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Música

Discos: Julianna Barwick

Binómio campo-cidade.

Nepenthe
Dead Oceans
7/10 Não é por acaso que Julianna Barwick intitulou o seu disco anterior The Magic Place. Muito menos é obra da sorte ou da livre vontade que o seu novo trabalho, Nepenthe, tenha o nome de uma droga grega. Há um fio condutor em tudo o que esta menina mulher norte-americana cria. O primeiro desses nós chama-se arte, pura arte vinda do coração e de uma mente livre. Depois, há a magia. O fulgor etéreo e sonhador a que as suas criações nos conduzem. As músicas de Barwick fazem-nos querer evadir de uma vida quotidiana cheia de trânsito, discussões e dores de cabeça. Ouça-se "Crystal Lake", por exemplo, e vão perceber o que estas linhas dizem: o bucolismo campestre nunca fez tanto sentido. À musicalidade fugidia e bipolar de Barwick não são, certamente, alheias as vivências da autora: menina de campo do Missouri no passado e mulher de cidade afogueada de Brooklyn no presente. E é nesse binómio que tudo faz sentido e em que todos os discos de Julianna assentam: o loop é uma forma de vida e os coros de igreja (mais uma vez o campo e a vida rural) são o seu alimento. Haja mais discos assim.