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Música

Canções que salvam vidas: Sequin

"Honey Bun", segundo single de "Born Backwards", é prá pista de dança e pró abraço aconchegado no sofá. Cheira a Verão!

Um gajo nunca está satisfeito. Se não é do cu é das calças. O que vale é que, como toda a gente sabe, há canções que salvam vidas (os Smiths cravaram-no a ouro no cancioneiro pop para toda a eternidade). Volta e meia, para que a tua vida ganhe um novo sentido e encontres a salvação possível, deixamos por aqui um desses bocadinhos de lírica e melodia (ou ruído e grunhidos selvagens, conforme a disposição) que têm a capacidade de, em pouco mais de três minutos, te salvarem. Se não a vida, pelo menos o dia.

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Um mergulho, dois mergulhos, três mergulhos, toalha. Sombra, um pouco de água, headphones, som. E a magia acontece. (Be right back) O nome dela é Miró, Ana Miró, e é desconhecida qualquer ligação familiar ao artista surrealista catalão que nasceu um pouco antes do século XX. O quadro aqui apresentado tem um encanto direccionado para uma diferente forma e movimento artístico.

Esta electrónica com marca XXI, desagua numa pop que remete o ouvinte para as geometrias adocicadas de uns Telepopmusik ou da antiga vocalista dos Moloko - a “italiana” Roisin Murphy. Através do alter-ego Sequin, Ana Miró é repetente nestas coisas de vidas, salvamentos e belas canções.

Numa carreira que percorre diversas sonoridades (bossa nova, blues e rock) e colaborações com outros projectos (como os psicadélicos Jibóia), é a solo que mostra a introspecção que recusa depressões chochas. A aliança com Xinobi ajuda a desenvolver uma ambiência que não comete excessos como se estivesse num clubbing eufórico, nem a cair no entorpecimento sentimental. Born Backwards - ver capa abaixo -, sucede ao álbum de estreia Penelope (2014), tendo pelo meio sido lançado o EP Eden (2017).

A capa do segundo longa-duração de Sequin mostra Ana Miró com um perfil a lembrar a mítica Pocahontas. (Artcover por Filipe Paes)

A cantora eborense, que se mudou para Lisboa há quase dez anos, regressa com um disco cujo título deriva da progenitora lhe ter dito que “nasceu ao contrário” cada vez que cometia uma besteira. Por falar em “Backwards”, voltemos então à toalha e a um dos temas que vão marcar os próximos meses. Nas rádios, nos bares com espírito sunset e nos automóveis que não se importam de trazer amigos e alguns grãos de areia também. Que o sol brilhe bem alto quando carregares no play.

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"Honey Bun" (ver teledisco acima) tem um pé na pista de dança, o cabelo a esvoaçar à beira do mar e clama por aquele abraço aconchegante na hora de relaxar num sofá fofinho. É o momento alto de um disco que tem mais dez músicas, com realce para "Queen", o cartão de visita com laivos de Beth Gibbons se esta fizesse uma parceria com os Hot Chip; "Loveless", indicado a gente rebelde sem causas e com look que marque pontos no tráfego congestionado do Lux; e a curta "Hentai", para quem acredite na possibilidade de um sonho a dois.

E tu, já tens quem te dê mimos neste Verão?


Born Backwards está disponível desde 4 de Maio. Sequin actua no Salão Brazil, em Coimbra, a 26 de Maio. Em Junho, dia 7, é a vez do Festival Lá Fora, na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora. A 15, dá concerto no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz. Em palco, Ana Miró (voz/programações) tem a companhia de Filipe Paes (teclados), Gonçalo Duarte (guitarra) e Tiago Martins (baixo).

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