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Tecnologia

​Enquanto um Astronauta Estiver no Espaço, a NASA Irá Monitorar Seu Irmão Gêmeo

É o primeiro estudo a comparar dois humanos geneticamente idênticos nestas condições.
​Crédito: NASA/Bill Ingalls

Na tarde da última sexta-feira (27), o astronauta norte-americano Scott Kelly e o astronauta russo Mikhail Kornienko partiram da Terra para passar quase um ano na Estação Espacial Internacional.

A maior parte das missões à estação espacial duram de quatro a seis meses, mas Kelly e Kornienko passarão 342 dias longe do planeta, ultrapassando o recorde anterior de tempo ã bordo da estação em uma única missão.

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Esta viagem faz parte de um estudo inédito nos efeitos à longo prazo da permanência no espaço no corpo humano – e enquanto a NASA acompanha Kelly no espaço, outros pesquisadores monitorarão também seu irmão gêmeo idêntico, Mark, astronauta aposentado, aqui na Terra. É o primeiro estudo a comparar dois humanos geneticamente idênticos nestas condições, uma colaboração entre universidade, governo e iniciativa privada.

Os pesquisadores esperam poder estudar como viagens espaciais extensas afetam astronautas física e mentalmente, criando as bases para missões ainda mais longas ao passo em que a NASA penetra cada vez mais no espaço. Viagens à Marte, por exemplo, podem levar 500 dias ou mais.

"A expedição com duração de um ano será um esforço concentrado para superação de fronteiras internacionais e tecnológicas a fim de melhorar a ciência integrada na estação", disse John Charles, gestor adjunto de ciência internacional do Programa de Pesquisa Humana da Nasa, em nota oficial.

O astronaut da NASA , Scott Kelly (esquerda) e o cosmonauta russo Mikhail Kornienko posam para foto no Johnson Space Center. Crédito: NASA/Bill Stafford

Kelly partirá às 15:42 EST com Kornienko e outro astronauta russo, Gennady Padalka. Kornienko acompanhará Kelly durante o ano, enquanto Padaka passará até seis meses na estação.

Esta viagem fará com que Kellky chegue ao cumulativo de 522 dias no espaço, superando o recorde anterior nos EUA de 381 dias. Padalka já passou 710 dias ao longo de sua carreira, e com esta missão ele definirá também novo recorde de tempo passado no espaço por um ser humano.

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A exposição a um ambiente de gravidade zero tem diversos efeitos no corpo humano, incluindo a perda de massa óssea, mudanças nos olhos e atrofia muscular. No estudo, os pesquisadores dividiram os efeitos da viagem espacial a serem monitorados em sete categorias principais: funcional, comportamental, saúde, deficiência visual, metabólico, desempenho físico, microbiano e fatores humanos. Eles estudarão tais componentes através de exames físicos e psicológicos, bem como amostrar de sangue, saliva, urina e fezes.

Os gêmeos também terão seus genes sequenciados como parte da pesquisa, o que levantou questões sobre privacidade e suscitou um debate sobre o que acontecerá se o sequenciamento relvar informações que não queira compartilhar, como por exemplo a predisposição à doenças.

"É um território novo, não temos como prever o que acontecerá", declarou à Nature Craig Kundrot, vice-chefe do programa de pesquisa humana no Johnson Space Center, em Houston, Texas.

Independente de os resultados serem divulgados ao público, os dados coletados ajudarão a NASA a melhor compreender os efeitos em humanos das viagens espaciais, com grandes implicações para o futuro da exploração espacial.

"É um passo fundamental para garantirmos a saúde e bem-estar de nossos astronautas enquanto a NASA dá outro salto monumental para a humanidade", afirmou a organização.

Tradução: Thiago "Índio" Silva