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Entretenimento

Parabéns Russ Meyer

Feliz aniversário Sr. Meyer. Espero que você esteja rodeado de anjinhas peitudas.

Esse domingo é aniversário do Russ Meyer (ele faria 88 anos) e eu vou celebrar assistindo Supervixens de novo. O filme que a maioria das pessoas associa com Meyer é aquele das strippers, Faster, Pussycat! Kill! Kill!, de 1965, mas mesmo que ele tenha lá seus méritos (sou totalmente a favor da refilmagem do Tarantino com a Tera Patrick), Supervixens é melhor.

Nenhum dos outros filmes do Meyer chega perto. Durante a filmagem, ele prometeu que seria “a soma de todos os meus outros filmes”, e é. Um road movie sobre um homem bom entrando em várias roubadas, ele traz também sete mulher lindas, fortes e peitudaças. Meyer normalmente tinha uma garota principal em seus filmes, mas dessa vez ele queria encher a tela. “Nós trazíamos uma em cada rolo”, ele explicou mais tarde, “como um novo beque. Não dá tempo de você cansar do visual ou das ações de uma garota”. Ele está certo, e funcionou: filmado em 1975 por cerca de US$90.000 (apesar de ele ter falado para as pessoas que custou US$400.000 numa tentativa de ser levado à sério, faturou quase US$18 milões nos cinemas, de longe o seu maior sucesso.

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Meyer foi um autor, fazia sua própria direção de fotografia e edição (ele foi câmera do exército durante a Segunda Guerra Mundial), e Supervixens é tipo um curta do criando vida: cheio de tridentes e bananas de dinamite, como um episódio brutalmente sexual de Papa-Léguas. Ele continuou nesse estilo, ainda que com menos sucesso, nos seus filmes seguintes, Up! e Beneath The Valley Of The Ultra-Vixens, o que fez uma galera cunhar o termo “Bustoons” (Bust = busto, toon de cartoons). Amigo e eventual colaborador de Meyer, o crítico norte-americano de cinema Roger Ebert sempre proclamou o diretor um artista pop, na tradição de Andy Warhol e de Al Capp, criador de Ferdinando.

A história tem o herói durão Clint Ramsey (Charles Pitts que hoje em dia é tenor) atravessando o deserto de carona depois de ter sido incriminado por assassinato. A trama nada mais é que uma desculpa para que ele conheça uma gostosa diferente a cada 20 minutos. Tem a Super Lorna, interpretada por Christy Hartburg (a garota incrível do poster) Super Angel, a namorada ciumenta e sangue-frio de Clint, tem uma surda-muda que o leva num passeio bem louco de bugue numas dunas, tem a jovem esposa de um velho fazendeiro, que o estupra em um celeiro.

Além do surrealismo, a outra coisa que faz com que Supervixens se destaque é uma cena de brutalidade em particular que tem um clima isso-tá-acontecendo-de-verdade. Depois que uma garota tira sarro de Charles Napier porque ele não consegue ficar de pau duro, ele a esfaqueia, joga ela numa banheira e pisa nela várias vezes antes de jogar o rádio lá dentro, eletrocutando-a e explodindo a casa. É louco, tipo o Scorsese dirigindo um video nasty dos anos 70. em 2000, a revista Los Angeles pediu que Meyer defendesse a sequencia.: “Ela tinha que aprender que não podia fazer as coisas do jeito dela”, ele disse.

Supervixens é o Meyer descontrolado. Tem tudo o que você poderia querer do reino da nudez, assim como uma narrativa convincente e atuação eficaz à sua maneira. Jack Horner, o diretor interpretado por Burt Reynold em Boogie Nights – Prazer Sem Limites, sonhou em fazer filmes pornôs com ação e tramas boas o suficiente para manter você assistindo mesmo depois das cenas de sexo. Os filmes de Meyer não são bem pornográficos mas, estruturalmente, realizam o sonho de Horner. Se as cenas de sexo fossem hardcore, os longas também funcionariam. De novo, Meyer nunca levou o sexo muito a sério: “Eu quero que meus filmes soem como comédias porque o sexo é engraçado”, disse. E Supervixens é o seu melhor trabalho.