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Tecnologia

Como as Gravadoras Conseguiram Afundar o Groovershark

Apesar de ter encontrado uma brecha na lei, o Groovershark não deve sobreviver.

O Groovershark finalmente perdeu um grande processo no tribunal para as gravadoras, mas não porque estava hospedando milhões de músicas sem autorização. O motivo: seus fundadores foram pegos porque, quando eles estavam criando o serviço, eles mesmos estavam subindo algumas dessas músicas.

Antes de existir o Spotify, havia o Groovershark, um site de streaming de música que, apesar de todos os desafios legais, de alguma forma conseguia fazer você ouvir qualquer música que você poderia imaginar, de graça.

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De cara, o serviço parece abertamente ilícito: todas as músicas que você pode ouvir são postadas por algum usuário e claramente não há autorização para a maioria delas.

Mas o Groovershark conseguiu tirar vantagem de uma brecha da Lei de Direitos Autorais dos EUA, o Digital Millennium Copyright Act, que diz que sites não são responsáveis pelo material de direito autoral postado por seus usuários, desde que o site remova o conteúdo ilegal quando o criador emitir um pedido.

Você podia ouvir até as músicas mais punks no Groovershark. Crédito: Grooveshark

Então o Groovershark começou a jogar um grande jogo de caça com as gravadoras: elas emitiram um pedido, o Groovershark removia a música e então outra pessoa fazia o upload da mesma música. O Groovershark continuava ganhando milhões com propaganda com algumas das maiores marcas do mundo (a empresa inclusive se defendeu com sucesso do tribunal nesses parâmetros).

Mas as gravadoras eventualmente perceberam, quando tudo começou a crescer (e talvez mais recentemente), que empregados do Groovershark, incluindo os fundadores, Samuel Tarantino e Joshua Greenberg, fizeram upload de conteúdo para o serviço.

Claro que isso destruiu o "porto seguro" da Groovershark, sentenciou ontem Thomas Griesa, um juiz de Nova York. Tarantino e Greenberg podem ter que pagar milhões de dólares por danos.

Isso nos leva a um dilema sobre o ovo e a galinha. Assim como o Reddit, que ganhou popularidade às custas de muitas contas pirateadas por seus fundadores, o Groovershark fez crescer sua biblioteca inicial às custas das coleções ilegais de músicas dos seus empregados.

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Enquanto o Groovershark parece ter encontrado uma brecha na lei de direitos autorais estadunidense, eles só conseguiram explorar isso fazendo um serviço que muitas pessoas gostariam de usar. E transformou o Groovershark em um serviço popular ilegalmente. Um post feito por Greenberg em um fórum interno da empresa enviado aos empregados em 2007 citava a seguinte decisão:

"Por favor, dividam o máximo de músicas possível fora do escritório e deixem seus computadores ligados sempre que puderem. Esse primeiro conteúdo é o que vai nos ajudar a começar nossa rede – é muito importante que todos ajudem! Se você tiver espaço disponível no seu drive do computador, eu encorajo firmemente que preencha-o com toda a música que você puder encontrar. Faça download do máximo de MP3 possível e coloque nos arquivos que vocês estão compartilhando no Groovershark."

O Groovershark teria se popularizado sem esse empurrão inicial? Provavelmente não, mas é difícil afirmar. Em todo caso, o Groovershark ainda funciona hoje, mas eu não acho que ele vá sobreviver por muito tempo, considerando como, ano passado, Tarantino disse que estava "quebrado" e considerando que esse processo deve custar sete vezes mais que a empresa.

Com o Spotify, Rdio, Beatd e outras maneiras razoavelmente pagáveis de serviços de streaming gratuito por aí, você não vai deixar cair uma lágrima agora que o Groovershark deve ir à falência. Mas olhando para trás, até que vivemos tempos bons, não?

Tradução: Letícia Naísa