muito sucesso depois, o Paul tem algumas estatísticas que começam a iluminar a questão de quem paga pelas cuecas sujas de Veronica e das suas colegas.

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60% dos compradores têm menos de 40 anos e 92% são homens. Os outros 8%, como já deves ter adivinhado graças ao conhecimento básico da biologia humana, são mulheres, algumas inclusive vendedoras do site. Um terço dos compradores é casado e, a maioria, clientes regulares. Paul também me deu um resumo do que os compradores fazem quando recebem as cuecas: de acordo com suas estatísticas, 31% masturbam-se com elas, 30% cheiram, 13% usam as cuecas, 12% guardam-nas numa gaveta, 8% lambem-nas, 5% só olham para elas e 1% lava e depois gostam de as usar.

Vê: A indústria do amor no Japão

Eu queria ter uma perspectiva mais pessoal do tipo de pessoas que usa o site do Paul; então conversei com alguns clientes. Um homem, que se descreveu como uma "casa de banho humana", foi muito representativo do motivo principal que os leva a comprar as cuecas usadas. Disse-me que já coleccionou dezenas de cuecas nos últimos 12 meses, que gosta delas "o mais sujas possível" e que as gosta de as esfregar na cara.

No meio da lista, estão os homens que compram menos cuecas e preferem vesti-las. "Eu visto as cuecas, depois dispo-as e masturbo-me", contou-me Satinpantlicker, um homem de 32 anos do Reino Unido. "Simplificando, eu masturbo-me muitas vezes!". Romain, um francês solteiro de 31 anos, resumiu a visão dos clientes – na falta de uma palavra melhor – mais românticos com a declaração: "Gosto de olhar para elas e imaginar o rabo das mulheres lá dentro". E, representando a porção mais inocente, Mark, de 24 anos (um solteiro da Austrália), disse-me que usa as cuecas simplesmente para "guardá-las numa gaveta". Ele estava à procura de cuecas usadas de Angelina Valentine, a sua actriz pornográfica favorita, e para isso tentou contactá-la pelo Twitter. "Eu só queria ter alguma coisa dela", disse ele.

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Segundo Paul, comprar cuecas, para a maioria dos clientes, é um meio que tem por objectivo um fim. Diz que o que esses homens realmente querem é alguém para conversar: uma namorada online. O Paul contou-me que as mulheres que mais vendem no seu site são as que interagem com os clientes e ganham a sua confiança. Ele admite também que costumam ser as mais bonitas, mas deixa claro que "esse não é o critério principal". O que os homens realmente querem é "uma mente aberta – alguém com quem eles possam ter uma conversa liberal, que seja uma psicóloga e uma confidente".

Veronica Vixen concorda: "Sim, em parte é isso. Eles gostam dessa comunicação. Eles gostam de conversar por e-mail, e acabas por sentir que os conheces como um amigo do Facebook. Querem é alguém para conversar".

Goddess Alexis.

Goddess Alexis: uma dominatrix de 41 anos de Leeds, contou-me sobre os seus relacionamentos com os homens a quem envia cuecas. "Falamos sobre tudo", diz. "Sabes, não só sobre bondage e fetiches. Também sou amiga deles. Eles falam comigo sobre tudo, e eu tento acalmar as suas mentes. Muitos sentem que são esquisitos por terem um certo fetiche, mas eu digo-lhes: 'Olha, não és esquisito – existem milhões de pessoas que também gostam destas coisas, simplesmente não falam disso na paragem do autocarro'."

Perguntei ao Romain se ele gostava de falar com as mulheres a quem compra cuecas. "Claro. É um pré-requisito para comprar qualquer coisa de uma mulher", explica. "Adoro as letras e as palavras. O francês é uma língua tão vasta, com tantos sentidos diferentes. Gosto de partilhar isso com elas. Essa é a única maneira de excluir as que fazem isto só pelo dinheiro daquelas que o fazem para dar e partilhar prazer."

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Ao falar com alguns amigos sobre o mercado de cuecas usadas, muitos disseram-me que não lhes parece mal ganhar a vida desta maneira. Mas não tenho a certeza se isso é realmente tão rentável quanto parece: a Veronica cobra 15 libras como preço base, subindo o valor para 20 libras (um pouco mais de 27 euros) se o cliente pedir que as cuecas contenham algum fluido corporal. No entanto, vendendo uma média de cinco pares por semana, isso rende um máximo de 100 libras (137€), menos o custo das cuecas, da embalagem e do envio.

O Paul disse-me que o preço médio no seu site é de 25 euros; por sua vez, Goddess Alexis tinha acabado de abrir uma conta no Panty Trust (um site da competência) no qual vendia as suas cuecas por 20 euros, incluindo o envio. Actualmente, ela envia as cuecas aos seus 'escravos' como presente. "Gosto de mandar cuecas pelo correio e alegrar o dia de alguém – sei que vou receber algo em troca", frisou. "Eles visitam a minha lista de presentes, e enviam-me vales de compras – ou seja, cuidam de mim!"

O Paul afirmou que as vendedoras de maior sucesso de seu site conseguem fazer de 2 mil a 3 mil euros por mês. Perguntei à Veronica Vixen e à Goddess Alexis se elas faziam dinheiro suficiente para se sustentarem.

Veronica respondeu que o seu namorado é o principal provedor da casa. "Ele paga a renda e as contas. Tudo o que eu faço é gastar dinheiro." Goddess Alexis disse que trabalha em part-time. A Veronica ainda acrescentou: "Faço trabalhos de limpeza para as senhoras da minha rua".

Ficou claro que este negócio é como um trabalho complementar para as vendedoras, algo a que elas dedicam muito menos tempo do que os compradores podem pensar. Mas isso não quer dizer que não invistam nos homens que compram as suas cuecas. Para muitos compradores, como Paul me explicou, a motivação parece ser o sentimento de que têm um relacionamento com essas mulheres, que as interacções online são o primeiro, o segundo e o terceiro encontro, e que as cuecas ao chegarem pelo correio são a consumação física desse relacionamento.

Claro, isso não vale para todos. Alguns só gostam de descobrir formas mais criativas de se masturbarem.

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