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Música

O que(m) É o Beat Genius do Skol Beats Factory?

Ele é o Laercio Schwantes aka L_cio, homem dos mil projetos musicais e guru de todas as coisas, materiais e espirituais, de produção e workshops musicais no Beats Lounge.

O músico, DJ e produtor Laercio Schwantes Iorio, conhecido no circuito pelo seu projeto solo L_cio, faz um som com referências amplas demais para ser descrito em rótulos reducionistas. Mas, quando o intuito é situar os ouvintes de primeira viagem, ele costuma dizer que transita entre as ramificações do techno, do house e do dubtechno. Há sete anos na estrada, ele é flautista de formação e vem inovando ao agregar o uso deste instrumento em suas tracks e performances ao vivo. Este ano tem sido um dos mais produtivos para ele, que acaba de lançar um EP pela Archipel e prepara um live especialmente para o selo, só com faixas inéditas. Fora isso, para este ano o produtor já tem no gatilho um trabalho com o Portable, que vai sair pelo selo Perlon.

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Laercio é também o Beat Genius do espaço Skol Beats Factory. Ele colaborou na curadoria dos artistas que vêm fazendo workshops por lá e também dá uma assistência técnica para os visitantes. Aproveitamos a deixa e conversamos com ele para entender melhor o que faz exatamente o Beat Genius e como tem rolado essa troca de conhecimentos entre artistas e público no Beats Lounge. De quebra, também deu pra sacar qual é a onda de seus outros projetos, o Gaturamo, o Lacozta e o Molar. Se liga aí:

THUMP: Pra começar queria te pedir para explicar para os leitores a sua atuação no espaço Skol Beats Factory. O que é e o que faz um Beat Genius?
L_cio: Meu trabalho é dar suporte em produção musical (com foco em música eletrônica) para os visitantes do Beats Lounge. Estou à disposição de quem passar por lá pra tirar dúvidas, ajudar em processos criativos, orientar na utilização de softwares/plugins e o que mais for preciso. Também colaborei no processo de curadoria dos artistas que farão workshops. Em algumas ocasiões, produzo e toco com os convidados. Já toquei e fiz um som lá com Dubalizer, Ale Reis e Renee Mussi e Rodrigo Coelho.

Você também é responsável pela curadoria de beats na intranet do Factory, não é? O que tem de bacana disponível pra download por lá e como funciona o esquema?
Sim! Essa é minha outra atividade como Beat Genius. Temos uma intranet no Lounge com samples, plugins freeware, tutoriais, sets, tracks e projetos de Ableton cedidos pelos convidados. Lá, quem acessar, poderá baixar todo o conteúdo, que é exclusivo! Wehbba, Bmind, Soul One e Database deixaram projetos do Ableton abertos, pra quem baixar poder entender um pouco mais como esses produtores trabalham e pensam a música.

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De tudo o que você já viu de workshops e oficinas na programação do espaço até aqui, o que rolou de mais inusitado ou relevante em sua opinião e por quê?
Todos os convidados contribuíram muito com quem estava presente. Cada um mostrou que sabe exatamente o que está fazendo e utilizam softwares e hardwares como instrumentos musicais. Dubalizer e Dom Lampa fizeram um workshop e um live de dub de tirar o chapéu (toquei flauta com eles no live - foi demais e a gravação está na intranet). Pedro Manara abriu algumas faixas de seu novo álbum, revelando algumas técnicas que ele utiliza no seu processo de gravação. Bmind falou sobre captação de sons e apresentou seu live super orgânico, além de disponibilizar um material fantástico pra download (também na intranet). Yuri, do Database, destruiu nos samplers, mostrando formas muito criativas usá-los. Seixlack, que trabalha basicamente com uma Maschine (da Native Instruments), mostrou todo potencial que pode se tirar de um único plugin. Rodrigo Coelho e seus sintetizadores modulares – tocamos juntos também. Fora isso, tivemos conversas bem legais com Renato Patriarca, Ale Reis e Renee Mussi, Ney Faustini… enfim, todos os dias tivemos algo interessante – vale a pena colar e conferir!

Você acha que esse o uso da flauta transversal às suas performances agrega um diferencial ao som eletrônico?
Sim, em meu projeto solo toco flauta transversal. Voltei a tocar flauta e comecei a inserir em minhas produções só após o Portable aka Bodycode descobrir que eu tocava esse instrumento. Ele mandou uma faixa pra mim ("A Process") e, a partir dessa track, fizemos mais algumas ("Nano Flower", "Behind") e percebi que poderia incluir na minha música também. Não sei se é a sonoridade apenas, mas também a performance ao vivo de um instrumento, na pista de dança, faz com que as pessoas percebam que tem alguém ali realmente executando música ao vivo. Tenho tocado também com um oboista da Jazz Sinfônica de SP (André Nardi) e a resposta da pista tem sido bem legal!

As referências étnicas continuam influenciando sua música?
O aspecto percussivo das manifestações étnicas africanas ainda me influenciam muito, mas não são tão evidentes no meu som como há uns três ou quatro anos. A busca do novo é essencial pra manter a vontade de produzir, mas não acho que apenas a volta ao passado promova o novo.

No que os seus outros projetos, como o Gaturamo, se diferenciam do trabalho que você produz sob o nome de L_cio?
Diferenciam-se em quase tudo. Primeiramente que o formato de apresentação é distinto: o Gaturamo não toca faixas, cria tudo ao vivo, sem presets, samples, clipes de midi … Diferente dos meus outros três projetos (L_cio, Lacozta e Molar) que têm um formato um pouco mais fechado de apresentação. Outro ponto é a parceria. No L_cio faço tudo (beats, melodias na flauta, controle de efeitos…) e no Gaturamo só me preocupo com os beats (enquanto o Pedro Zopelar, meu parceiro, cuida dos basslines, melodias e texturas). No Lacozta, eu e o Daniel nos revezamos no controle de synths e dos efeitos. No Molar, o Rodrigo Coelho cuida dos modulares (com texturas, basslines e ritmos) e eu dos beats. E, por fim, a sonoridade de cada um dos projetos é bem definida pra cada um deles. A solução é escutar e perceber essas diferenças.