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Música

UMA ENTREVISTA COM PATRICK O'DELL

O Patrick O'Dell já fez várias paradas diferentes por aqui. Foi colaborador, Editor de Foto, personalidade da VBS.TV etc. Então, quando ele mandou seu material para a Edição de Foto 2010: Natureza-Morta, fomos tomados por um instinto maternal que nos deixou bastante preocupados. Será que ele estava comendo direito? Tinha onde morar? Será que estava bem agasalhado? Acabamos descobrindo que ele tem tudo isso (e também uma moto), e que a foto que mandou foi tirada há anos.

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Hoje em dia, Patrick é o cara firmeza, de barba feita, que comanda o Epicly Later'd, na VBS. Além disso, ele atualiza seu blog sem parar com fotos de aventuras, viagens, doideras e skate (estas, aliás, foram espalhadas por todas as principais revistas de skate por anos). Ele morava em Nova York, mas agora está em Los Angeles com um cachorro e uma foto do Jerry Hsu que ele roubou da gente.

Vice: E aí Patrick, você já fez um monte de coisa pra gente. Como acabou se envolvendo com a Vice pela primeira vez?
Patrick O'Dell: Eu estava fazendo estágio na Index quando o Jesse Pearson era editor por lá. O Ryan McGinley era colaborador, e acho que a Amy Kellner também. Eu trabalhava para a Thrasher naquela época, mas era inverno ou algo assim. Tinha um emprego tipo de skate e tal, mas queria fazer mais.

Quando você diz "um emprego tipo de skate," na verdade é como fotógrafo de skate?
Isso, como skateografia. Eu não lembro se eu era fixo na Thrasher naquela época, mas tava, tipo, fazendo isso mesmo. Tava aí no mundão, tentando fazer foto de skate. Sempre gostei da Index porque eles sempre tiveram entrevistas e artigos muito bons. Depois descobri que eram o Jesse, a Amy e o Ryan que estavam escrevendo grande parte desses artigos.

Então você conheceu eles quando era estagiário?
Isso. É engraçado porque o Jesse começou lá como estagiário, ou era a Amy que estagiava? Espera, acho que era o Ryan. Era ele que era estagiário? Enfim, só lembro que achava meio engraçado que todos esses estagiários estavam crescendo no meio disso tudo. Acho que mostrei pro Jesse umas fotos que eu tinha tirado e tal, e ele falou tipo, "Pô, quero que você conheça o Gavin da Vice. Você tem que passar essas fotos pro Gavin". Então a primeira coisa que eu fiz pra Vice era o DOs and DON'Ts. Eu fiz todas as fotos do DOs em um mês em uma edição de muito tempo atrás. Era chamada tipo "Especial Patrick O'Dell: DOs."

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Você atualiza o seu blog Epicly Later'd o tempo todo, e parece que está sempre em festas divertidas e na companhia de garotas lindas e tal. É tudo verdade?
Não exatamente. Eu acho que o meu blog comprime todas essas coisas, então parece que todos os dias faço alguma coisa desse tipo. Na real é mais tipo uma vez por semana. Acho que minha vida parece ser muito mais interessante na internet do que realmente estar aqui sentado e fazendo coisas chatas o dia todo.

Onde você arranja essas frases estilosas, em código, que você usa pra dar nome a cada álbum de foto?
Normalmente são apenas letras de música. Não todas elas, mas a maioria. Provavelmente você pode pegar tudo isso e jogar no Google que você descobre que música que é. Mas é, algumas delas estão em código mesmo. Eu realmente estava curtindo, por um tempo, umas músicas estrangeiras. Aí eu usava o Google Translate pra descobrir sobre o que a música se tratava, e então usava a letra da música. Às vezes vem um inglês todo errado, mas acho que fica bacana.

Em média, quantas fotos você acha que tira por dia?
O total varia, eu nem sei. Fotos de iPhone contam?

Contam sim.
Então uma porrada. Eu tenho um iPhone e eu tenho uma câmera analógica, e estou sempre com eles na mão. Eu costumava usar uma digital—era uma Canon—mas eu acho que as fotos de iPhone já são boas o bastante. Então fico alternando entre isso e a câmera analógica. Se alguma coisa é realmente especial, uso a analógica, mas se é tipo uma placa engraçada, ou se sou eu almoçando com um amigo, aí uso o iPhone. Acho que, contando tudo, em média, talvez umas 30 fotos. Ou menos. Depende, porque tiro muito mais fotos se eu viajar de carro ou algo assim. Hoje não tirei nenhuma foto.

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Que tipo de câmera analógica você usa?
Eu gosto das point-and-shoot. Tenho várias diferentes, e acho que essas são as mais fáceis de se trabalhar. Também tenho uma de formato médio e uma SLR — acho que tenho uma de cada tipo. Mas as que coloco no meu site são as analógicas tipo point-and-shoot mesmo.

Como você começou a gostar de fotografia? Foi por andar de skate?
Talvez, mas acho que comecei a gostar de fotografia antes de gostar de skate. Tenho certeza que comecei a gostar das duas coisas quando estava no colegial. Acho que mergulhei de cabeça naquela ideia de skatista. Sabe, você começa a andar de skate e aí você começa a curtir arte e música e esse tipo de coisa, mas fotografia é algo que realmente sempre fiz.

A sua foto da edição de Natureza-Morta é bem depressiva. No que você gastou toda a sua grana?
Aquela foto é velha. É quando eu tinha acabado de começar o meu site. A Amy Kellner tinha o site dela, o Teenage Unicorn — acho que aquela foto foi tirada em 2004, na época que eu vivia em Nova York e saía na balada bem mais do que hoje em dia. Aquela foto é provavelmente de uma Canon Elph que tinha 1.5 megapixel, o que é mais ou menos o que um iPhone é hoje em dia. Nunca tive uma câmera digital, mas a Amy falava, "Você precisa de uma câmera digital." Então comprei tudo o que eu precisava pra manter o meu site. Provavelmente gastava toda a minha grana em bebida e a câmera com a qual acabei tirando essa foto. Era tipo uma câmera de US$ 300.

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Então essa foto foi tirada em Nova York?
Isso, acho que numa delicatessen perto da Katz (famosa deli de NY) e uma pizzaria. Fui lá pra tirar dinheiro no caixa eletrônico e não tinha saldo suficiente, mas juro por Deus, no recibo estava escrito que eu tinha tipo 15 dólares, e o caixa só dava nota de 20.

É péssimo quando acontece isso, tem dinheiro na conta, mas não o suficiente pra tirar no caixa eletrônico.
Pois é. Pensei na hora, "o que eu tiver na conta, eu vou gastar". Então fui numa adega e comprei uma garrafinha de jager, que custava só 13 ou 14 dólares.

Qual sua foto favorita da edição de Natureza-Morta?
Nenhuma, não vi a revista ainda.

A gente não te mandou uma cópia?
Não. Acho que nem assino mais a revista. E outra, acabei de me mudar e acho que todas as minhas assinaturas ainda vão para a casa antiga. Preciso dar uma olhada e te responder isso aí. Quero ver a revista, me parece ser um conceito muito interessante.

Ah, é bem interessante sim.
É, é uma boa idéia. Não tem como fazer a mesma coisa todo ano. Teve uma edição de fotos em que o Jesse, a Amy e eu trabalhamos. Não sei se é a mesma coisa hoje em dia, mas a gente colocava um retrato de cada fotógrafo na página de colaboradores, e o Jesse disse pra fazer piada, "Eles tem que estar pelados". Ele tava meio brincando, mas quanto mais a gente pensava nisso, mais a gente dizia, "Boa idéia, porque eles podem interpretar isso da maneira que quiserem. Eles podem realmente ficar pelados na foto, ou eles podem brincar com a idéia disso". Era tipo um exercício de fotografia: estar pelado. Então a gente fez isso mesmo, e muitos dos fotógrafos tomaram a idéia a sério e fizeram coisas bem interessantes. Acho que foi muito similar à edição de Natureza-Morta na maneira que foi também um exercício, tipo, "OK fotógrafo, manda aí sua melhor fotografia em que não apareça nada vivo". Gosto disso. Gosto de ver o que as pessoas acabam fazendo.

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Você teve que tirar uma foto sua pelado?
Não, eu não estava nessa porque como era editor de foto, não ia me incluir naquela edição. Me pareceu uma idéia estúpida, tipo, "Ei, olha pra mim!".

Muito modesto da sua parte. Se você tivesse que dar uma olhada na sala onde você está agora e tirar uma foto ou algo assim, do que seria?
Tenho uma cadela que está sentada aqui de pernas cruzadas. Ela senta tão elegantemente com uma perna em cima da outra que fica muito bonitinha. Hmmm, OK, não oficialmente, antes de falar da cadela eu ia falar que eu tenho essa foto do Jerry Hsu pendurada. Seria bacana de tirar uma foto dela, mas aí eu lembrei que roubei essa foto da Vice. Na verdade, não roubei.

Sei…
Foi depois de uma exposição que fizemos com o Jerry, e todas as fotos foram impressas e pagas pela Vice, mas no final da exposição o Gavin pegou uma pra ele, eu peguei outra, e o Jerry pegou umas duas de volta. Algumas ficaram na redação, mas lá era tipo terra-sem-lei, tipo, "de quem são essas fotos?". Então perguntei pro Jerry se eu podia pegar uma e ele falou, "Ah, pega aí".

Acho que essa história não deveria ficar em off.
Eu não quero que o Suroosh venha e fale tipo, "opa, é minha!"

Tudo bem, vai.
OK, pode ser oficial então. Mas se roubarem isso de mim, vou ficar puto.

Eu duvido que alguém vá até LA só pra pegar essa foto de você.
Eu imagino um fiscal da Vice ou alguém do tipo aparecendo por aqui. Mas aí eles teriam que ir até o Gavin também, porque sei que ele também pegou uma foto.

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Isso aí, ferra ele também.
Claro, porque tinha umas 25 fotos na exposição, e acho que na redação sobraram tipo seis. Muitas delas foram afanadas de algum jeito. Mas não é roubo se eu admitir.

Não sei se isso é verdade.
Bom, agora estou revelando e pedindo desculpas. Então espero que eles entendam e me deixem ficar com a foto.

Aliás, a gente acabou de fazer outra exposição com o Jerry, e ele deixou um monte de fotos espalhadas pela redação.
Você deveria ter roubado essas fotos.

Não tente me comprometer também. Bom, então é ou a cachorra fofa, de perna cruzada, ou a foto da foto roubada do Jerry?
Com certeza a foto roubada do Jerry.

JONATHAN SMITH VICE US
TRADUÇÃO POR: EQUIPE VICE BR