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Música

Trocamos uma Ideia com a Neneh Cherry Sobre Trabalhar com o Four Tet

E sobre o novo álbum ‘Blank Project’, sobre fazer rap com o Four Tet e o sonho de trabalhar com o Madlib.

A Neneh Cherry já foi e ainda é uma das pessoas mais bacanas do mundo. Quando ela virou uma estrela global, ela tinha 25 anos. Nessa época ela frequentava a noite pós-punk de Nova York como o The Mudd Club, foi backing vocal da banda punk só de minas The Slits, discotecou na rádio pirata DBC, participou de um episódio da série britânica The Young Ones, e ainda andou junto com Ray Petri, o pai do movimento “Buffalo” dos anos 80.

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Até hoje a Neneh Cherry tem aquela aura desencanada. Qualquer um poderia imaginar que ela está bem tranquila vivendo da grana dos royalties de “Buffalo Stance”, trilha do programa do Jamie Oliver. Mas, como ela pontuou durante nossa entrevista, ela tem estado bem ocupada. Afinal cuidar da família, formar bandas com o Cameron McVey, fazer mixes para a Pacha e para o clube parisiense Panik, gravar com o duo de jazz RocketNumberNine e com um tal de Kieran Hebden (também conhecido como Four Tet).

Em abril do ano passado, Neneh subiu no seu Soundcloud um som produzido com o Four Tete chamado “Nina”. A coisa te pega de surpresa; um percussionista nervoso se encontra com uma veterana do pop que por sua vez troca poesias com o Afrika Baby Bam, do duo de hip-hop dos anos 90 Jungle Brothers. A parceria entre uma artista com o peso da Neneh com o Four Tet pode ter soado como uma grande viagem para quem não é familiarizado com o som dele. Mas ao olhar pros quase 25 anos de carreira dela, o perfil de artista com interesse na música eletrônica vem à tona.

Nós conversamos com ela sobre a decisão de lançar o Blank Project, seu primeiro álbum solo em quase vinte anos, sobre ter gravado o álbum em cinco dias e sobre ter visto o MF DOOM sem sua clássica máscara. E como dissemos antes, ela é muito mais bacana que a maioria das pessoas.

THUMP: O que você está fazendo agora?
Neneh Cherry: Eu estou indo me trancar no meu quarto vago-barra-escritório para conseguir um pouco de paz e tranquilidade para, uhn, fazer minha cabeça funcionar. Estou tomando um gole de chá gelado.

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Parece bom.
Sim! É um chá gelado e tem ele é bem gostoso.

Então, você está curtindo os últimos momentos caseiros, antes que tudo vire uma correria por conta do álbum?
Na verdade eu já estou na correria. Amanhã eu vou pra Londres – estou em Estocolmo agora – e eu trabalhei o dia todo então nesse minuto estou curtindo um “momento casa”. Assim que eu terminar de conversar com você, vou arrumar minha mala, depois vou ficar um pouco com a minha filha e volto pra descansar um pouco mais. Eu normalmente tento ter esse tempo em casa – são horas insanas até que eu possa colocar uma calça de moletom e ficar de boa por um tempo, só relaxando. Acho que eu sempre fui assim. Eu faço a parte burocrática, de trabalho e corro para fazer alguma outra coisa normal.

Eu vi essa última foto que você fez pra revista W -
Ah, é…?

- Sim a que você está usando a camiseta Buffalo, que é muito fera. Aquela camiseta era original?
Sim, era do Ray Petri.

Eu ia te perguntar se tem mais de onde veio aquela.
Era do próprio Ray aquela. A Judy Blame que pensou naquele visual para a foto. E foi engraçado, porque nós tínhamos feito toda uma sessão de fotos com outras roupas e outra maquiagem… E aquela vibe, com a jaqueta do Christopher Shannon e a camiseta Buffalo, foi meio que de última hora. Eu nem sabia que a Judy tinha aquela camiseta lá. É engraçado que vira e mexe isso rola: você acha que já terminou e faz uma última coisa com o que tem de tempo restante e às vezes essa coisa fica incrível. Por exemplo, a primeira faixa do Blank Project, “Hands Across the Water”, foi a última coisa que gravamos do álbum todo. Nós achávamos que já tínhamos terminado e aí “Não, temos que gravar essa faixa”, e ela acabou sendo a música que abre o disco.

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Então foi tipo um desses momentos espontâneos que rolam?
Sim! Na realidade nós fizemos o que tínhamos que fazer e só. Foi ideia do Cameron [McVey um parceiro e colaborador dela de longa data] – claro. Ele é a melhor pessoa insistente que eu conheço. Ele ficou tipo “Não deixe passar. Vai lá e faz essa faixa.”. E nós tínhamos acabado de fazer a última faixa do álbum, “Everything”, e o Kieran já mixava cada faixa assim que terminávamos de fazê-las. Eu nunca trabalhei com alguém que fizesse dessa maneira.

Enquanto tudo ainda estava fresco, ele ia lá, mixava e masterizava tudo. Então nós entramos na sala de captação com o Tom e o Bem do RocketNumberNine e fizemos a música. Esse som não é um dos que eu montei junto com os caras do RocketNumberNine. Essa era uma que eu escrevi junto com o Cam, em cima de uma base do Kieran. Nós a montamos ali no estúdio mesmo, eram nove da noite e estávamos meio que “Ah, já terminamos quase tudo, vamos fazer mais essa.”.

Eu acho que é possível ouvir a pegada de improviso em “Everything”, onde os barulhos entram e saem, mudanças de andamento e dá para te ouvir rindo. Como esse processo começou? A faixa que você lançou ano passado, “Nina”, parece uma espécie de precursora desse estilo, mas ainda parece menos solta que “Everything”.

Bom, ali foi uma coisa diferente. “Nina” é uma faixa do Kieran. Eu encontrei com ele mais ou menos na mesma época que o The Cherry Thing saiu.

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Essa foi pro álbum remix, o The Cherry Thing Remixes? [O Four Tet remixou o cover do Suicide “Dream Baby Dream”.]
Na verdade, foi pouco antes disso. Eu não acho que ele fez como um remix. Nós basicamente conversamos sobre fazer algo juntos e ele me mandou umas bases, e uma delas virou a “Nina”. Era um dia ensolarado em Estocolmo e ele apareceu… O Baby Bam do Jungle Brothers estava aqui para ver uma mulher. Eu trombei com ele no avião vindo de Londres. Foi tão aleatório. Depois de tantos anos ele meio que reapareceu na minha vida.

Eu, o Cameron e o Paul Simm – que por sinal escreveu uma grande parte do álbum – estávamos usando o estúdio do meu irmão. E nós colamos lá. O Baby Bam estava improvisando e eu improvisei algumas coisas em cima do que ele estava fazendo. Mandamos pro Kieran e eu me esqueci dessa faixa. Aí depois de um tempo estávamos em Woodstock, em Nova York, gravando o álbum. Ele chegou em mim e disse “E aí, ouviu? Eu mixei, acho que ficou legal.” Ele mandou pro Gilles Peterson que tocou ela pro público. Então essa faixa foi uma coisa completamente separada. A maneira como as coisas aconteceram com o RocketNumberNine foi com uma pegada de improviso. Pra mim, o álbum ficou mais real quando eles entraram na jogada. Nós já tínhamos as músicas, mas eles trouxeram a festa pra gente. A conexão ficou com o Kieran.

Você já os conhecia antes do Roseland/ Metropolis 12” que eles gravaram com o Kieran?
Não. Eu fui conhecê-los bem depois e me apaixonei completamente. As pessoas que estavam escrevendo as músicas do álbum também, eu o Paul e o Cameron assim como o Robert Harder, que produziu o The Cherry Thing… Nós já estávamos falando sobre como esse álbum precisava ser gravado ao vivo. Queríamos sair dessa coisa de fazer um disco de estúdio com os sons e os produtores mais atuais.

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O que estava gerando a alma e vitalidade do processo era justamente o fato de ser mais flexível. Estava tudo um pouco mais cru e, ouso dizer, mais experimental. Eu acho que foi muito importante para o álbum ser impulsionado pela música eletrônica. Os RocketNumberNine são como eles são. Eles tocam muito bem, pesado, alto e legal – eles eram as peças que faltavam do quebra-cabeça.

Nós fizemos uma apresentação pro Gilles Peterson na Koko no Worldwide Awards, aí fizemos outra também pro Gilles, em um evento de snowboarding ou algo assim, em Kuklos. Aí a coisa engatou. Nós continuamos a mandar músicas pros RocketNumberNine sem nenhuma pré-produção, só o material cru: as letras pras músicas, então a música seria uma coisa totalmente RocketNumberNine. Não seria eles sendo anulados por outra coisa.

Tem uma coisa brusca no que eles fazem. Pra mim, é como se eles dessem às músicas a essência que elas estavam desesperadamente esperando. Nós ensaiamos muito antes de ficar os cinco dias com o Kieran. Assim nós seríamos capazes de fazer o que queríamos sem precisar ficar tropeçando nos mesmos obstáculos. A maior parte das músicas foi feita em duas ou três tentativas, aí nós escolhíamos a que curtíamos – e normalmente era bem visível qual que tinha a pegada que queríamos. E muitas vezes era isso. “Everything” e “422” acho que fizemos de primeira.

Você e o Kieran podiam ter feito todo esse processo via internet, podiam ter mandado e recebido as versões das músicas. Você achou que essa relação de trabalho foi uma reação a esse processo facilitador da tecnologia de fazer as coisas?
Sim, eu acho que levando em consideração o que era, o material cru que era quando chegava ao RocketNumberNine… Era muito sobre não fazer as coisas pelo mundo virtual. É muito mais sobre como fazer as coisas de um jeito old school. Tipo, montar o equipamento, plugar e tocar as músicas. Tudo foi guiado por uma pegada futurista, mas foi feito do jeito que tinha que ser. Nunca pensamos em fazer de qualquer outra maneira. Desde o início foi tipo… “Quando o Kieran vai ter tempo livre?” Onde, quando, como? Quando aparecesse uma folga de uma semana, era a semana que iríamos fazer. Tínhamos cinco dias, nem um dia a mais.

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Uau.
E eu acho que o Kieran, claro que eu não posso falar por ele, mas eu acho que ele não queria gravar o álbum de qualquer jeito. Só o fato de ele ter topado gravar o disco foi uma honra para mim. Ele só faz coisas que está a fim de fazer, capturando-as em sua forma mais crua, no seu tempo e no seu espaço, sabe? Chega a ser engraçado, porque foi como uma gravação das antigas. O estúdio é uma igreja que foi convertida nos anos 70. Então a pegada foi meio Crosby Stills & Nash, com direito a sentarmos todos os dias de manhã na varanda e ficarmos olhando pras árvores. Nós saíamos pra comer alguma coisa e logo voltávamos pra mandar ver no disco. Não tinha nada daquele ruído que todo mundo trás pras nossas vidas com telefones, alvoroço e confusão.

Cinco dias deve ter sido de longe o período mais curto que você já fez um álbum.
Sim. Quer dizer, com o Rip Rig + Panic, a primeira banda que eu participei, o primeiro álbum e talvez o segundo também, acho que foram gravados em um dia. Mas os outros discos não foram assim, com certeza, esses consumiram um tempo de outra maneira. Eu acho que quando você topa fazer uma coisa assim você tem que se entregar, no bom sentido, a você mesmo. É muito fácil ir contra isso, mas eu me senti totalmente acompanhada e protegida pelo Ben e pelo Tom do RocketNumberNine e sempre botei fé no Kieran.

Tiveram coisas que eu ouvi e achei que estavam uma merda total, aí chegava e questionava. E o Kieran falava “Tá, vamos ouvir. Não, tá ótimo, deixa assim.”. Não que eu não confiasse nele, mas eu ficava desesperada de ouvir de novo, porque eu só conseguia dar atenção às falhas. Mesmo porque elas estão ali. Não é um pedaço de trabalho limpo e polido. Tudo que foi feito está lá, e foi feito pra estar lá. Mas no final das contas eu demorei um mês pra ouvir o álbum pronto…

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Foi muito estranho olhar de volta pro que foi feito?
Isso foi outra forma de se entregar. Quando decidimos fazer esse álbum era pra ser um disco colaborativo – e é uma colaboração – mas que acabou se tornando meu álbum solo. Eu acho que todo mundo caiu em retrospecto que era uma coisa pessoal, mas obviamente é uma colaboração. E nós não sabíamos ao certo como chamaríamos essa colaboração, se seria Neneh Cherry e RocketNumberNine, por exemplo. O que pra mim é o que o projeto é. Mas rolou uma coisa nessa “proteção” que eles me deram que fez eu me sentir totalmente à vontade. E foi isso que transformou numa coisa pessoal. Eu sinto muito orgulho desse disco, se é que se pode dizer isso sem soar egocêntrica.

Você tem a sensação de que faz muito tempo desde que você lançou um álbum que tenha sido fruto de um esforço puramente solo?
Sabe, eu sempre senti que, por saber como as coisas acontecem, que tudo não passa de uma série de colaborações. E nada disso teria acontecido se eu não tivesse as pessoas certas, no lugar certo, na hora certa. Nem o Raw Like Sushi ou o Homebrew teriam rolado. E nem parece que foi há tanto tempo assim! Isso é uma coisa engraçada com o tempo, é relativo. Eu tive minha filha mais nova, Mabel, na mesma época que o Man saiu (em 1996) e se ela não estivesse prestes a fazer dezoito anos, eu poderia muito bem dizer que foi há uns sete ou oito anos atrás.

Mas eu acho que isso também tem a ver com o fato de que sempre existiu um fio condutor nisso tudo. Não é que eu tenha ficado sem fazer nada nos últimos dezessete anos, na real eu fiz um monte de coisas. Eu estive trabalhando e optei por fazer vários trabalhos colaborativos. O Cameron, um cara chamado Matt Karmil e eu tínhamos um projeto chamado CirKus, que tocamos por um tempo e que era bem legal. Fazer parte de uma banda é uma parada bem legal.

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Vocês fizeram um mix bem legal para o club Panik em Paris, como CirKus, né?
Sim! Isso mesmo!

Você também fez um mix solo para uma compilação da Pacha, mais ou menos nessa mesma época, né? Fazer colaborações te ajudaram a se libertar e fazer coisas como esse mix?
Sim, com certeza. Eu acho que isso foi uma coisa muito importante, foi um jeito de eu me soltar. E foi também uma parte de amadurecimento, sabe? Você precisa evoluir. Claro que sempre tem uma parte do que você faz que acaba se repetindo, mas ficar na zona de conforto é muito mais fácil. Ficar só fazendo coisas em que eu não era o centro das atenções ou que eu não era o personagem principal tem sido algo bem volátil. Mas depois de um tempo eu vi que eu estava pronta pra partir para o projeto solo, para fazer esse disco. O The Thing veio primeiro, depois este, mas eu já estava me sentindo ansiosa. Se eu não o fizesse agora, acho que eu ia ficar louca.

Na entrevista que você deu pra Pitchfork você declarou que nostalgia não era algo que você queria revisitar, algo que você não queria se acostumar.
Não. Eu acho – eu acho que todos nós temos lembranças boas e ruins. Eu tenho várias coisas que eu curto relembrar, e tem umas coisas que, tipo, me acordam no meio da noite e me assustam muito. Eu tenho ver que eu não posso mudar mais nada disso. Eu tenho que deixar pra trás e seguir em frente. E eu também não posso recriar ou repetir uma coisa que já passou, então não rola reinventar, tem que seguir em frente mesmo. E eu acho que pra mim, fazer as coisas de uma maneira mais simples, passou a fazer mais sentido nos últimos dez anos. Voltar atrás para uma coisa na sua forma mais crua é bem punk. Mas sem nostalgia, por favor.

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Analisando a sua carreira até hoje, você sempre pareceu à frente do seu tempo. Você misturou gêneros neste disco, e, noRaw Like Sushi, você mixou um monte de sons de club… Você sente que não foi dado o devido mérito a você por ter misturado tantos estilos tão cedo?
Não, eu não acho isso. Às vezes irrita um pouco não ser só uma coisa, tipo: “Ah, eu vou fazer hip-hop, ah, eu vou fazer, sei lá…” Eu acho que eu só me encontrei agora, por ter trabalhado com as pessoas certas e com os sons certos. Eu não acho que eu tenha recebido menos do que eu já recebi.

Sim, isso é uma maneira saudável de ver as coisas.
Não é? E eu acho que eu recebi muito mais mérito do que eu podia sequer imaginar. É assim, obrigada, mas eu ainda não terminei. Eu ainda estou aprendendo tanto! E isso é o melhor, é o mais foda. Eu estou num momento em que eu posso realmente aprender porque eu estou bem menos consciente sobre as minhas falhas. Eu acho que eu posso pegar uma coisa e projetá-la de novo de uma maneira muito melhor. Quando eu estava trabalhando com o The Thing, eu fui jogada no poder do som e na liberdade de experimentar e tocar. Que eu acho que foi uma coisa que nós fizemos uns com os outros, naquele projeto. Conseguir isso de novo, com o RocketNumberNine, num ambiente solto foi um aprendizado para mim. Foi gratificante.

Você sabe se o DOOM ouviu o cover do “Accordion” que vocês fizeram?
Neneh Cherry: Eu acho que sim! Eu encontrei com ele…

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Com ou sem a máscara?
Ambos. Mas eu acho que ele ouviu, tenho quase certeza que sim. Mas vou perguntar na próxima vez que eu encontrar com ele.

O que o Madlib achou dos mixes que você fez pra Pacha e pra Panik? Você já estava mandando muito nessa cena de beat de Los Angeles. Você se interessaria em trabalhar com isso?
Sabe, eu adoraria fazer alguma coisa com o Madlib. Eu queria levá-lo até a minha casa na Suécia, e fazer ele samplear minha coleção de discos, que eu cresci ouvindo, para fazer um álbum. Minha filha Naima pira nessa ideia, ela sempre fica tipo “Isso seria incrível!”. Nós temos uma coleção de discos pesada, do meu pai e que passa por várias épocas. Eu precisaria ver se um dia poderia concretizar isso. É um sonho, mas às vezes sonhos se realizam.

E depois desse álbum, o que você planeja fazer?
Acho que eu vou esperar pra ver. Acho que eu vou tentar convencer o Kieran a fazer uma faixa de rap, isso foi uma coisa que chegamos a pensar em fazer. Mas foi uma dessas ideias que rolam no calor do momento. Depois nós íamos sair para fazer várias apresentações e coisas do tipo. Nós vamos tocar no final de fevereiro em Londres, depois Paris e aí Berlim. E devemos fazer um monte de festivais no verão.

E essa ideia do rap com o Kieran vai ser uma coisa solo ou…?
Não, não é nada oficial ainda. É só uma ideia, vamos ver o que rola. É só uma coisa que conversamos e que gostaríamos de fazer, então vamos ver se rola de fazermos mesmo. Ver se vira.

Você poderia pegar esses vocais crus e quadrados que você fez na Blank Project pra isso.
É engraçado, porque tínhamos uma outra versão dessa música e que não tínhamos curtido. Aí a gente não estava ligando muito enquanto estava ensaiando. Aí o Ben sampleou meu vocal, alterou a velocidade e pronto, fez a música.

Você se vê discotecando de novo?
Eu acho que vou tocar semana que vem em Londres! Eu sinto que deveria fazer isso mais vezes, porque eu tenho essa coisa que me dá um pânico e eu fico pensando demais. Quando eu estou em casa tocando meus discos, fica de boa, mas eu preciso dar uma desencanada quando toco em festa, porque eu curto tocar. É muito inspirador tocar discos, é um bom exercício de certa maneira.

Quão diferente é de quando você tocava na DBC (Dread Broadcast Corporation, normalmente considerada uma das primeiras rádios de black music)?
DBC! Eu costumava emendar um disco de hip-hop em um do Sun Ra, com “Jungle Boogie” do Kool and the Gang, tocava aleatoriamente Coltrane, ou reggae antigo.Era bem chiado e tecnicamente devia ser zoado, mas nós tocávamos músicas boas!E eu prefiro discotecar quando não preciso ser responsável por manter umas cem pessoas na pista. Eu prefiro tocar em uma sala e se as pessoas começarem a dançar, ótimo. Mas você não é responsável pelo final de semana das pessoas, comigo não rola!

Tipo, você não vai mandar uns traps só pra trazer todo mundo de volta pra pista?
Não, nem.

O álbum novo da Neneh Cherry, o Blank Project, saiu dia 23 de fevereiro, pela Smalltown Supersound.

Você pode seguir o Daniel Montesinos-Donaghy no Twitter aqui: @danielmondon

Esse artigo foi originalmente publicado pelos nossos primos ingleses do THUMP.