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ceca

Abre a pestana, tana

Todos os vimaranenses têm problemas de vista.

Todos os vimaranenses têm problemas de vista. É um problema ocular que passa pelo coração, porque o orgulho de pertencer a esta cidade faz que, quando se pede a qualquer pessoa de Guimarães que mostre a sua visão da cidade, ela é sempre magnífica, incrível, fantástica. É como aquelas cenas dos namorados, quando ele diz que ela é a mais linda do mundo e ela responde, isso é dos teus olhos, cala-te e chupa. Para termos uma visão diferente da coisa, a Capital Europeia da Cultura proporcionou-nos alguns olhares estrangeiros, com filmes realizados por cineastas de outros países, dentro do projecto Histórias de Guimarães, onde Pedro Costa e Manoel de Oliveira também estão envolvidos. É daquelas situações giras, onde os estrangeiros descobrem que Portugal não é só o Galo de Barcelos, carros de bois e mulheres de buço e assim, este mês é de realçar o trabalho de dois realizadores, Victor Erice e Aki Kaurismaki, que abriram a pestana para Guimarães e filmaram dois trabalhos. O filme de Victor Erice chama-se Vidros Partidos e fala sobre a memória do que foi a possante indústria têxtil; já Kaurusmaki retrata um solitário tasqueiro do centro histórico de Guimarães no filme O Tasqueiro. Estamos a falar de um filme nostálgico, mas que tem vinho à mistura, que cria logo mais interesse à volta do assunto. Assim, se não gostarem de cinema, mas gostarem do tema que o cineasta finlandês meteu ao barulho, deixo-vos aqui o plano perfeito. Percam-se pelas ruas da cidade. Façam um rali das tascas em Guimarães. Se quiserem dar um jeito poético. É só agarrar em qualquer livro de Herberto Hélder, Florbela Espanca ou nas páginas amarelas. A cada malga de verde tinto, ou caneca de receita que beberem, têm de ler uma frase. Acreditem que, passadas cinco tascas, sentir-se-ão os gajos mais cultos do mundo e vão ganhar outro olhar, garantido, garantido!