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Salvando o Sudão do Sul

Epílogo

Corpos boiando no Nilo compõem a paisagem caótica do recém-nascido Sudão do Sul.

Foto por Tim Freccia

A VICE foi ao Sudão ver como uma das civilizações mais ricas e avançadas durante os séculos de colonialismo na África transformou-se num país castigado por golpes de Estado, ditaduras e desmandos, mergulhado numa série de conflitos intermináveis após a independência, em 1956. Nesta série de 22 capítulos, Robert Young Pelton e o fotógrafo Tim Freccia mostram de perto o que acontece num dos maiores países do continente africano, rico em petróleo e guerras, rachado ao meio em 2011, e com um futuro incerto pela frente.

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A Guerra Civil do Sudão no Sul teve início em 15 de dezembro de 2013 e não mostra nenhum sinal de abrandamento. Enquanto os EUA ameaçam lançar sanções cada vez mais severas contra qualquer um que estiver no caminho do conceito abrangente de “paz”, as forças de Riek Machar controlam grande parte do leste do país.

Depois de uma longa espera por suprimentos militares de Cartum, rebeldes nuer tomaram as áreas produtoras de petróleo em Bentiu. Malakal foi perdida e retomada, as áreas petrolíferas no Alto Nilo estão sob ataque e Jonglei está firmemente sob controle de Machar.

Campos de treinamento secretos fora de Cartum estão preparando mais unidades militares para partir em direção ao sul em apoio ao Exército Branco. A ONU estima que mais de 17 mil pessoas, principalmente membros da etnia Nuer, foram mortas, apesar de o número exato provavelmente ser muito maior, considerando os muitos corpos atirados ao Nilo.

Até o momento dessa publicação, o presidente Salva Kiir ainda senta insolentemente na capital, Juba, mas está desesperadamente buscando patrocinadores, já que o fluxo de petróleo foi interrompido novamente. Após nossa visita a Machar, alguns jornalistas conseguiram pegar voos em aviões de assistência e o entrevistaram. O líder separatista na maior parte do tempo dá respostas pré-definidas debaixo das sombras das árvores, repetindo suas exigências, enquanto Angelina Teny trabalha por acordos de paz em Adis Abeba e Nairóbi. Nenhum dos jornalistas que se encontraram com ele desde nossa viagem recebeu permissão de Machar para cobrir o Exército Branco em ação. Depois das atrocidades que eles cometeram em Malakal, seus membros foram obrigados a passar por novos treinamentos.

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Enquanto isso, os civis ainda sofrem. A ONU estima que será necessário US$ 1,27 bilhão para lidar com as consequências do desastre. Nesse momento, está faltando US$ 1 bilhão para atingir essa meta. Nesse ínterim, 3,7 milhões de sul-sudaneses correm o risco de inanição, com um milhão retirados de suas casas desde que a violência deflagrou.

A próxima encarnação da Guerra Civil no Sudão do Sul está finalmente sendo descrita como tal em manchetes, artigos e op-eds. A situação foi descrita por um editorial de abril do The New York Times como “a pior fome na África desde os anos 1980, quando centenas de milhões pereceram na Etiópia”.

Machot voltou ao trabalho na Costco. Ele está procurando alguém que publique suas memórias, e um patrocinador para o retorno ao seu local de nascimento, de maneira que ele possa continuar a salvar o Sudão do Sul.

Se você gostaria de apoiar grupos que estão trabalhando ativamente dentro das áreas rebeldes e em outras partes do país, por favor contate uma das organizações abaixo:

Médicos Sem Fronteiras

Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais

Medair

The Agency for Technical Cooperation and Development

Traduzido por: Julia Barreiro

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