O camionista é um figura mitológica na música americana, mas não há muitas canções country sobre camionistas africanos, embora eles sejam igualmente viris. Às costas carregam o peso do desenvolvimento económico de um continente inteiro. Mas fazer comércio na África ocidental é difícil porque, por um lado, as potências europeias dividiram aquilo como se fossem fatias de um bolo, originando fronteiras que não fazem sentido, e, por outro, os governos pós-coloniais que se seguiram eram absurdamente corruptos. Aqui é possível cruzar três ou quatro países entre o ponto de partida e o de chegada. E de cada vez em que isso acontece, é preciso sobreviver ao dantesco processo alfandegário, às intimidações de suborno e aos ladrões. Uma viagem que na Europa levaria algumas horas, demora dias ou semanas. Cada paragem não planeada custa tempo, dinheiro e gasolina, inflaccionando o preço dos produtos transportados. E depois ainda há a sida, a animação lateral da profissão. Fomos tirar esta reputação ambígua a limpo, apanhando umas boleias entre o ponto A e o ponto A e meio.