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Entretenimento

Por que as pessoas não cansam de passar vergonha no Baile da Vogue?

Convidados do baile pré-Carnaval da revista de moda brasileira insistem em usar fantasias que remetem ao racismo e à inferiorização da cultura brasileira.
Print que rolou nas redes sociais hoje e claro que já foi deletado. 

A comemoração do baile anual de Carnaval da Vogue Brasil está para além da reunião da elite da moda e protagonistas das colunas sociais deste país. Considerado o Met Gala tupiniquim, o festão da elite acontece como esquenta de Carnaval, e nele, seus convidados se enfeitam com base no tema escolhido pelo editorial de moda versão brasileira.

Este ano, a inspiração veio baseada no clássico hino musical “Divino Maravilhoso”, composição de Caetano Veloso e Gilberto Gil, fortemente difundida pela gravação de Gal Costa. A ideia, a priori, é uma celebração da cultura brasileira e sua diversidade, valorizando a pluralidade que este país e seu povo tem a oferecer.

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Festejos à parte, existe uma parcela de distorção do que se entende como cultura brasileira e diversidade quando se fala de Brasil para o mais estrelado e seleto público da moda, entretenimento e elitista. E isso não é de hoje. Todos os anos fantasias de entidade religiosa de matriz africana, funkeiros (rolando um blackface descarado), camareiras e alusão à escravidão por meio da moda aparecem naturalmente inspirando a composição de alguns looks do grande baile.

Ai gente, sério isso, em 2018? Já não basta lá em 2012, quando a modelo Ana Claudia Michels colou no baile de camareira e já não foi legal? Muito menos em 2016 quando o tema foi África e rolou convidada com blackface.

Esse povo cheio da grana leva um ano inteiro para pensar em qual look arrasar (ou pisar) melhor no tapete vermelho, um monte de gente ajudando na montação e acontece isso? Tá difícil o acesso na internet para dar aquela busca no Google e saber qual fantasiar vai hitar sem apelo?

Fica aqui a sugestão de quem parcela em mais de 10 vezes no cartão: não seria mais legal dar uma pesquisada antes e usar de um bom embasamento a composição de um look que respeite e valorize a verdadeira diversidade brasileira? Não tem ninguém pra dar um toque? Amigo, a gente sabe que vocês têm, mas todos devem achar lindo essas besteiras. No aguardo para que ano que vem a gente não tenha que repetir o textão quando pairar esses looks duvidosos. Mas fica a reflexão: você pode ter toda a grana do mundo pra um vestido de gala, mas quando sua chavinha vira pro racismo você só prova que é cafona.

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