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Música

Um Sobrevivente dos Ataques ao Bataclan em Paris Conta Sua História

O engenheiro Rodrigue Mercier fala sobre a noite de horror – e como voltar ao trabalho na música (num show do Boogarins) ajudou a seguir em frente.

A foto que Rodrigue Mercier postou no Facebook na manhã de sábado para informar à família e aos amigos que ele estava bem.

Uma semana e meia atrás, você provavelmente estava conversando com amigos pelo celular e arrumando alguma coisa para fazer na noite de sexta, vendo quem topava, onde se encontrariam, a que horas – e nem por um instante poderia imaginar que estava prestes a cair, com o resto do planeta, em um mundo feito de horror, histeria e incompreensão. Eu passei a última noite de sexta no Café De La Danse, uma casa a poucos passos de distância do show do Eagles of Death Metal no Le Bataclan, onde ocorreu um dos atentatos em Paris. Ao final da noite, 130 pessoas haviam sido assassinadas. Perdi amigos, colegas e conhecidos.

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Por esse motivo e muitos outros, decidi não falar sobre os ataques em Paris no Noisey França. Eu estava sofrendo, mas as famílias e amigos das vítimas estavam literalmente devastados, e nada parecia ser relevante e nem mesmo decente naquela hora. Não queria acrescentar mais uma camada de ruído aos sons estridentes das mídias sociais.

Compreenda que esse evento terrível aconteceu em casa, em meio às ruas em que todos nós passamos incontáveis noites e madrugadas. O silêncio parecia ser nossa única opção – ao menos por enquanto. Até que Rodrigue Mercier entrou em contato comigo.

Sobrevivente do ataque ao Bataclan, Mercier é um engenheiro de som de 26 anos que muitas vezes encontro em shows em Paris. Ele queria contar sua história, uma semana após o acontecido, examinar o que aconteceu e como sua vida mudou, longe do frenesi midiático. Ele me disse que recusou dezenas de pedidos de entrevistas e queria conversar comigo. Fui encontrá-lo na noite de quinta (19), uma semana após os ataques, e, naquele momento, ainda não tinha certeza de se publicaria um artigo. Voltando para casa, nossa conversa foi tão poderosa que sabia que precisava contar a história dele. Não porque ele esteja contando parte do que aconteceu naquela noite, mas porque é a história de alguém para quem a música é um trabalho, alguém que acabou de superar um desafio que o esmagou; que não quer abrir mão da vida e de sua paixão, e que gostaria que as coisas seguissem em frente. Assim como todos nós.

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Veja o que o Eagles of Death Metal contou sobre os ataques terroristas de Paris

Noisey: Oi, Rodrigue. Você poderia se apresentar?
Rodrigue Mercier: Sou um engenheiro de som de 26 anos e moro em Montreuil [uma cidade colada à divisa leste de Paris]. Ouço rock alternativo desde criança, e já faz um bom tempo que acompanho o EODM. Vi um show deles pela primeira vez em 2005, no Le Trabendo, e devo ter comparecido a tipo uns nove shows deles desde então. É uma das minhas bandas favoritas.

Então você estava no Bataclan sexta à noite para ver o show deles, não para trabalhar.
Total. Já trabalhei algumas vezes no Le Bataclan, mas trabalho principalmente no La Mecanique Ondulatoire, e, desde setembro deste ano, no Le Klub. Passo a maior parte do meu tempo em casas de show.

E como transcorreu aquela noite?
Comprei meu ingresso no último minuto: seis da tarde de sexta-feira, na página do evento no Facebook, de uma garota que estava vendendo o dela. De início, a ideia era eu ir com alguns amigos, mas só eu acabei indo. Durante o show da banda que estava abrindo, fui ao bar que fica ali do lado para tomar uns drinques. Pensando agora, uma coisa esquisita aconteceu – é só um detalhe, mas achei marcante: durante toda a hora que antecedeu o ataque, eu ouvi repetindo direto uma faixa do primeiro disco do Soulsaver, "Longest Day". A letra diz: “This must be the door to take / I’ve nowhere left to run / I wanna run / I better run now / Run / As far as I can.” ("Deve ser essa a porta / Não tenho mais para onde correr / Quero correr / Melhor eu correr agora / Correr / O mais longe possível.")

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Então eu cheguei no Le Bataclan minutos antes do EODM começar o show. Tudo estava indo bem. Eu estava na primeira fileira, super feliz. Em alguma hora lá, eles tocaram uma faixa do disco mais recente da qual eu não gostava muito, então saí para pegar um drinque. Na outra extremidade do bar, vi alguns amigos conversando. Não queria interromper, e achei que, de qualquer forma, toparia com eles novamente aquela noite. A banda então tocou uma outra faixa da qual eu não gostava muito, então fiquei no fundão, perto da cabine de som.

E aí eles começaram a tocar "Kiss the Devil", uma das minhas músicas prediletas, o que me fez ir correndo lá pra frente. Um instante depois ouvi… um barulho, eu não sabia o que era, e pensando com cabeça de profissional, imediatamente me ocorreu que fosse um defeito na caixa de injeção direta (que é usada para equilibrar a impedância de um instrumento elétrico numa mesa de mixagem) no palco. Barulhos de estalo, muito breves e nítidos. A primeira coisa que me ocorreu foi virar e olhar para a cabine de som pensando tipo "que porra é essa, camaradas?" Mas também estava sentindo pena do engenheiro de som, porque é muito ruim quando isso acontece.

Do nada, a banda parou de tocar. E o ruído continuou. O que senti na hora, e nunca vou esquecer, foi o silêncio absoluto que se fez. Não sei se isso foi só a minha percepção ou se de fato foi o que aconteceu, mas esse silêncio foi aterrorizante. Ninguém gritava, ninguém dizia uma palavra. Não havia som nenhum, exceto pelos estalos. Achei que fossem fogos de artifício, porque parecia os que a gente costumava soltar na infância, que tinham som de metralhadora.

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Olhei para trás de novo, tentando entender o que estava acontecendo, mas ainda estava tudo escuro. Então, de repente, religaram as luzes. Me virei e vi um monte de pessoas caídas no chão da pista. Eu ainda estava em pé, e, por reflexo, me encolhi – não dava para deitar no chão, não havia espaço. Na mesma hora, me dei conta de que havia alguém disparando uma arma de fogo. Ainda havia silêncio. Mas comecei a ouvir o impacto de balas. Eles estavam matando pessoas. Ao acaso, não miravam em ninguém.

Eles estavam literalmente soltando rajadas por todo o auditório. O sujeito ao meu lado foi baleado. Eu não o conhecia, mas tínhamos passado a maior parte do show perto um do outro. Em algum momento, ele tinha acendido um cigarro lá dentro, o que me deu muita vontade de fumar também, então acabei acendendo um. Lá estava eu, imóvel, mas entendendo que a coisa não ia parar, pensando que eu tinha que fazer alguma coisa se quisesse sair vivo dali. Olhei para cima e vi a luz da saída de emergência, pertinho de mim, a tipo uns sete ou oito metros. Aquela era a única saída.

Como você conseguiu chegar à porta?
Estava todo mundo no chão, mas eu não sabia se estavam rastejando para sair dali ou se já estavam mortos. Tinha muito sangue. Era impossível saber. Como eu não queria empurrar ninguém e as pessoas já estavam no chão, literalmente pulei pela porta de um impulso só, saltando por cima das pessoas. Perdi os meus óculos e pousei do lado de fora, na rua Amelot. Até agora não voltei a ligar a TV, e desde sexta não sei das notícias. Então, para ser sincero, não sei o que aconteceu depois disso, mas tenho quase certeza de que os caras começaram a disparar as armas deles em direção à rua.

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Foi isso mesmo, eles começaram a atirar na rua. Nessa hora, você tinha saído. O que você fez? Começou a correr imediatamente?
Saí andando, confuso e desorientado, e aí olhei para trás e vi aquele cara que tentava sair do prédio ser abatido a tiros. Então comecei a correr em zigue-zague, mais rápido do que nunca. Não sei se foi porque corri incrivelmente rápido ou se só por causa do medo, mas senti mesmo que estava prestes a ter um ataque cardíaco. E ainda me considero uma pessoa em forma. Atrás de mim, eu conseguia ver as pessoas parando e ficando por ali, achando que estavam em segurança. Gritei dizendo que não parassem, que tentassem chegar às ruas em volta, e se escondessem onde possível. Cruzei a rua Amelot, saí no boulevard Beaumarchais, e lá meu primeiro instinto foi chamar um táxi para que eu pudesse levar comigo o máximo de gente. E aí me dei conta de que tinha perdido meu celular também, e estava sozinho. Depois de alguns segundos, um casal apareceu, e entramos num restaurante ali perto. Lá, um monte de pessoas, que estavam jantando à luz de velas, num ambiente chique e aconchegante, me viram entrar todo esbaforido, vestido igualzinho estou agora, todo de jeans e com boné de time de beisebol – desde sexta não troco de roupa, para falar a verdade – com mais um casal. A garota estava ensopada de sangue; ela carregava o namorado, que tinha levado um tiro. Uma bala passara de raspão por sua têmpora, e outra atravessara o lóbulo. Ele literalmente estivera no meio de duas balas.

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As pessoas do restaurante entenderam o que estava acontecendo?
O proprietário e os funcionários nos deixaram entrar sem nem piscar o olho, mas também não pararam o que estavam fazendo. Ficamos todos lá na cozinha, encolhidos, aterrorizados, enquanto eles gritavam "costelas de cordeiro para a mesa quatro, pronto!" e coisas do tipo. Eles não faziam a menor ideia do que estava acontecendo.

Era uma noite de sexta em Paris. Provavelmente acharam que fosse só alguma briga ou assalto.
Com certeza. Alguma hora, aquela cliente do restaurante, ela devia ter uns 20, 22 anos, com cara de aluna exemplar, começou a fazer um monte de perguntas absurdas: "Ah, houve um atentado a tiros", "Tiros como? Tipo com armas de verdade mesmo?" E daí virou um Carnaval, com as perguntas mais idiotas do mundo. A gente só desejava uma coisa: que eles deixassem entrar outros sobreviventes, fechassem a porra da porta, e descessem as portas de metal.

Quanto tempo levou até a polícia aparecer?
25 ou 30 minutos. Primeiro vieram os bombeiros, e levaram o Will, o cara que estava ferido. Fiquei lá com Morgan, a namorada dele, um garoto que não falava nada, e uma mãe que procurava a filha, que estava no show e lhe mandara uma mensagem de texto, dizendo que escapara mas também que vira sua melhor amiga morrer na sua frente. E, à nossa volta, todas aquelas pessoas sem a menor noção do que estava ocorrendo.

Você não teve vontade de ir embora?
Sim. Mas a Morgan estava entrando em pânico, aquele cara estava incapaz de falar qualquer coisa, e a mulher estava petrificada. Senti que precisava continuar sendo objetivo. Disse para mim mesmo: "Não entre em pânico". No fundo, eu estava aterrorizado, mas não podia ceder. Minha primeira reação foi pedir aos cozinheiros que me arranjassem alguma bebida forte para acalmar os nervos. Também disse a mim mesmo que, se os atiradores voltassem para me matar, melhor que eu estivesse bêbado. [Risos]

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E você ficou assim por muito tempo?
Não me lembro. Eu percebi várias coisas. [Ele tira do bolso um caderninho preto.] Ainda tenho o meu diário comigo, e escrevi algumas coisas conforme o tempo ia passando. Escrevi frases… coisas que não queria esquecer. Primeiro, houve o momento horrível em que o dono do restaurante quis nos expulsar de lá.

Sério?
Sim. Mas ele não foi muito peremptório. Era tipo como se estivesse prestes a fechar. Outra coisa que ficou na minha cabeça foi que nas redes sociais as pessoas começaram a falar que estava tudo acabado no Bataclan às 00:20. Estávamos a cerca de cem metros de lá, e vimos que os policiais estavam ficando inquietos. Não parecia que tinha acabado, que estávamos em segurança. Foi nessa hora que tive vontade de sair.

Para onde você quis ir?
Eu tinha amigos no 18º arrondissement. Tinha marcado de encontrar com eles depois do show. De repente, essa era a única vontade que eu tinha: ir me encontrar com eles. Mesmo que para isso tivesse que ir a pé até lá, eu tinha que sair dali. Peguei um celular emprestado, loguei no Facebook e avisei para eles. Foi aí que vi que eu tinha tipo 170 notificações e 50 mensagens. Só mandei uma mensagem para eles dizendo: "Esperem por mim, estou indo". Também avisei aos meus pais que estava tudo bem comigo; pedi que minha mãe postasse alguma coisa no Facebook para informar todo mundo. Então eu saí.

Tipo, saiu e pronto?
Foi isso que eu imaginei que faria, o que foi um pouco ingênuo da minha parte. A Morgan queria ir para o hospital Lariboisière, que ficava no caminho: era lá que estava o namorado dela. Achamos que simplesmente iríamos para lá. Só quando saímos nos demos conta do que estava acontecendo. As forças de segurança tinham montado o centro de operações perto da gente. As ruas estavam lotadas de policiais, e assim que botamos o pé para fora, um deles nos mandou voltar. Dissemos que o proprietário estava querendo fechar. Ele só respondeu: "Ainda não acabou, voltem para dentro". Não parecia real aquilo. Por um lado, o chef quer colocar você pra fora, por outro um policial diz que você pode tomar um tiro a qualquer momento. Estávamos abandonados mesmo. Foi só às 2:45 da manhã que nos disseram que podíamos sair; a polícia nos escoltou de volta ao prédio da prefeitura do 11º arrondissement. Lá, a Cruz Vermelha cuidou da gente. Foi nesse momento que entendi que tinha tido muita, muita sorte; conversando com aquela gente toda que tinha escapado, e cujos rostos eu vira nas ruas ou durante o show. Algumas delas tinham perdido pessoas próximas, ou foram feitas de refém, ou ficaram trancadas atrás de uma porta.

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Você ainda queria ir encontrar seus amigos?
Sim, mas me disseram para ficar. Finalmente saí para fumar um cigarro num lugar reservado, e vi tipo umas 50 câmeras e uma porrada de fotógrafos virando na minha direção. Eles ficaram chamando "ei, queremos falar com você." Mais tarde, na mesma noite, táxis e ambulâncias nos levaram de volta para casa, dependendo de onde cada um morava. A primeira coisa que fiz depois de chegar foi ligar para minha mãe e pedir que ela viesse me buscar.

Uma semana depois, como você está se sentindo?
Minha sensação é de que hoje ainda é sexta, como se o tempo tivesse parado.

É meio como eu me sinto também. Quando decidi largar as redes sociais e retomar o trabalho, tudo foi voltando ao normal. Você está no set hoje para a gravação de um clipe – quando foi que voltou ao trabalho?
Não demorou muito. Quarta-feira agora, no Klub. Estava marcado de trabalhar num show na noite de domingo, e se não tivessem cancelado, acho que teria ido. Sábado foi um dia horrendo; eu literalmente não conseguia sair. Só andamos de carro – e só quando havia uma porta por perto. Teve uma hora em que eu tive um ataque de pânico, na frente de um mendigo que pediu dinheiro. A mesma coisa aconteceu depois, quando vi um soldado com a arma dele. Hoje parece um pouco ridículo, mas na hora foi um pesadelo de verdade.

Você também me contou, antes de começarmos a entrevista, que foi ao Trabendo ver o Kadavar na noite de terça. Como foi lá?
Foi bom, exceto por duas coisas. Primeiro, quando vi que havia uma câmera da televisão pública lá dentro. Gritei com eles, perguntando o que estavam fazendo. Explicaram que estavam seguindo o The Shrine por uma semana, e que não estavam presentes quando os ataques ocorreram. Segundo, ao final do show, quando acenderam as luzes, eu não parava de olhar para a saída de emergência e para quem estava à minha volta. Basicamente, eu me sentia feliz de estar ali, porém não estava lá por inteiro – ao menos não na minha cabeça. Porém, fico contente de ter ido.

Você falou da reação que teve diante das câmeras. Como você reage quando vê tudo o que está acontecendo na mídia, nas redes sociais? Quando você me contactou, foi uma das primeiras coisas que mencionou.
Eu me recuso a assistir ao noticiário. Com as redes sociais, é diferente; preciso entrar de tempos em tempos para falar com os meus amigos, já que não tenho mais um celular. O que acontece lá está além do que eu poderia imaginar. Topei com uma fotografia do Bataclan… Não tive palavras para expressar o que senti. Se os jornalistas usam, é justo, embora seja uma decisão questionável. Mas as pessoas compartilharem aquilo no Facebook, aqui na França… Ou um vídeo que fizeram dos tiros. Eu estava lá, e não quero voltar. Não vejo por que alguém quereria.

Estamos em um ponto em que simplesmente fazemos algum ruído, mesmo que não tenhamos nada que valha a pena ser dito.
É exatamente assim que eu me sinto. As pessoas são afetadas, claro. Gostaria que parassem de falar do assunto desse jeito. Outro dia eu estava num táxi, e o motorista, que era muçulmano, me falou de como os muçulmanos eram rotulados de fundamentalistas. Eu respondi: "não se preocupe, as pessoas não são imbecis", embora, por dentro, eu sentisse vontade de berrar: "Cala essa porra dessa boca. Para de falar sobre isso. Cala a boca, porra. Todo mundo cala a boca."

Por que você quis falar do assunto hoje?
Porque senti que era o momento de colocar tudo pra fora. Cheguei num ponto em que isso estava quebrando as minhas bolas, e preciso superar isso.

O que você vê acontecendo nas próximas semanas?
O show em que trabalhei na noite de quarta foi de uma banda brasileira. [n. da E.: era o Boogarins, em turnê europeia] O empresário de turnê deles veio me ver quando a banda subiu no palco, para dizer que o engenheiro de som dele tinha ficado no hotel, nos subúrbios, e não queria chegar nem perto de Paris. Foi nesse momento que eu disse a mim mesmo que 1) Vir trabalhar fora a coisa certa a fazer e 2) Não queria que ninguém pensasse de mim o que eu estava pensando daquele cara naquela hora, ele lá trancafiado no hotel. O que eu digo para mim mesmo – e posso estar errando muito feio – é que o que aconteceu comigo pode acontecer a qualquer um, em qualquer lugar. Todos os dias, as pessoas perdem entes queridos em acidentes de trânsito. A melhor amiga da minha amiga acabou de cometer suicídio, mas ela está aqui trabalhando comigo hoje. Fiquei só com um hematoma grande por conta do salto até a saída de emergência. Tenho sorte de estar aqui, de continuar trabalhando. Meu trabalho é estar numa casa de shows e tomar conta do som, então é isso que eu vou fazer. Precisamos seguir em frente. É disso que todos precisamos.

Lelo Jimmy Batista é o editor do Noisey França. Siga-o no Twitter.