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Tecnologia

Testei a Bicicleta Inteligente do Futuro, e Ela é Bem Esperta Mesmo

Um punhado de tecnologias enfiados em uma bike para evitar que eu morra esmagado por um SUV.

Como qualquer ciclista de Toronto, sei que a bicicleta me salva da merda do transporte público, mas ela não deixa de ser potencialmente uma armadilha fatal quando eu cruzo as ruas da cidade. Então, quando a Vanhawks entrou em contato comigo para testar a nova bicicleta inteligente Valour, desenhada para, intuitivamente, sugerir caminhos e alertar contra colisões, fiquei intrigado para ver se ela poderia mesmo me impedir de ser atropelado.

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Enquanto a maioria das pessoas acopla o celular ao guidão para ver os caminhos no Google Maps, a bicicleta Valour conecta-se a um aplicativo e indica o caminho por meio de luzes piscantes de LED no guidão. Antes de subir na bicicleta, o ciclista seleciona um caminho e ela toma conta do resto, piscando à direita ou à esquerda enquanto anda. Há até mesmo um padrão de luzes para retorno, caso o ciclista perca uma indicação. É um sistema fácil de seguir, e consegui prestar atenção nas luzes com naturalidade, sem perder o foco na rua.

A própria bicicleta, feita com quadro de carbono, é levíssima. No começo, pensei que ela fosse se espatifar quando eu saltasse no banco, mas Ali Zahid, da Vanhawks, que trouxe a bicicleta sem marchas à nossa redação em Toronto, disse para eu não me preocupar, pois o quadro tem uma estrutura de carbono interna que o deixa mais forte que um quadro de carbono comum. É tão leve, que dá até para levantá-la com dois dedos.

Zahid exibindo seu filhote

Embora o sistema de navegação em LED seja a tecnologia mais visível da bicicleta, o grande poder dela está no aplicativo da Vanhawks. A empresa criou cada bicicleta para funcionar como um elo numa rede de engrenagens, automaticamente armazenando informações em um banco de dados de ruas, como qualidade do asfalto e congestionamento, baseado em aceleração e dados do GPS.

Portanto, em vez de colocar o ciclista numa rota toda esburacada, o aplicativo o redireciona para outro caminho. A rede compartilhada fica mais inteligente ainda quando há mais bicicletas Valour na rua juntando dados. Melhor ainda: uma Valour roubada pode mandar sua localização à rede, enviando mensagens a outras bicicletas com as coordenadas.

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Mas voltemos à questão de ser atropelado. O atributo mais legal da Valour é o sonar acoplado à roda de trás. Toda vez que um carro estiver no ponto cego, o sonar detecta e avisa o ciclista de sua presença com um apito na manopla correspondente, no guidão reto. (O protótipo que testei estava com um suporte para sonar pendurado na roda de trás, por conta de um eixo quebrado, mas mesmo assim funcionou muito bem.)

Na minha opinião, essa é a maior sacada da bicicleta inteligente da Vanhawks. A maioria dos ciclistas urbanos tem histórias escabrosas sobre motoristas irresponsáveis que colam na traseira e encurralam, que é a coisa mais assustadora que pode acontecer nas ruas. Qualquer coisa que me impeça de xingar os veículos ao lado, ou que me impeça ser atropelado, tem minha admiração.

O manejo da bicicleta é decente, mas às vezes os fios que conectam o sistema às rodas puxavam os guidões enquanto eu virava. Embora eu tenha testado um protótipo bem surrado, Zahid disse que as unidades comerciais – hoje disponíveis apenas no Kickstarter, na página do carro-chefe da  firma, por 1.049 dólares canadenses – terão fios internos e uma melhor funcionalidade.

Um dos pequenos suportes para sonar, na parte de trás, já caiu fora

Não sou fanático por fitness, mas o sistema também computa quantas calorias o ciclista queima e a distância da viagem. Ele também dá acesso a estatísticas em tempo real, como um “guia de Pedalada por Pedalada”, orientação da bicicleta e a velocidade atual, para pessoas que pensam que estão no Tour de France, ou que estão trabalhando para a Strava.

Apesar de ter que manter o celular carregado – um problema – para o aplicativo funcionar, a roda dianteira está ligada a um dínamo que carrega a bicicleta enquanto anda, muito semelhante a um alternador. Uma hora de pedaladas completa a carga, de acordo com Zahid.

Enquanto o modelo de negócio da Vanhawks é fazer e vender bicicletas, no futuro, consigo ver seu sistema básico aperfeiçoado em outras bicicletas. Como com qualquer startup que tem uma boa ideia, existe sempre a chance de um fabricante maior tomá-la, mas Zahid disse que, por ora, o foco principal é montar e distribuir a Valour.

Zahid também me contou que a companhia está aberta para, mais tarde, lançar o aplicativo para o público em geral. Mas isso talvez signifique abrir mão da parte mais valiosa da Valour, visto que usar o aplicativo como fonte de energia para LEDs externos numa bicicleta velha, normal, não é uma possibilidade completamente doida.

Ainda assim, tiro o chapéu para a Vanhawks. Não só criaram uma bicicleta realmente inteligente e sem soldas, como também conseguiram penetrar um mercado tradicional com concorrentes estabelecidos. E já estão mudando o jogo.

Tradução: Stephanie Fernandes